Nos deparar com padrões é comum no atendimento terapêutico. Muitos pacientes chegam no self relatando incômodos com seus parceiros.

“Não casei com a família dele (a) e, sim, com meu marido (afirma a esposa, uma de minhas clientes)!” Vocês não imaginam o quanto ouço essa frase em consultório.

Combo familiar

As reclamações são diversas, sobre mãe ou pai dos filhos, cunhados e cunhadas, concunhados e concunhadas, ex-concunhados e ex-concunhadas, irmãos, sogros e, o clássico, as sogras. E, infelizmente, eu sempre tenho de decepcioná-los nessa narrativa, e digo “sim, eles vêm todos no pacote, e essa cesta é muito maior do que você imagina.”

Outra frase que meus pacientes vão reconhecer é: “se você quiser se relacionar com alguém sem passado, ou histórias, namore com algum pré-adolescente de 11 anos e, mesmo assim, terá família e algum histórico.”

Ordem do pertencimento

Quando falamos em família, para mim é inevitável falar sobre Constelação Familiar e de duas, das três Ordens do Amor, que Bert Hellinger nos ensina.

A Ordem do Pertencimento: “Todos os membros de um sistema têm o direito genuíno de continuar pertencendo a esse sistema. Isso, independentemente de seu caráter ou atitude” (Bert Hellinger)

Lei desafiante

Em todas as famílias há sempre um conflito familiar em em que um dos membros é o causador de discórdias, a pessoa que destoa, não segue regras e leis, entre tantos outros motivos. Para muitos, a solução é negar a existência desse indivíduo, para que a vida possa continuar – “você não é mais meu pai!” – por exemplo. Entretanto, excluir alguém de seu campo familiar traz consequências dolorosas.

A PNL Sistêmica contribui dizendo, em um de seus pressupostos, que “cada um faz o melhor que pode a cada momento.”

Isso não quer dizer que tenhamos de concordar, sermos cúmplices de algo ilícito, ou coisa parecia, mas sim, ele é parte da família, e você deve encontrar a maneira mais adequada de manter essa inclusão família.

Vocês não precisam ser grandes amigos, convidá-lo(a) para estar em sua casa, ou dormir com ele(a), mas sim, acontecerão eventos que ele(a) estará, e o mais importante, ele(a) faz parte da sua família, sim.

Membro fantasma

Sabe a história do membro fantasma? Quando uma pessoa precisa amputar um braço ou uma perna, e mesmo após a amputação continua a senti-la? Então, ao tentar excluir alguém do seu campo familiar, causa a mesma sensação, só que com consequências inimagináveis.

Agora, outro fato muito importante para analisar – atos ilícitos – é diferente do que eu acho que é certo ou errado, isso é crença. Então, se suas crenças são diferentes de algum familiar seu ou da família do seu parceiro(a), não há nenhum motivo para excluí-lo(a), vocês apenas pensam diferente, e devem encontrar uma maneira de respeitar a escolha do(a) outro(a), e fazer com que a crença de ambos seja respeitada. Muitas brigas – muitas mesmo -, são ocasionadas por divergências de crenças, opiniões, e isso é outro problema ainda maior.

Entre futuro e passado

A solução para isso é integrar a imagem desse ente na família, independente de suas ações. Isso vai permitir que o campo familiar flua e carregue essa dor adiante. Assim que os membros quiserem solucionar os problemas existentes, isso pode ser encontrado e trabalhado. O futuro tem garantia se o passado for bem estruturado.

Por exemplo, o aborto – espontâneo ou não – seu ou da parceira do seu parceiro, em relacionamento anterior a vocês juntos. Sim, isso nunca deve ser esquecido, ou guardado a “sete chaves”. A falta dessa informação pode atrapalhar e/ou prejudicar seus filhos com seu(sua) parceiro(a) atual. Já tive casos de doenças sérias, infertilidades e até suicídios relacionados a ocultar esse assunto. Adoções, pais falecidos, são outros assuntos omitidos com frequência, que comprometem seriamente o bem estar e o processo familiar.

Ordem da Hierarquia

A Ordem da Hierarquia: é isso que basicamente essa ordem quer dizer “Quem vem antes tem prioridade sobre quem chega depois.”(Bert Hellinger). Na minha vivência em consultório, com conflito entre casais, essa é a lei mais evidente, questionada e contrariada.

Refere-se a uma hierarquia irrevogável na família. Sim, vocês leram direito, IRREVOGÁVEIS. Em resumo, quem nasceu primeiro deve ensinar e proteger quem veio depois. Esses, por sua vez, devem respeito e obediência a quem chegou antes. Caso isso seja quebrado, o que acontece, com muita frequência, são discussões e conflitos que podem tomar conta da família original e da família atual.

Muitas pessoas estranham, sentem-se incomodadas, principalmente com a palavra obediência. “Poxa, Fabiana, em pleno século 21, e você vem falar em obediência?”

Então, não sou eu quem está falando; quem pesquisou muito, estudou muito sobre comportamento, o pai da Constelação Familiar Sistêmica, é quem diz isso. Então, acredito que valha, pelo menos, ouvir e pensar um pouco.

É notório em consultório, e na prática de uma sessão de Constelação Familiar, quando pessoas de todos os tipos, idades, sexo, religião, cultura etc. infringem essa lei e colhem as consequências.

Hereditariedade, ancestralidade e cada qual na sua função, respeitando um ao outro, os traumas, as histórias, e os processos de cada família (a sua, a dele e a de vocês) é indispensável para uma família saudável, para vocês e seus descendentes. Pensem nisso!

E mais…

Qual o seu papel?

Cada um deve ocupar a posição que lhe pertence e se ater aos princípios dela. Essa é a regra. Se você é esposa, seja esposa, e não a rival da sogra. Se você é a sogra, seja a sogra, e não a esposa do filho, ou a mãe da nora. Se você é a irmã mais velha, seja a irmã mais velha, e não a mãe do irmão, ou a filha mimada do irmão, e assim por diante.

Cada um tem o seu papel estabelecido pelo nascimento e pelas escolhas durante a vida. Ninguém vai ou deve ocupar o lugar, benefícios e responsabilidades do outro.

O único momento que isso pode, e deve ser invertido, é quando os pais envelhecem e precisam dos cuidados dos filhos – “dos filhos” – e não das noras ou genros. Claro que podem ajudar, afinal, são parceiros, mas as escolhas são dos filhos. Tomar a frente e tomar decisões para o parceiro, que não são de sua responsabilidade, é um erro terrível.

Viram como seu atual namorado (a), noivo (a), parceiro (a), vem com pacote completo?