O Janeiro Branco é momento propício para destacar a importância da rotina à saúde mental. Segundo o mental coach e professor de meditação rajaioga Rodrigo Ambros, ter boas rotinas é o segredo do sucesso de quem cuida bem de si. “A rotina libera. A falta de rotina deixa a pessoa presa no que os outros querem que ela faça, sejam as redes sociais, sejam as solicitações urgentes, para citar alguns”, afirma.

Rodrigo é especialista em treino mental para alta performance; certificado em coaching desde 1996 pela International Coaching Community (ICC) com Joseph O’Connor; professor de meditação e qualidade de vida desde 1984 pela Brahma Kumaris; sócio-diretor da Esense Treinamentos; consultor e facilitador pela Oxford Leadership; certificado em coaching mental pela Mental Training Inc; master trainer em PNL pela Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL); e sócio da empresa de desenvolvimentos de aplicativos (apps) Studio Ambros.

Como e por que se tornou mental coach e professor de meditação rajaioga?

Minha formação técnica é na área de tecnologia da informação. Trabalhei desde 1986 em empresas de diversos portes e áreas de atuação. Desenvolvia sistemas diversos e reparava que, por mais cuidado que tivéssemos com a escolha dos recursos tecnológicos e a facilidade de uso dos sistemas, o sucesso da utilização sempre era impactado pela maneira como conduzíamos o processo com as pessoas. Comecei então a estudar mais a natureza humana, como as pessoas pensam e como se comunicam. Fiz diversos cursos e formações técnicas. Gradualmente fui migrando para a área de desenvolvimento humano e participei de diversas consultorias e empresas. Fazia treinamentos de desenvolvimento de lideranças e formação de equipes. Depois de um tempo, resolvi juntar o conhecimento que tinha como professor de meditação, pois dava aulas e palestras de meditação desde 1983, com conhecimentos de coach para ajudar profissionais de alto desempenho. Fiz uma certificação em mental coach e comecei a prestar serviços nessa área.

O que faz um mental coach e qual a importância da profissão?

Mental coach trabalha para ajudar o desenvolvimento das habilidades mentais de seus clientes. É direcionado para o alto desempenho e não trabalha com doenças mentais. Atua com atletas, profissionais e estudantes que precisam produzir resultados de qualidade em situações de alta pressão. Por exemplo, um tenista que precisa melhorar sua concentração e habilidade de lidar com o diálogo interior negativo durante um jogo importante geralmente procura o apoio de um profissional de psicologia esportiva ou mental coach. A mesma coisa para um alto executivo que precisa tomar decisões importantes e lidar com pressões e um estudante para um concurso muito disputado. Todos precisam desenvolver concentração, relaxamento, controle do diálogo interior, controle de emoções, saber lidar com o estresse e o erro entre algumas das habilidades mentais. Como o desenvolvimento dessas habilidades exige muita disciplina, não é indicado para pessoas que querem apenas saber como relaxar para lidar com uma rotina diária agitada. Para isso, indico a meditação rajaioga.

O que é a meditação rajaioga e os benefícios que traz?

Meditação rajaioga é a conexão mental amorosa com o Ser Supremo. É uma conversa pessoal com Deus. Exige também concentração, consciência correta, entendimento de quem é o Ser Supremo e algumas práticas físicas que ajudam a ter uma ótima experiência. Os benefícios já comprovados pela ciência são inúmeros, e acredito que atualmente as pessoas já sabem que ajuda na saúde física, mental e espiritual. Em um nível mais profundo, a meditação rajaioga possibilita uma transformação pessoal, desenvolvendo novos comportamentos virtuosos além de grande autocontrole. Em um nível mais básico, com certeza, ajuda relaxar na vida tão cheia de compromissos, distrações e situações difíceis. Além de ser uma experiência maravilhosa.

Qual a importância das rotinas para a saúde mental?

É a mesma importância que alimentação correta, exercícios físicos e sono adequado. Práticas como meditação diária por cinco a 30 minutos são fundamentais para a saúde mental e espiritual. As rotinas facilitam realizar essas práticas, pois já deixam o tempo, o espaço, o corpo, a mente e a atividade preparados previamente, assim o praticante parte direto para a experiência. Se tiver que arranjar tempo ou decidir o que fazer, provavelmente vai se distrair com alguma outra atividade e não vai fazer. Virá a famosa procrastinação. Assim, ter boas rotinas é o segredo do sucesso das pessoas que cuidam bem de si. A rotina libera. A falta de rotina deixa a pessoa presa no que os outros querem que ela faça, sejam as redes sociais, sejam as solicitações urgentes dos outros, para citar alguns.

Quais as consequências de não se ter rotina para a saúde mental?

Frustração e desânimo por saber que algo precisa ser feito para cuidar de si e não conseguir fazer por não ter rotinas. A falta de um bom exercício mental regular conduz à fraqueza nas horas de necessidade, pressão emocional e imprevistos, assim como falta de exercícios diminui a capacidade do organismo de resistir a doenças, variações de clima, acidentes etc. As rotinas também são um porto seguro quando a vida parece perder o rumo. Ajudam também a criar uma âncora do senso de identidade, em que o praticante pode retornar a uma boa resposta para as perguntas quem sou eu e do que sou capaz. Vamos supor que a pessoa tenha uma realização espiritual ou pessoal em um retiro ou curso e se dê conta de que é alguém muito capaz. Se ela não reforçar isso diariamente, esquecerá nos momentos de pressão, quando outras forças mentais contrárias estarão operando com muita força.

De que forma é possível se habituar a ter rotinas para promover a saúde mental?

Um pouco a cada dia. É como começar a treinar para uma maratona. Sugiro a técnica do dominó. Inclua a nova atividade dentro de outra sequência de atividades existentes. Como se fosse incluir uma peça de dominó de forma que todas peças possam cair com um só toque. Geralmente o melhor é no início do dia, quando você tem controle da sua agenda, ou no final do dia. Por exemplo, é mais fácil incluir momentos de reflexão ou meditação logo após acordar do que ao meio-dia antes do almoço. Acordar cedo é uma ótima prática. Depois de alguns dias, revise sua nova rotina: posso aumentar a duração da meditação diária? Preciso melhorar a concentração? Tão importante quanto planejar as atividades de uma rotina é a checagem para ver se está funcionando. O processo para melhoria é um ciclo simples: planejar, fazer, verificar e aprimorar. E depois repetir o processo.