Quando falamos sobre desenvolvimento humano e destacamos a infância, é preciso ter muita atenção, pois na maioria dos casos de dificuldade de aprendizagem, síndromes, transtornos ou deficiências, elas têm como causa, alguma situação decorrente da gestação ou primeira infância.
Primeira infância
Causas estas, onde algumas delas, ainda não se tem certeza, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas sabemos que o período gestacional e o ambiente proporcionado a criança durante a primeira infância, tem total contribuição no aparecimento de alguma característica, e é neste momento, onde aparecem as características, seja de TEA ou de outra deficiência, que vemos a dificuldade das famílias em aceitar e buscar ajuda. Entendemos que as famílias enfrentam as dúvidas e medos que aparecem neste momento, mas em meio a tudo isso, existe um indivíduo precisando de ajuda e tratamento.
Período gestacional
Mas para avançarmos mais neste tema, não podemos deixar de citar o período gestacional, onde podemos dizer, que é onde “tudo começa”, o pré-natal, o parto e o pós-parto. Durante a gestação, muitas situações acontecem, desde o desconhecimento da gestação pela mãe até o nascimento da criança.
Muitas anormalidades podem acontecer até a vigésima semana, período em que ocorre a formação do cérebro da criança e muitas mães não sabem que estão gestando, e desta forma, não usam ácido fólico (na dosagem correta, pois o excesso também pode causar deformidades no bebê), e muitas outras vitaminas e alimentos corretos. Ainda tem as mães que tem o hábito de fumar ou ingerir álcool e até mesmo outras drogas. Tudo isto, traz inúmeras e graves consequências para o bebê.
Durante o pré natal, os acompanhamentos médicos são de extrema importância, os exames onde mostram possíveis síndromes e/ou deficiências podem definir muitas coisas para a família.
Consequências do parto
Passado este período e chegando a hora do nascimento, vemos muitas mães na tentativa de um parto normal onde não há possibilidades de que aconteça, entram em horas e horas de tentativas sem sucesso e recorrendo ao parto cesárea. Neste momento, o bebê, em alguns casos já passou por dificuldades e terá graves sequelas, as quais vão acompanhá-lo por toda sua vida. Sem dúvida, o parto normal é saudável, mas nem todas as mulheres são agraciadas com tal facilidade. Os casos que chegam ao consultório terapêutico em sua grande parte, são crianças com dificuldades escolares, cognitivas e de comprometimento motor, decorrentes deste momento do parto. E devemos destacar que ainda temos que contar com o risco do óbito do bebê.
Nesta fase, destacam-se as fases do desenvolvimento neuropsicomotor que abrange o firmar o pescoço, o sentar sem apoio, o rolar, o engatinhar, ficar de pé e começar a andar. A fala também é importante, sendo um marco neste período.
Amadurecimento neural
E assim, vai acontecendo o amadurecimento neural do ser humano. E já nesta idade vemos as dificuldades e para muitas destas o diagnóstico e tratamento deverá ser precoce e urgente, realizado por equipes multidisciplinares que são compostas por neuropediatras, neuropsicopedagogos, neuropsicólogos, psicomotricistas, psicólogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e outras especialidades médicas que se fizer necessário no momento.
A partir daí, é preciso começar intervenções médicas e/ou terapêuticas para evolução e sucesso do indivíduo, mas lembre-se: é necessário um bom profissional para fazer a avaliação multidisciplinar e, aceitação da família, compreensão e apoio da escola e um bom médico atendo a todos os sinais e disposto a investigar.
Diagnósticos e tratamentos precoces
A intenção aqui é mostrar as características do desenvolvimento humano, para que seja possível notar quando algo sai do curso que deveria percorrer, para que sejam tomadas as devidas providências de avaliação e tratamento, pois toda e qualquer dificuldade vista na educação infantil quando não é tratada, terá seu ápice no ensino fundamental, onde os conteúdos escolares atingem maior grau de dificuldade e algumas questões de aprendizagem poderão ser mais difíceis de serem revertidas.
Por isso devemos valorizar a infância, de modo a proporcionar diagnósticos e tratamentos precoces. A cada dificuldade encontrada em uma criança, seu emocional se desequilibra e seu comportamento reflete todas as questões internas.
Etapas de evolução
Ter o conhecimento das características de cada etapa de evolução porquais o ser humano passa ao longo de sua vida, pode fazer toda a diferença na identificação precoce de um diagnóstico ou dificuldade de aprendizagem. Porém, é importante ressaltar que cada indivíduo tem seu tempo particular de desenvolvimento e as etapas apresentadas não deverão ser vistas como regra, mas sim como parâmetro referente a nossa evolução.
– Primeiro ano de vida – o marco é o desenvolvimento da parte motora dirigida à satisfação das necessidades de alimentação e postura. A criança nesta idade, já consegue focar o olhar a uma distância de 20 cm, já faz movimentos reflexivos, reconhece a mãe pelo cheiro, rosto e voz, olha para objetos grandes em movimento com conforto nítido, descobre as mãos, vira a cabeça em direção de quem a chama, produz sons e imita seus próprios sons, fica assentada com pequeno encosto, mantém a cabeça firme, segura, estende a mão para o objeto que lhe oferecem, sorri no espelho, está mais ligada ao ambiente. Brinca de esconde-esconde. Estas características são apenas algumas que devemos estar atentos ao que se mostra atípico nesta idade, pois já podem começar a aparecer os atrasos do desenvolvimento.
– Entre 1 e 2 anos – a criança ainda de mãos dadas, ela abandona o engatinhar e empurra brinquedos. Já tem preferência por alimentos, sobe e agacha, já tem preferência por alimentos, brinca de esconder, tira os sapatos, imita certas atividades dos adultos, brinca com água e areia, pede apontando o dedo, forma torres de 2 ou 3 cubos, faz garatujas, (rabiscos).
– Com 1 ano e 6 meses – seu impulso locomotor já é bem forte. Arrasta, empurra, puxa coisas para si, bate, fecha portas, pronuncia 6 palavras no mínimo. A linguagem começa a incluir frases simples, com um ano e nove meses mais ou menos. O que podemos destacar nesta idade? É importantíssimo estarmos atentos a alguma dificuldade motora e também de equilíbrio. Um psicomotricista poderá ajudar na avaliação e reabilitação caso exista algum atraso, com a ajuda de um neuropediatra em alguns casos.
– De 2 a 3 anos – neste período da vida do ser humano, nós enquanto crianças, já conseguimos correr, porém, com o corpo encurvado para a frente, para ficar de pé, primeiro levanta as nádegas e depois a cabeça. Não consegue ainda alternar os pés para descer ou subir escadas, tem maior coordenação manual. Já faz um círculo, lava e seca as mãos, briga por suas coisas, fala sozinha enquanto brinca, gosta de coisas que se movem e giram, mas com moderação, não como fixação, pois no caso de uma fixação por objetos que rodam, que fazem barulho, ou que fazem o mesmo movimento repetidas vezes, pode ser tratar de uma criança autista, mas estas são apenas algumas características do TEA, o quadro precisa ser avaliado em conjunto com com outros traços. E começar o desfralde nesta idade, é interessante, mas respeitando o amadurecimento de cada um.
– Entre 3 e 4 anos – já consegue desabotoar porque sua coordenação motora fina está mais precisa, já come sozinha, anda de triciclo, já consegue controlar bem os esfíncteres, conhece as formas geométricas básicas: círculo, quadrado, triângulo, acompanha ritmos, canta músicas pequenas inteiras, consegue distinguir a noite do dia, percebe diferenças ente meninos e meninas, amassa e desamassa, tem um amigo imaginário e adora brinquedos de ação e movimento.
– De 4 a 5 anos – as crianças já tem elevado impulso motor, onde conseguem jogar coisas para o alto, cortar com tesoura seguindo uma linha, amarra o cadarço, apoia-se em um pé só, pergunta sobre as coisas, tem curiosidades, fala mais, canta, começa a mentir e a dissimular porque começa a perceber a mentira da realidade, indaga sobre a morte, já se veste sozinha dentre outras coisas, inventa músicas, usa pincel, usa massinha e papel, dentre outras características.
– Entre 5 e 6 anos – começa a transição dos dentes de leite, tem vergonha, não se mostra sem roupa, pode ajudar nas tarefas simples de casa, chuta bola, pula em um pé só. Já começa a alternar os pés para subir escadas. Seu vocabulário já está mais rico. Consegue pensar antes de falar, consegue elaborar o pensamento. Já consegue desenhar a figura humana com detalhes, gosta de ser vista, brinca de papai e mamãe, necessita de limites, já consegue andar de bicicleta porque seu equilíbrio está mais aprimorado, gosta de correr, pular, gosta de jogos de construir, colar, desenhar, começa a se interessar por dominó ou seja, jogos com regras, gosta de esportes e tem noção de hora, mas não consegue ver horas no relógio ainda.