Dores de cabeça do tipo tensional causam dor leve a moderada – aperto, pressão surda ou sensação de aperto (como se fosse de um chapéu apertado). Um ataque de cefaléia tensional pode durar de 30 minutos a sete dias. A dor geralmente é pior nas áreas frontal e temporal, embora possa ser intensa também em outras áreas (por exemplo, parte superior do pescoço). Ao contrário das enxaquecas, as cefaleias tensionais não são significativamente exacerbadas como resultado da atividade; nem estão tipicamente associados a náuseas, vômitos ou distúrbios visuais.
Gatilhos para a cefaléia crônica
As cefaleias do tipo tensional episódicas são as cefaleias primárias mais comuns. Dores de cabeça do tipo tensional crônica – ataques em pelo menos 15 dias por mês durante três meses – são menos prevalentes (2-3%) e frequentemente associadas ao uso excessivo de medicamentos e sintomas de saúde mental (por exemplo, ansiedade e depressão).
Muitos gatilhos para dores de cabeça tensionais foram relatados: estresse psicológico, fadiga, fome, ruídos altos, falta de sono, fadiga ocular, dor no pescoço, dor na mandíbula, uso de álcool e drogas e sintomas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Fatores ambientais e genéticos
As causas das cefaleias tensionais possivelmente envolvem fatores ambientais e genéticos (especialmente no caso de cefaleias crônicas). Em termos da fisiopatologia das cefaleias tensionais episódicas, as teorias prevalentes apontam para o papel da atividade/ excitabilidade miofascial e da sensibilização dos receptores da dor. A fisiopatologia das cefaleias crônicas pode acarretar mudanças mais gerais nos circuitos da dor do sistema nervoso central e sensibilização secundária.
Os tratamentos para a cefaleia tensional incluem analgésicos simples; antiinflamatórios não esteróides (AINEs) e medicamentos combinados contendo cafeína. É importante não tomar mais medicamentos (ou com maior frequência) do que o recomendado, pois isso pode causar dores de cabeça de rebote.
As intervenções preventivas recomendadas quando as crises são frequentes ou incapacitantes consistem em antidepressivos tricíclicos amitriptilina e nortriptilina; o antidepressivo tetracíclico mirtazapina; e o inibidor da recaptação da serotonina-norepinefrina venlafaxina.
Diversas formar de tratamento
Outras intervenções, como terapia cognitivo-comportamental, biofeedback, acupuntura e injeções no ponto de gatilho também são recomendadas.
Tal como acontece com outras condições de saúde, é essencial considerar fazer mudanças no estilo de vida saudável: melhor postura, posição adequada para dormir, manutenção de acordar e dormir regulares, exercícios físicos, manter-se hidratado, comer de forma saudável, fazer alongamentos de pescoço e ombros, praticar técnicas de gerenciamento de estresse técnicas (por exemplo, meditação consciente, relaxamento, respiração profunda, yoga, massagem) e fatores ambientais modificadores (por exemplo, ruído, calor, ergonomia). Por último, é útil tratar problemas de saúde como bruxismo (ranger de dentes) que agravam as dores de cabeça tensionais.
Já as cefaleias em salvas são um tipo muito doloroso e raro de cefaleia primária (prevalência <1%; mais comum em homens). Os ataques ocorrem repentinamente e duram de 15 a 30 minutos a três horas. As cefaleias em salvas têm esse nome porque vêm em grupos, o que significa que há semanas (às vezes até meses) de cefaleias frequentes, seguidas por longos períodos de remissão sem cefaleia (meses ou anos). Durante um ciclo, a frequência de ataque varia de dias alternados a até oito vezes por dia.
Cefaleias em salvas
São caracterizadas por dor intensa (muitas vezes, sensação de latejamento intenso, sensação aguda ou ardente) em um lado da cabeça, começando acima/ atrás de um dos olhos. Isso é acompanhado por sentimentos de inquietação e agitação (por exemplo, balançar para frente e para trás, andar pela sala) e sintomas autonômicos (por exemplo, pálpebras caídas, pupilas contraídas, coriza, suor na testa, lacrimejamento excessivo, vermelhidão dos olhos e inchaço) no mesmo lado da dor de cabeça. Sintomas ocasionais de enxaqueca, incluindo sensibilidade à luz, também podem estar presentes.
Em 10% dos casos, as cefaleias em salvas episódicas tornam-se crônicas, durando um ano ou mais sem nenhum ou curtos (por exemplo, 1-2 meses) períodos sem dor. As cefaleias em salvas costumam acontecer à noite e por volta da mesma hora. Alguns gatilhos de cefaléia em salvas são luzes brilhantes, altitude elevada, aumento do calor corporal (por exemplo, clima quente), cheiros fortes, alimentos contendo nitratos, fumo e uso de drogas que dilatam os vasos sanguíneos (por exemplo, nitroglicerina, álcool). Manter um diário da dor de cabeça pode ajudar os pacientes a identificar os gatilhos que causam ou pioram as dores de cabeça, para que possam evitá-los durante os períodos de salvas.
Causas ainda complexas
A causa das dores de cabeça em salvas ainda é debatida. A fisiopatologia das cefaleias em salvas é complexa e parece envolver o hipotálamo (o relógio biológico). Uma visão sugere que a fisiopatologia da cefaleia em salvas envolve a ativação hipotalâmica do reflexo trigêmeo-autonômico (a causa dos sintomas autonômicos) e do sistema trigeminovascular no mesmo lado da cabeça.
O tratamento para cefaleias em salvas consiste em triptanos não orais, como o zolmitriptano intranasal ou o sumatriptano intranasal/ subcutâneo, que atuam estreitando os vasos sanguíneos na cabeça; inalação de oxigênio puro (vazão de até 15 litros por minuto); e estimulação do nervo vago não invasiva (para cefaleias episódicas).
A prevenção compreende o uso de bloqueadores dos canais de cálcio como verapamil; carbonato de lítio; injeções mensais de anticorpos monoclonais como galcanezumab; e estimulação do nervo vago adjuvante. Os tratamentos preventivos de curto prazo incluem esteróides, como prednisona e bloqueios do nervo occipital. Para cefaleias em salvas crônicas, a estimulação do gânglio esfenopalatino deve ser considerada.
Outras substâncias, nomeadamente a melatonina e a capsaicina, também podem ajudar, embora sejam necessárias mais pesquisas nesta área. Finalmente, como com outras condições de saúde, é importante considerar fazer mudanças no estilo de vida saudável (por exemplo, controle do estresse, evitar o uso de álcool e higiene do sono).