O conhecimento e a aplicação da Neuropedagogia na educação perpassam por uma visão neurocientífica do processo de ensinar e aprender. Contribui na identificação de uma análise biopsicológica e comportamental do educando por meio dos estudos da anatomia e da tisiologia no sistema nervoso central. Explica, modela e descreve os mecanismos neuronais que sustentam os atos perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais da aprendizagem.

Sob este ponto de vista educacional, conhecer o processo da aprendizagem se tornou um novo desafio para os professores muito antes da pandemia. Com as novas configurações geradas pelos protocolos em vigor, se faz mais necessário ainda reconfigurar a sala de aula de forma que se possa promover maior convergência entre Ciência, aprendizagem, ensino e Educação.

Ecologia cognitiva

O professor, ao estabelecer as estratégias de ensino em relação ao seu conteúdo em seus planejamentos, deve estar ciente de que as suas turmas constituem uma biologia cerebral, tal qual uma verdadeira ecologia cognitiva. É preciso que o professor perceba que, neurofisiologicamente, os alunos estão com os sistemas dos sentidos biológicos muito estimulados e, por conseguinte, existe um movimento de conexões nervosas que nunca estanca.

O aprendiz atual é o Sujeito Cerebral. Este novo conceito vem surgindo com as descobertas da Neurociência nas últimas décadas. O cérebro vem se tornando, mais que um órgão, um ator social e emocional. Surgiu como único e verdadeiramente indispensável para a existência do “eu” e para definir a individualidade na pluralidade, o ser humano se tornou “sujeito cerebral”. É o estudante que argumenta, questiona e que tem autonomia em aprende. O papel do professor é provocar desafios, promover ações reflexivas e permitir o diálogo entre emoções e afetos num corpo orgânico e mental que é o “palco” destas reações.

Pelo caminho da emoção

Para garantir que as informações sejam transformadas em aprendizagem, as aulas devem ser emolduradas pela emoção, pois quando estas têm significado para a vida e vêm pelo caminho da emoção, jamais serão esquecidas. Quando o estímulo já é conhecido do sistema nervoso central, desencadeia uma lembrança; quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Assim, torna-se mais fácil compreender a aprendizagem do ponto de vista neurocientífico. Por isso é que, hoje, toda a questão de aprender torna-se inesgotável, pois se existem várias maneiras de aprender pelos circuitos neurais, têm-se diferentes maneiras de se ensinar.

Diante da criação e da elaboração do pensar, faz-se necessária a conjugação de saberes cognitivos, emocionais. Para isso, o cérebro tem de estar pronto a realizar novas conexões e, principalmente, desejar que isso ocorra, pois aprender é um ato “desejante”.

E MAIS…

É comprovado que o estresse bloqueia a aprendizagem

O novo caminho que o professor poderá percorrer a fim de despertar o interesse do estudante para as novas aprendizagens é pelas conexões afetivas e emocionais do sistema límbico, sendo estas ativadas no cérebro de recompensa. Por isso, precisam ser preservadas e respeitadas, pois são centelhas energéticas que provocam a liberação de substâncias naturais, os mensageiros químicos conhecidos como serotonina e dopamina. Eles estão relacionados à satisfação, ao prazer e ao humor. Já o estresse na sala de aula provoca a liberação de adrenalina e cortísol, substâncias que agem como bloqueadoras da aprendizagem e que alteram a fisiologia do neurônio, interrompendo as transmissões das informações das sinapses nervosas.

REFERÊNCIAS
GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B.; MANGUN, George R. Neurociência Cognitiva – A Biologia da Mente. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MACHADO A. Neuroanatomia Funcional. 2a ed. São Paulo: Atheneu; 2004.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagens para uma Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: 4- ed., WAK Editora. 2007
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação: potencialidades dos gêneros na sala de aula, 2ª ed. Rio de Janeiro: WAK Ed, 2010.