A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é uma das metodologias ativas de aprendizagem, cujo foco está na utilização de tarefas e desafios em grupo no sentido de construir o conhecimento baseado em um problema autêntico, uma pergunta complexa e/ou um desafio, utilizando atividades práticas e/ou a aplicação prática da informação. O fundamento, portanto, é que haja autenticidade do problema desafiador, e que este gere soluções práticas e viáveis para a vida dos alunos.

Isto requer o que é considerado a base de qualquer metodologia ativa: a participação ativa do aluno em todas as fases do processo. Este processo é, por definição, uma investigação conduzida a partir de questionamento(s) planejado(s) com o objetivo de tornar o aluno o construtor de seu conhecimento. Neste sentido, os alunos elaboram hipóteses, pesquisam e buscam recursos para conseguir chegar a uma solução para o problema, pergunta ou desafio.

O planejamento é um elemento essencial para o sucesso dessa metodologia, pois se trata de um método que une teoria e prática, tendo os alunos como protagonistas do processo. Assim, o processo requer ação concreta dos alunos, e estes são incentivados a descobrir soluções criativas e imaginativas dentro do contexto explorado, o que exige comunicação constante entre si e com o professor.

Como funciona?

Nesta metodologia, é fundamental que a postura de todos os envolvidos seja diferente do tradicional.

Ao invés de uma prática expositiva, o professor deve instigar os alunos a agirem de forma a tomarem decisões e planejarem sua atuação. O professor, então, se coloca na posição de orientador e intermediador nas decisões dos alunos, conduzindo com estes o processo.

Aos alunos cabe o trabalho de buscar e organizar os materiais teóricos e práticos para a consecução da tarefa, dentro dos objetivos de aprendizagem. Isso promove maior independência e aumenta o seu engajamento para atingir os objetivos e resultados propostos.

Para tanto, são sugeridos os três passos seguintes para aplicar a ABP:

  • Pergunta Complexa

Um problema ou desafio, normalmente na forma de uma pergunta, pode ser oferecida ou sugerida, devendo esta estar alinhada com algum objetivo de aprendizagem. Cumpre que isso seja planejado antecipadamente pela instituição de ensino e pelo professor, pois nesta etapa deve-se, inclusive, nortear a respeito das possibilidades primárias (não definitivas) das atividades a serem desenvolvidas. O nível de complexidade da pergunta deve estar alinhado ao grau de desenvolvimento dos alunos, não devendo ser fácil ou difícil demais. Pode-se também usar exemplos disponíveis em sites para que essa etapa seja conduzida com o nível de planejamento adequado, usando-se um cronograma, por exemplo.

  • Investigação

O processo de investigação é iniciado a partir da pergunta, e os alunos devem iniciar a investigação da(s) possível(eis) causa(s) e elaborar hipóteses para responder à questão, a partir do conhecimento e recursos que possuírem. Neste passo, devem elaborar táticas para resolver a questão, a partir de um plano coletivamente definido. É nesta etapa que a colaboração, a comunicação e o pensamento crítico se fazem necessários. Aqui também é fundamental que os grupos tenham liberdade de ação, para que possam escolher o caminho de forma independente. Neste ponto também o feedback e o monitoramento do professor devem ser constantes, para que se possa enriquecer a discussão e o repertório de conhecimento, bem como resolver eventuais entraves e mudanças de rumo do planejamento inicial, mantendo a motivação dos alunos em alta.

  • Solução e Apresentação

A partir da execução do plano, devem encontrar uma solução para a pergunta. A entrega dos resultados pode ser feita através de modelos de apresentação, uso de gráficos, estatísticas, aplicativos, vídeos, entre outros métodos possíveis de instrumentos, sendo estes multimídia ou não. Esta apresentação é feita para um público (normalmente a turma), tendo o professor a tarefa de avaliar conjuntamente sobre os resultados e o desempenho de cada trabalho. Para tanto, é necessário que cada grupo organize o material necessário para a apresentação, como projetor multimídia, som, cartazes, que deverão estar previamente prontos.

Aspectos positivos e negativos

Com a aplicação da ABP, pretende-se que sejam desenvolvidas diversas habilidades e competências por parte dos alunos. Pode-se inferir as seguintes:

  • Autonomia e autodescoberta
  • Curiosidade e aquisição de ideias inovadoras
  • Pensamento crítico e reflexivo
  • Trabalho colaborativo e liderança
  • Comunicação interpessoal e empatia
  • Raciocínio lógico
  • Uso de recursos tecnológicos
  • Resiliência para lidar com frustrações
  • Persistência e confiança

De uma forma geral, as pesquisas que abrangem avaliações dos alunos envolvidos na ABP ressaltam que os alunos se apresentam mais engajados e focados, em relação a métodos passivos-expositivos.  Há também relatos de aumento de interesse e maior envolvimento cognitivo, além de resultados que sugerem maior compreensão do conteúdo.

Por outro lado, os estudos não indicam uma melhora na eficácia acadêmica e na retenção imediata de conhecimento em relação a outros métodos passivos de ensino. Porém, há relatos positivos nesta comparação quanto a retenção de conhecimento em longo prazo, capacidade de resolução de problemas e transferência do aprendido para a realidade.

E MAIS…

Aspectos essenciais

Alguns pontos são essenciais para a elaboração do projeto. Veja quais são eles e como devem ser aplicados:

Pesquisa científica – os alunos precisam aprender a pesquisar em fontes confiáveis de pesquisa, além da pesquisa comum em mecanismos de busca, como o Google. O próprio Google Academics, a plataforma Scielo, além dos livros, vídeos, entrevistas e reportagens e consulta em periódicos científicos irão ampliar a visão e o entendimento do problema, bem como proporcionarão novas competências para pesquisas futuras.

Aprofundamento do conhecimento – o uso da linguagem científica, além da capacidade de ler e interpretar os dados do que foi pesquisado constituem uma enorme aquisição para os alunos. É um salto qualitativo, que normalmente só ocorre em nível de graduação e pós-graduação, mas que pode ser implementado nos níveis fundamental e médio.

Mudança de mentalidade – a instituição de ensino, bem como os professores e os alunos, deve sair do modelo tradicional de ensino. Para isso, para todos os atores da comunidade escolar, deve-se encorajar a participação em treinamentos e leituras, o que não ocorre normalmente de imediato. Deve-se repensar também o modelo de avaliação, não se podendo esquecer da adequação aos sistemas de ensino. O essencial para isso é a discussão colegiada, que envolve todos os setores da escola, representados pelo Conselho Escolar.

Avaliação – um dos pontos-chave da metodologia é a avaliação, que poderá ser feita durante o processo e/ou ao seu final. Pode-se, por exemplo, fazer com que o aluno realize uma autoavaliação, e que esta seja comparada com a avaliação docente, para que se possa verificar as convergências e divergências, e resolvê-las. É neste sentido que a avaliação pode ser tornar um elemento de aprendizagem.

Interdisciplinaridade – um dos aspectos que pode ser explorado na ABP é que o problema pode ser levantado coletivamente pelos docentes de forma que perpassem várias disciplinas, em uma forma de ensino transversal. Assim, o projeto poderia ser desenvolvido simultaneamente em formas diversas de conhecimento, auxiliando o aluno a integrar diferentes conhecimentos na resolução de problemas.

Referências
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