Os Neuromitos são mitos relacionados ao cérebro e que não apresentam fundamentação cientificamente comprovada. Neurologicamente falando, a anatomia do aprender envolve todo o Sistema Nervoso Central (SNC) – cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Mas, necessariamente, essas intervenções são desencadeadas com o apoio do próprio indivíduo, do ambiente ao qual está inserido e até mesmo com mudanças de estado emocional do sujeito.  

Emaranhado evolutivo

Sabe-se hoje que o sistema nervoso pode ser considerado como um emaranhado evolutivo que apresenta em sua estrutura não apenas neurônios, mas também células Glias, formando com isso uma rede neural funcional e eficiente que integra todo o corpo humano.

A atual estrutura educacional permite-nos que o conhecimento possa ser adquirido de várias formas, visto que a própria ciência da informação está presente no cotidiano vigente. Com a nova visão holística da educação, é importante estabelecer novos conceitos, ou seja, aquela que perpasse os murros escolares e adentre no universo científico.

Sem autoritarismo! O aprendizado vai muito além da forma mecânica e convencional cumprida á décadas! Estamos vivenciando isso… Ele envolve toda uma estrutura cognitiva para efetuar a aprendizagem.

Detenção do conhecimento

Para que ocorra a aquisição do conhecimento, há a necessidade da recepção das informações, além da sua codificação e armazenamento. Quando acontece o aprendizado, apropriado de determinado conhecimento, haverá a recuperação dessa, quando se fizer necessário. Porém, quando não há interesse ou importância real na informação recebida, á um declínio gradual dos fatos até o esquecimento. Porém, antes de falar sobre aprendizado, há a necessidade de estabelecer uma ligação entre a detenção do conhecimento e a memória.

Podemos começar definindo os tipos de memórias: Memória de curto prazo; de longo prazo e memória de trabalho/operacional.

No caso da memória de curto prazo, sua duração e de poucos segundos, minutos ou horas. É mais vulnerável ao esquecimento e geralmente utilizada em curtos períodos. É um agrupamento temporário das informações recebidas ou percebidas. No caso desse tipo de memória, um forte aliado seria a repetição periódica para posterior aprendizado.

A memória de longa duração pode estar presente por dias, meses ou anos. É geralmente relacionada a eventos marcantes ou significativos, por exemplo, aquisição de novos conhecimentos ou habilidades, por isso torna-se menos vulnerável ao esquecimento. Ela pode ser declarativa e não declarativa. É na memória declarativa que estão “guardados” os episódios de nossa infância, as imagens de uma viagem que fizemos há muito tempo e os conhecimentos adquiridos na escola. Já a não declarativa está associada a procedimentos motores (ações), como, tocar um instrumento, uma habilidade cognitiva (matemática, ciências); não necessariamente precisando ser verbalizada para ser lembrada. Por último, mas não menos importante, temos as características da memória de trabalho. Sua duração é ultrarrápida porque, ela nos permite armazenar uma informação apenas enquanto estamos fazendo uso dessa, ou seja, apenas enquanto certo trabalho está sendo realizado ou precisamos elaborar determinado comportamento.

Repetição e carga afetiva

O processo da memória se dá por meio da recepção das informações mediante a estímulos vindos principalmente dos órgãos do sentido. No córtex frontal, com o auxílio do hipocampo as informações são codificadas e, se necessário, reforçadas. Entretanto, para que o armazenamento dessa informação seja eficaz, deve haver repetição ou ainda, contar com uma carga afetiva, vinculada aos dados recebidos. A memória de trabalho armazena e retém temporariamente a informação enquanto uma determinada tarefa está sendo realizada, assim, dá suporte às atividades cognitivas como, por exemplo, a leitura.

Por fim, como podemos então, trabalhar o aprendizado significativo e, auxiliar a memória na execução dessa tarefa? Exercitando a memória.  Como? por meio de repetições, onde o desenvolvimento de hábitos frequentes estimula a memória e consecutivamente o aprendizado. Ainda existem fatores que podem apoiar o desempenho da memória, como: exercícios físicos constantes, boa alimentação, sono regular, além de outros elementos cognitivos como jogos da memória e cruzadinha. A busca pelo aprendizado significativo deve estar sempre associada ao desenvolvimento cognitivo do indivíduo.

Mas, quais intervenções podemos associar a um aprendizado realmente relevante? Constantemente estudos indicam a importância da qualidade do sono para que ocorra um aprendizado condizente e satisfatório. É por meio do Hipocampo e o córtex temporal medial que a memória declarativa (conhecimentos adquiridos, lembrados e utilizados conscientemente) podem ser decifradas e por fim armazenados. Como a consolidação ocorre durante o sono, os períodos de descanso ajudam a fixar o que foi aprendido e preparam o cérebro para novas associações. Enfim, noites bem dormidas podem servir para compactar e conservar informações.

Outro ponto importante é a repetição para a assimilação e solidificação do aprendizado. Vale ressaltar a relevância dos intervalos durante a aquisição do conhecimento. O mérito então, vai para atividades curtas e de resoluções vertiginosas para que não ocorra a dispersão e consequentemente a falta de interesse ao conteúdo. É considerável o papel das atividades diárias para o aprendizado, porém diversificadas e com enfoques rápidos sobre uma matéria em questão.

Novos hábitos didático-pedagógicos

As contribuições da escola, principalmente no momento pandêmico, perpassam por novas metodologias que favoreçam a concentração e estimulem o desenvolvimento do aluno. Para que isso ocorra novos hábitos didático-pedagógicos devem ser avaliados. Horários que propiciem ao aluno maior capacidade de concentração além de escalas alternados para matérias exatas e disciplinas que requeiram exercícios físicos ou dinâmicos. Programas com conteúdo de cunho em maior parte, teórico, podem ser ministradas após o intervalo ou de forma que o aluno possa interagir em grupos ou por meio de trabalhos em dupla. Quando o indivíduo está envolvido em todas as etapas que antecedem ao aprendizado, como o desenvolvimento das atividades, a colaboração na execução da mesma e finalmente a compreensão dos resultados, a concepção das ideias e o surgimento do conhecimento vão estar presentes.

Inúmeros exemplos que podem ser relacionados ao aprendizado significativo e a memória, como o uso da música, do celular, de quadros digitais, vídeos informativos, karaokês. Todos podem promover interação aos métodos de desenvolvimento do aprendizado. Buscar recursos para melhor promoção de um conteúdo pode ser considerado o gatilho para a manutenção da memória e consecutivamente o desencadear do conhecimento orientado e expressivo. Vale a pena estimular o interesse do aluno para colher sapiência e competência cognitiva fundamentada.

E MAIS…

A música motiva, sensibiliza e estimula o aprendizado cognitivo

Uma estratégia de ensino que viabiliza a aquisição do aprendizado é a música. Ela conduz a estratégias que desenvolvem a socialização cognitivo do aluno, visto que, deficiências na organização espaço temporais, acarretam dificuldades na escrita e percepção da lateralidade.

A harmonia da música gera atenção, princípio básico para que ocorra o aprendizado. Em muitos casos a música é utilizada para transmitir um conhecimento ora, de difícil compreensão, ou ainda é instrumento de socialização, onde a gera habilidades como desenvolvimento cultural e empírico.

É, inclusive, uma forma excelente de ativar ações cognitivas e até de estimular o aprendizado de áreas matemáticas por conta das métricas.

A utilização da música como recurso didático deve ser encarado como um momento de interação professor aluno, estimulando novas emoções que junto ao conhecimento, geram um aprendizado significativo. São muitos os exemplos do envolvimento da música no aprendizado para crianças e adolescentes:

  • Desenvolvimento de paródias (sobre temas relacionados às aulas, com melodias do interesse do educando onde os próprios participam do desenvolvimento da escrita, entonação – com ritmos e letras relacionadas ao conteúdo);
  • Guiar uma criança através de comandos e orientações dadas por músicas – Jogos como “a música mandou” – Qual é a música? Soletrando o título da música;
  • Utilização da música para relacionar partes e formas para construção de um labirinto, formas geométricas, figuras em 3D, virtuais.
  • A estruturação temporal também segue algumas etapas: percepção e memória (antes, durante, depois, agora) com auxílio de músicas antigas e da atualidade – Como era? Como está?
  • Classificação lógica ou cronológica (o que vem primeiro?), por meio de músicas que retratam tempo e espaço, novo e velho etc.