Neurociência na aprendizagem escolar é um tema que muito tem a ver com o nosso cotidiano da sala de aula. Por meio de uma abordagem conceitual para essa fundamentação neurocientífica, o cérebro se torna na atualidade um mediador importante para o conhecimento do professor, educador e pais reconhecerem potencialidades e até mesmo dificuldades no aprender.

O afeto motiva o saber

Aprendemos com a cognição, mas sem dúvida alguma, aprendemos pela emoção, o desafio é unir conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem.

O cérebro é provavelmente o órgão mais fascinante do corpo humano. Ele controla tudo, da respiração até nossas emoções e inclusive nosso aprendizado.

E para o professor, conhecimentos básicos de neurociência são essenciais para seu trabalho, já que seu objetivo é proporcionar aprendizagem a seus estudantes e, de preferência, da forma mais otimizada possível.

A seguir estão alguns conceitos, dicas e curiosidades que serão extremamente úteis na hora de planejar suas aulas.

Memória e aprendizagem

Um homem sem memória é um homem sem história. A memória é o brinquedo da aprendizagem.

Se você está lendo esse artigo agora, ouvindo ruídos, sentindo cheiros… enfim é por que você possui seus sistemas biológicos integrados ao centro do cérebro, que recebe, interpreta e responde aos estímulos provocados dos ambientes, e sem dúvida envolvidos pelas memórias construídas ao longo de nossas existências.

A aprendizagem é um processo adaptativo e funcional  da memória, atenção, concentração, interesses, desejos, estímulos intrínsecos (neurotransmissores/hormônios) e extrínsecos (informações externas do ambiente) que permeiam a mente e o cérebro humano.

Formação das conexões neurais

A plasticidade cerebral é a capacidade do sistema nervoso, alterar o funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em mudanças no ambiente, através da conexão e (re) conexão das sinapses nervosas, organizando e (re) organizando as informações dos estímulos motores e sensitivos, sendo controladas por grupos especiais de neurônios (células glias).

Aprende-se com o cérebro, e todas as ações perpassam como um filme na máquina fotográfica, ou comparando a um hardware, onde vários softwares são “rodados” por meio de impulsos elétricos, e pela centelha dos afetos ou desafetos existentes e recebidos ao longo de nossas vidas.

O cérebro sozinho não possui função nenhuma, ele só estabelece um funcionamento quando em conjunto com outros sistemas que se interconectam, recebem e respondem aos estímulos para realizar um potencial de atividades elétricas e químicas.

A forma de aprender está relacionada ao recebimento de estímulos que captamos pelos nossos sentidos, esses nossos fiéis escudeiros e selecionadores de estímulos chamados canais sensoriais. Esses estímulos conhecidos como informações (som, visão, tato, gustação, olfação) chegam ao tálamo que é uma estrutura no cérebro que tem a função de receber esses estímulos e reenviá-los para áreas específicas que são responsáveis na elaboração, decodificação e associação dessas informações. O tálamo funciona como um “aeroporto” e junto com o hipotálamo, as amígdalas cerebrais (responsável pela emoção), e o hipocampo (responsável pela memória de longo prazo), promovem as lembranças e a aprendizagem significativa.

O espaço escolar

No espaço escolar a prática docente deverá ser reflexiva e não reprodutiva. O estudante ao estar na sala de aula, apenas assiste aula, o cérebro necessita de desafios coerentes, interação, participação sempre. Por isso, o professor deverá ser um fazedor, instigador de curiosidades. O cérebro é muito mais “fofoqueiro” e adora novidades. Com isso, torna-se fundamental que o ritmo da aula seja sempre emoldurada por desafios e afetividades.  

Aprender é promover novas conexões neurais, por isso sempre será necessário realizar um “up grade” dos nossos neurônios para evitar o “empobrecimento” da qualidade dos nossos pensamentos e atitudes.

E MAIS…

Somos o que vivenciamos, experimentamos e lembramos

O educador ético é aquele que está disponível, mas não exigir de seu estudante uma única maneira de posicionar-se, igual à sua, mas apontar caminhos possíveis, permitindo assim o estudante ocupar-se do seu ritmo de aprendizagem e desenvolvimento.

Por isso, concluo que o educador não deve ser o representante da verdade absoluta para seu estudante, mas um incentivador de diversas possibilidades e potencialidades, e considerando que o cérebro não é um sistema fechado, mas um sistema aberto de possibilidades.

Referências
Relvas, Marta Pires. Neurociência e Educação, gêneros e potencialidades na sala de aula. Rio de Janeiro, 2ª ed. WAK Editora, 2010.
Relvas, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação – Despertando Inteligências e Afetividade no processo da Aprendizagem. Rio de Janeiro, 5ª  edição. WAK Editora, 2010.