O Brasil vem crescendo numa explosão demográfica significante,  não havendo uma preparação para esse salto quantitativo e qualitativo no contexto educacional. E é na escola que todas as questões relacionadas ao aumento da população torna-se evidente nas dimensões das dificuldades das apredizagens, sendo que muitas crianças e jovens desistem dos estudos acadêmicos.   .      

Não adianta muitas reformas educacionais, se o educador não modificar suas práticas pedagógicas e seus pensamentos diante da aprendizagem escolar dos educandos, pois diante desta situação estagnada, a educação continuará não atendendo às necessidades da sociedade.

Aprendizagem de idosos

Uma outra questão que precisa se rapidamente analisada para uma ação efetiva a princípio no contexto escolar, são as ferramentas educacionais específicas para aprendizagem de idosos. Para isso, o educador necessita buscar o conhecimento para lidar com as novas tendências desses cérebros de adultos com idade a aprtir dos  60+ que retornam para a escola. 

Os estudos neurocientíficos comprovam por meio das imagens cerebrais, que não existem pessoas que não aprendem, e sim, indivíduos mais ou menos estimulados diante das informações.   

Aspectos fundamentais

Para que aconteça a aprendizagem escolar, existem três aspectos fundamentais.

1 – interesse na informação, pois só se promove a atenção quando a relação subjetiva é aguçada.   

2 – atenção, o cérebro humano só aprende o que é pertinente e coerente, para estimular determinados neurônios a produzir  neurotransmissores relacionados à motivação.

3 –  e o cérebro motivado é o que assimila melhor as informações, por conseguinte, memoriza com mais sentido e significado.

Uma pessoa idosa, pode aprender tanto ou até melhor que um cérebro jovem, basta ter tempo, intensidade, frequência, desejo, interesse, motivação, foco, objetivo, para exercitar e provocar novas conexões neuronais intencionais, pois o cérebro humano é capaz de promover neuroplasticidade neuronal, através de células altamente especializadas, denominadas neuróglias ou glias.    

Práticas pedagógicas

Durante minhas práticas pedagógicas em sala de aula como professora e especialista em Neurociência e Psicopedagogia, tenho observado que os estudantes mais idosos são encantadores, cheios de sonhos e desejos que os motivam a continuar.

Além de desempenharem com muita responsabilidade as atividades que são propostas sobre algum determinado conhecimento acadêmico em sala de aula, ou em tarefas de estímulos de reabilitação cognitiva, emocional e motora para fins de saúde ocupacional, sempre demonstrando interesses para aprender.

Na realidade em que convivo, não observo preconceitos entre os colegas dentro de sala de aula, muito pelo contrário, os meus alunos mais jovens gostam e respeitam os estudantes idosos.        

Metodologia lúdica

O modelo ideal para se promover a aprendizagem do idoso é por meio do lúdico. O cérebro assimila melhor quando motivado, através de recursos pedagógicos diferenciados como: jogos, palavras cruzadas, brincadeiras. Assim, o ato de aprender, torna-se mais agradável e prazeroso, pois, a ludicidade estimula os neurônios especializados da região do hipotálamo a liberar o neurotransmissor dopamina no sistema límbico ou cérebro emocional, que também pode ser denominado de “sistema de recompensa”. O importante é o idoso perceber que  a atividade lhe provoca um bom estímulo neural.    

A princípio, a procura pela escola está relacionada à realização de uma vontade antiga de aprender os conteúdos escolares. Saber ler e escrever, e ou, estudar na universidade é uma condição frequentemente associada a ter uma vida melhor. 

Uma tendência que venho observando em meus estudantes idosos é a influência da escolaridade de filhos e netos. Um fator que impulsiona os mais idosos a estudarem, está no desejo em  auxiliar na lição de casa das crianças ou participar mais ativamente da Educação delas. Uma outra razão, está na busca por independência e autonomia da cidadania social e emocional ( auto confiança e auto estima), para não mais precisar  de vizinhos ou familiares para ler documentos ou identificar as informações em rótulos dos produtos, entre outras atividades em que a leitura é necessária no dia a dia da vida do idoso. 

E MAIS…

Papel da escola

Os ganhos que os idosos  demonstram ter com os estudos, reforçam que o papel da escola não é só conduzir ao mercado de trabalho – essa concepção tem desconsiderado a velhice na formulação de políticas públicas e de leis relacionadas à Educação.

Aprender traz benefícios muito maiores para todos. Por isso, garantir a uma Educação de qualidade é fundamental. É preciso  pensar em ações governamentais para essa parcela da população, que cresceu muito nos últimos anos e busca espaços de convivência e socialização, como a escola.

Bibliografia:
As Bases biológicas do Comportamento – Introdução à neurociência. Marcus Lira Bandão. São Paulo: EPU, 2004.
Sob comando do cérebro – entenda como a Neurociência está no seu dia a dia. Marta Pires Relvas. Edtora WAK, 2014, RJ.