Analisando as transformações *filogenéticas humanas, percebemos que o cérebro e sua estrutura e morfologia estão relacionados com as atividades que foram significativas para a transformação da nossa espécie ao longo dos milhares de anos. Na natureza, não há nada tão complexo quanto o funcionamento do cérebro humano. Usamos 100% de sua capacidade e temos muitas possibilidades de estruturação de funções ainda mais complexas que serão construídas mediante as necessidades socioculturais.

Como nosso cérebro evoluiu  

A princípio, o homem tinha uma caixa craniana pequena com mandíbulas grandes para alimentação crua. Depois da descoberta do fogo, passou a ter uma caixa craniana com encéfalo maior e a mandíbula menor, o que permitiu maior desenvolvimento da inteligência. Nessa fase, o homem liberou as mãos do movimento da marcha e começou a utilizar ferramentas de trabalho para transformar a natureza.

O córtex cerebral aumentou de volume e, com ele, a possibilidade de processamento de informações por meio do pensamento e da linguagem. A socialização se tornou uma necessidade, bem como o desenvolvimento de habilidades de convivência e organização sociais.

Redes neurais muito ativas

Atualmente a estrutura do cérebro se transforma menos, mas está totalmente aberta a estímulos.

Em milhares de anos de evolução filogenética, a estrutura cerebral foi alterada em função das necessidades ambientais e culturais. Hoje, sabemos que a morfologia de nosso cérebro pouco se transforma diante de tantas inovações tecnológicas, mas a sua estrutura de funcionamento está totalmente aberta aos estímulos que recebe do ambiente e que serão os responsáveis pela consolidação das redes neurais que conduzirão a aprendizagem.

Em outras palavras, cada um de nós tem um cérebro de acordo com a sua cultura e com os desafios cognitivos que nos são colocados. Dessa forma, afirmamos que um cérebro que sofreu alguma alteração tem todas as condições de se transformar por meio dos processos de **neuroplasticidade.

E MAIS…

A habilidade do cérebro de se moldar por meio de aprendizagem e vivências

A neuroplasticidade é o que permite que o cérebro seja adaptável a mudanças, essas geradas por estímulos de aprendizado e/ou fatos vividos, inclusive traumas conscientes e inconscientes.

O caminho é feito dentro de um padrão de conexões feitas por meios dos neurônios e envolve pensamentos, emoções, comportamentos, necessidades pessoais e até mesmo o ambiente no qual o indivíduo está inserido.

A plasticidade oferece a possibilidade de novas ligações entre os neurônios (as sinapses), alterando completamente a rede de conexões.
Essa capacidade pode ser explorada para o desenvolvimento de habilidades, para o aprendizado de diversas coisas, para a quebra de crenças e padrões de comportamento e também é muito importante para a adaptação de pacientes com lesões físicas ou cerebrais.

NOTA DE RODAPÉ
* Filogenia é a história genealógica de um grupo de organismos e uma representação hipotética das relações ancestral/descendente
** Neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neuronal, refere-se à capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito a novas experiências.