Ao contrário do que se possa deduzir pelo nome, a Constelação Familiar Sistêmica não está relacionada ao campo da Astrologia ou Astronomia. Trata-se de um método terapêutico criado pelo psicoterapeuta e teólogo alemão Bert Hellinger, após uma série de contatos com tribos Zulus africanas, no qual ele passou a estudar os ritos e mitos desses grupos nas questões ligadas à ancestralidade e os benefícios que eles traziam aos seus descendentes.

Equilíbrio e harmonia

“Em alemão, o nome do trabalho desenvolvido por Bert Hellinger, numa tradução literal, seria ‘Colocação Familiar’, mas a tradução para o inglês foi feita de uma maneira equivocada. O termo atual nada tem a ver com estrelas, astrologia, esoterismo ou similares, mas tem uma conotação de uma representação. Por exemplo, quando você olha para o céu e vê as estrelas e planetas, eles vivem em perfeita harmonia. Esse nome Constelação acaba significando o equilíbrio de uma forma geral.

Segundo o criador da técnica, que possui mais de 84 livros publicados e traduzidos em 30 idiomas, cada pessoa pertence a uma constelação familiar que se estende ao longo de várias gerações. Além disso, os seres humanos estão conectados aos seus antepassados por meio de um campo energético. Essa conexão faz com que os familiares carreguem informações vividas por outros parentes, mesmo que eles já tenham falecido. Sendo assim, as vivências dos antepassados, bem como suas crenças, valores e traumas, formam uma memória que é passada geneticamente para os filhos, netos e bisnetos, influenciando diretamente a vida desses descendentes. Por sua vez, quando esse sistema não está em pleno equilíbrio, os membros passam a enfrentar obstáculos recorrentes, que vão se repetindo e trazem prejuízos nas questões emocionais, afetivas, comportamentais e de relacionamento.

A origem de um sofrimento

A técnica traz a possibilidade de as pessoas olharem para a própria história e compreenderem o que está gerando certos bloqueios na vida atual e que não podem ser explicados somente a partir da história pessoal. Somos todos como fios de uma rede ligados por laços históricos familiares. Cada um com a sua rede. Por meio do método, é possível identificar claramente os padrões de conduta repetitivos que perduram ao longo das gerações de uma forma inconsciente e que geram dificuldades distintas e em diferentes graus, que vão desde problemas emocionais a doenças físicas e mentais. A Constelação revela a origem de um sofrimento e mostra uma forma de solução, permitindo que a pessoa reconecte o seu fluxo evolutivo no sistema familiar. Lembrando que a técnica é uma junção de diferentes correntes, entre elas, a Psicologia, a Psicanálise, a Análise Transacional, a Hipnoterapia e a Terapia de Sistemas Familiares que, associadas a outros conceitos estudados por Hellinger, foram fundamentais para que se chegasse ao entendimento do método.

Diversos conflitos trabalhados

Uma série de questões podem ser trabalhadas na Constelação, como conflitos familiares entre pais, filhos, irmãos, tios ou avós; questões entre casais; dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas queridas ou parceiros; problemas de saúde ou financeiros; dificuldade em se comunicar, tomar decisões e até conflitos dentro do mundo empresarial entre sócios, funcionários e clientes.

A Constelação, aliás, se tornou comum em empresas, já que compreender algumas informações é essencial para identificar e eliminar problemas no ambiente organizacional no que tange aos processos, as relações e a comunicação, de modo que não interfiram nos resultados.

E mais…

Reconhecimento pelo poder público

A importância e os benefícios da constelação foram, inclusive, reconhecidos pelo poder público. Em março de 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) colocou a técnica como uma das Práticas Integrativas e Complementares ofertadas nas unidades de atendimento. Além disso, ela também está sendo aplicada na solução de conflitos em demandas jurídicas, especialmente no Direito da Família.

A utilização passou a se oficializar em alguns tribunais, reduzindo drasticamente o número de processos em que não se chegavam a um acordo.