A Psicoembriologia estuda o comportamento e o desenvolvimento evolutivo psico-afetivo-energético-emocional do indivíduo antes do seu nascimento. Ela aponta as duas fases uterinas “fase pré-umbilical” e “fase umbilical” como as primeiras fases do desenvolvimento psicológico, contribuindo com importantes conteúdos na formação da personalidade, na auto referência e imagem, antecipando a teoria Freudiana, que intitulou a fase oral como a primeira.

Início do processo psicológico

No sentido biológico, as fases uterinas são as mais importantes e onde ocorre o início do processo psicológico. É o período de tempo que maiores transformações (em quantidade e dimensão) ocorrem em um ser humano, pois passamos de uma estrutura não visível a olho nu, o ovo, para nove meses depois estarmos nascendo com todos os órgãos formados e atuantes.

Também no aspecto psicológico, é o período que iniciamos de uma “ausência de existir” a múltiplas e elaboradas sensações, percepções, reações e ações intrauterina.

A pessoa que teve uma boa percepção e/ou vivência desta fase, é mais estruturada e não tende a apresentar carências significativas e danosas posteriores.

Cargas emocionais e energéticas

O cordão umbilical é o meio pelo qual o bebê se alimenta (portanto, o primeiro seio materno) e recebe as cargas emocionais e energéticas da mãe. É através dele que surge a inter-relação física emocional energética entre os dois.

Qualquer alteração neuro-hormonal ou humoral da mãe, decorrente a alguma perturbação emocional ou orgânica, causa aumento de determinadas substâncias na corrente sanguínea que são levadas ao feto pelo cordão umbilical, agindo diretamente no seu estado emocional, imprimindo e determinando a memória celular.

Por isso é muito importante enxergar o período gestacional com uma fase muito além da formação física de um bebê. O campo psicológico desta pessoa em desenvolvimento (e da mãe, que está em conexão direta com ele) deve ter total atenção. 

Podemos dizer que a Psicoembriologia é uma quebra dos paradigmas das teorias psicanalíticas tradicionais e uma antecipação do início do entendimento da origem da estruturação psíquica.

Fase pré-umbilical

O óvulo maduro rompe a parede do ovário para poder ser fecundado. Ocorre o aumento da temperatura corpórea, dores e cólicas como consequência desta ruptura. É o corpo anunciando e reclamando a perda, isto é, a ovulação.

É o instinto de manutenção da espécie impulsionando o desligamento, portanto o abandono do corpo da mãe, para existir e dar vida a um novo ser. É uma ruptura necessária para continuar a existir, embora para que isso aconteça seja necessário perder a característica original, isto é, perder seu código genético, que neste momento é igual à matriz.

É a transgressão da libertação que dá a possibilidade da existência do novo. Aspectos psicoemocionais da matriz favorecem ou não, a produção de hormônios que possibilitam a maturação do óvulo. São identificados que características da matriz (mãe) como resiliência, bom humor, espontaneidade, objetividade e ser dadivosa são favorecedores da maturação do óvulo e da própria ovulação, pois, não há apego ou dificuldade em se desprender, em doar (o óvulo é parte do corpo da matriz que se desprende e se perde do corpo); enquanto que matrizes com características estruturais de personalidade composta de rígidos valores morais, intelectualizarão demasiada, irritabilidade alta, egoísmo e perfeccionismo apresentam maiores dificuldades nesses processos naturais do corpo, cujo objetivo primário é a reprodução. A dificuldade inconsciente de renúncia de parte de si, para favorecer outro ser; é nada mais que a dificuldade em se desapegar.

Por sua vez, o espermatozoide, após viver o estresse da ejaculação que o retira do seu meio de forma abrupta e o projeta em um ambiente desconhecido, passa a ter que enfrentar uma luta desesperada para sobreviver, uma vez que entre milhões de espermatozoides, somente um poderá fecundar o óvulo. Todos os outros não conseguiram realizar o objetivo: a sobrevivência. 

Ao mesmo tempo, como prêmio por ser o vencedor e para continuar existindo, será necessária também a renúncia da perda das características. É a transformação radical para a manutenção do existir. O óvulo e o espermatozoide utilizam do recurso da transformação profunda, com a renúncia das características originais, como do processo de integração para manterem-se vivos e assim, possibilitar e viabilizar a vida. 

A energia de uma nova vida

Com a união dos núcleos do óvulo e do espermatozoide forma-se o amálgama cromossômico. A consequência desta união produz uma expansão dos genes que estavam comprimidos, liberando a energia necessária para o início de uma nova vida. Ocorre um micro “Big Bang” reproduzindo a teoria do início do universo e novamente gerando vida. É a fecundação. Outro universo começa a se desenvolver. O novo ser passa a ter a possibilidade de existir, mas para que isso se concretize, um longo caminho deve ser percorrido e superado, pois, a partir da fecundação, o sistema imunológico da mãe, que é o sistema de defesa natural do corpo contra invasores, percebe o ovo como um corpo estranho, porque ele é resultado da união dos genes do pai com a da mãe, portanto um novo código genético. O “corpo estranho” ou “invasores” devemos entender tudo que é o não EU, isto é, não igual ao código genético presente em todas as células deste corpo.

Com isto, o sistema autoimune é ativado, fazendo com que os anticorpos entrem em ação para defender o organismo materno. O ovo passa a ser revestido de uma membrana protetora gelatinosa, oriunda da cauda do espermatozoide, tornando-o não só resistente ao ataque destruidor, mas também propiciando melhor agilidade no deslocamento necessário.

Começa claramente a parceria e a cumplicidade com o cuidado da prole. O gameta feminino abriga e favorece a multiplicação das células do novo ser, ao mesmo tempo em que o masculino, já doador de suas características, o defende. O núcleo feminino acolhe e nutre; o masculino protege e conduz.

O caminho da vida emocional

Este ataque sofrido corresponde ao primeiro registro da matriz do sentimento de rejeição vivido pelo ser humano, além de outro intenso, o da angústia de aniquilamento, uma vez que o ovo sente energeticamente e fisicamente o risco da vida ser ameaçada. A sensação de solidão e desproteção, às vezes sentida durante toda a vida de uma pessoa, têm sua primeira vivência neste estágio.

Em aproximadamente dez dias após a concepção, um aglomerado de células em rápida multiplicação desce lentamente a trompa ao encontro de um lugar para se fixar no útero. É outro desafio a ser superado na luta pela vida, pois o ovo tem que atravessar uma abertura estreita existente na passagem entre a trompa e o útero e, num necessário e ousado salto, despenca no vazio. É um lançar-se no desconhecido, do contrário não conseguiria sobreviver, pois, fixar-se ali seria decretar sua morte e perigo para o corpo (gravidez tubária). É no arrojado projetar-se em busca de suas necessidades e da preservação da matriz, que o instinto de sobrevivência é percebido e determinante para a manutenção da vida. A sensação sentida neste momento de (menor ou maior) perigo no salto será determinante para que a pessoa apresente em sua vida características e comportamentos de ousadia, criatividade, agressividade ou de medo, insegurança e passividade.

Ocorre aqui mais um registro sensório na memória celular, que pode ser identificado nos sonhos recorrentes e universais de estar caindo e acordar assustado com a queda. Estes sonhos são identificados mais frequentemente em momentos de transição ou mudanças na vida da pessoa.

E MAIS…

A memória celular e o inconscientemente

A memória celular é a capacidade de registro que todas as células de um organismo têm de armazenar o histórico das sensações, emoções e experiências desta pessoa, e acessá-la inconscientemente quando estas informações são necessárias. Nosso corpo todo capta e registra informações e vivências e não apenas as células cerebrais como se pensava, formando assim, um grande e complexo banco de dados de nossa vida. O conceito utilizado é que a carga energética emocional imprime em todo o ser, em todas as células deste ser, sua história. Passamos, portanto, a ter não só nosso código genético que nos identifica, mas também o registro celular que nos caracteriza.

Estudos em pessoas transplantadas mostram que aqueles que recebem os órgãos começam a manifestar alguns hábitos, gostos e atitudes característicos do doador, mesmo não tendo nenhuma informação sobre quem foi esse doador. A interferência é sutil, citando um exemplo registrado: uma senhora de meia idade transplantada do coração, meses após a cirurgia, começa a se interessar em ler sobre um assunto que jamais se interessou e que não fazia parte de seu repertorio social e cultural: o alpinismo. Investigações posteriores mostraram que o doador desconhecido, um homem jovem, tinha por hobby esse esporte.

Com esta etapa superada, outro desafio decisivo surge, o da fixação no útero por meio do desenvolvimento do cordão umbilical.