Muitas pessoas entram em um casamento acreditando que este vai preencher todas suas necessidades sociais, financeiras, sexuais e emocionais, e este raramente é o caso. Ao discutir as diferentes expectativas antes do casamento, o casal será capaz de compreender melhor um ao outro na relação, estabelecendo uma parceria mais saudável e duradoura.

Esse é o objetivo da terapia pré-matrimonial, que ajuda casais a se prepararem para a vida complexa da vida dois. A ideia central deste tipo de terapia é facilitar o casal identificar suas fraquezas e pontos de conflito, apontando elementos que podem vir a se tornar problemas graves no futuro.

Questões trabalhadas

Alguns assuntos são frequentemente discutidos nas sessões de terapia pré-matrimonial. Estes temas não precisam ser abordados nesta ordem e seu grau de importância varia de casal para casal:

Comunicação e resolução de conflitos: qual é o estilo de comunicação de cada membro do casal? Esta comunicação é saudável ou não? Como conflitos são (ou não) resolvidos?

Expectativas e crenças com relação ao casamento: o que significa casamento para cada membro do casal? Por que querem se casar? O que acham que pode mudar após o casamento? O que significa ser um bom marido/mulher?

Crenças e valores: crenças e valores geralmente são estabelecidos na infância a partir das nossas relações com a família de origem (pai, mãe, irmãos, etc.). Visto que somos criados por famílias diferentes, crenças e valores podem variar consideravelmente, sobretudo se um dos membros do casal é de uma nacionalidade diferente.

Planos para o futuro: quais são os objetivos de vida do casal? O que querem construir? Existem planos (ou desejos) de morar em outra cidade ou país? Como planejam a aposentadoria ou velhice?

Relação com dinheiro: como serão divididas as contas do casal? Terão contas conjuntas ou separadas? Quem tomará as grandes decisões financeiras? Um dos membros do casal ganha mais do que o outro? Um gasta muito enquanto o outro é comedido? Existem dívidas?

Relação com trabalho: o trabalho é um valor importante? Quais são as aspirações de cada membro do casal com relação à carreira? Quanto tempo dedicar ao trabalho?

Filhos: ter ou não ter? Se sim, quantos ter? Qual seria o melhor momento para tê-los? Como serão educados? Que tipo de escola eles frequentarão? A família de origem (avós, tios, irmãos, etc.) participará da criação dos filhos? Ter ou não ter babá?

Divisão de tarefas domésticas e cuidados com os filhos: como serão divididas? O casal adotará papéis de gênero tradicionais ou as tarefas serão divididas de forma igualitária? E o cuidado com os filhos?

Uso de tecnologia e redes sociais: um dos membros do casal usa muito mais tecnologia do que o outro? Quanto tempo é aceitável passar no celular? Como lidar com as diferentes redes sociais?

Religião: qual é a religião de cada um? Quão religioso é cada membro do casal? Em caso de terem filhos, em qual religião estes serão criados?

Demonstrações de afeto: como cada membro do casal gosta de receber e demonstrar afeto? O que cada um espera do outro?

Sexo: o que cada membro do casal espera em termos de sexo, frequência sexual e intimidade? O casal é capaz de conversar sobre sexo abertamente? Quais são as fantasias de cada um?

Infidelidade e ciúme: o que é considerado infidelidade? Como lidar com eventuais situações de ciúme?

Relações com famílias de origem: como lidar com pais, irmãos e demais membros da família? Em caso de conflitos, como resolver? Como apoiar membros da família idosos ou doentes?

Relações com amigos e tempo que o casal passa junto: o casal passará todo seu tempo livre junto ou este será dividido com amigos e família de origem? É aceitável cada membro do casal ter amigos diferentes?

Resultados efetivos

Alguns desses tópicos podem parecer longínquos para pessoas que ainda estão na fase do planejamento da vida a dois. Mas são justamente esses pontos que são deixados para serem tratados depois que podem convergir em conflitos sérios e trazer desestrutura para a relação.

Claro que se deve pensar que as pessoas mudam com o tempo e que por essa razão as relações também são mutáveis. Tudo que se trabalha na terapia pré-matrimonial não pode ser encarado como planos infalíveis e inflexíveis. O objetivo desse tipo de terapia é nortear esses planos de um modo que seja confortável para ambos e que possa oferecer bases saudáveis para a vida a dois, pois quando o casal conhece a expectativa de ambos a respeito de tantos assuntos que serão comuns aos dois, uma série de situações de estresse pode ser evitada.

E MAIS …

Preconceito ainda existente

Na nossa sociedade, a Terapia de Casal ainda é vista com preconceito e desconfiança, e muitas pessoas acreditam que ela é um recurso apenas para casais “desesperados” ou, pior, que a terapia em si levaria ao divórcio. Nada mais longe da verdade. A Terapia de Casal e, principalmente, a Terapia Pré-Matrimonial, que ainda é pouco conhecida no Brasil, podem resultar em um profundo conhecimento de si, do outro e da relação, identificando conflitos prematuramente e evitando um desgaste desnecessário na relação.