O comportamento sexual humano desenvolveu-se não apenas num embasamento genético para reprodução da espécie, mas prioritariamente no desenvolvimento das bases – sensorial, motora, emocional, cognitiva, perceptiva, psíquica. O sistema nervoso é dividido anatômicamente em encéfalo e medula espinhal. O encéfalo é subdividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico 

No ato sexual, o cérebro responde aos estímulos recebidos do ambiente externo que disparam um potencial de ação nos nervos sensoriais, esses percorrem todo o corpo levando as informações/ estímulos através dos sentidos visuais, táteis, gustativos, olfatórios e auditivos para as áreas do córtex, e também, para o sistema límbico conhecido como sistema de recompensa e emocional.

O caminho ao tálamo

No processo fisiológico os estímulos chegam ao tálamo, sendo considerada a estrutura que funciona como um aeroporto das informações, tendo como principal função reenviar os estímulos para partes específicas do cérebro – o córtex. Exemplo: Área occipital responde aos estímulos visuais que percorrem o nervo ótico, perpassando pela área do quiasma óptico local de interpretação primária da visão. Outra área estimulada é parietal, responsável pela propricepção do reconhecimento dos estímulos táteis e da identificação corporal e motora.

Estudos sobre comportamentos sexuais descrevem que a tendência da atração sexual mais vunerável para o cérebro é a via olfativa. Normalmente, os animais predadores ou em fase de acasalamento liberam um odor denominado de ferormônios, altamente capaz de impressionar a presa, sendo que, muitas vezes a tendência do animal é procurar presa para copular, devido ao cheiro liberado.

Quando o estímulo é gustativo, a saliva também tem um teor enzimático que atua nas papilas linguais e promove a regulação da preferência do sabor. O beijo é uma dessas combinações proteicas.

No sentido auditivo a área que reconhece o estímulo sonoro é o lobo temporal. A informação perpassa pelo nervo auditivo e chega ao cérebro por todo sistema coclear da orelha interna e converge no tálamo, e dependendo da intensidade do som, poderá provocar uma reação satisfatória, agradável ou não. Muito aguçado nos humanos, pois provocam reações emocionais inesquecíveis, pois a informação ativa os hipocampos, estes participam particularmente na análise de informação especial, na consolidação da memória e na integração do comportamento emocional.

Reações autonômicas e emocionais

Outra estrutura ativada são as amigdalas cerebrais, estas, situadas no lobo temporal, na porção terminal do corno inferior do ventrículo lateral, nas proximidades da cauda do núcleo caudado. O estímulo desta estrutura produz um amplo espectro de reações autonômicas e emocionais.

 O estímulo visual ativa o cérebro influenciando diretamente o restante do corpo durante o ato sexual, potencializando as estruturas límbicas, como, o hipocampo, hipotálamo, amigdala cerebral e o córtex quando se visualiza o parceiro ou parceira.

 A interação entre os mecanismos neurais relacionados ao comportamento sexual pode explicar como as influências psíquicas afetam o desempenho sexual e vice-versa, ou seja, o desempenho sexual altera emocionalmente o indivíduo. Importante destacar que as bases fisiológicas do comportamento sexual podem facilitar a compreensão das motivações sexuais da espécie humana.   

O papel da dopamina

O ato sexual pode ser considerado agradável ou dar prazer, devido a ativação de neurônios de dopamina no núcleo accumbens. Atua como um estimulante liberador de um neutrotrnasmissor denominado dopamina que atua na ação do prazer e na capacidade de vasoconstrição e dilatação dos órgãos sexuais, aumentando a irrigação sanguínea na região genital, resultando a ereção do pênis e ou clitóris. 

Para que esses processos aconteçam os estímulos que permeiam os sentidos deverão ser ajustados com a emoção dos parceiros, afinal de contas o sexo precisa ser bom para os envolvidos.

O prazer desencadeado por meio do ato sexual é provocado a partir da motivação. Esse processo é considerado como fator interno que é despertado pelo desejo  estabelecido entre parceiros. Nesse contexto o interesse é  estímulo interno, subjetivo indispensável para conquistar o outro.

O cérebro humano é uma estrutura extremamente complexa, o único animal capaz de interpretar o jogo da emoção sexual, interpretar o imaginário e provocar paixões intencionais, são os humanos. Para alguns estudiosos, a liberação dos ferormônios começam mesmo antes do ato sexual propriamente dito, pois são considerados fatores de atração.

Compulsão sexual

No orgasmo, o cérebro libera uma quantidade de neurotransmissor denominado dopamina, essa substância tem a função de promover a sensação de satisfação e explosão emocional, quando ativada pelo sistema límbico e o pelo cérebro de recompesa. Conectado com esses sistemas, encontra-se o sistema glandular que estimula a produção de hormônios nas glândulas sexuais. Todas essas estruturas são consideradas irracionais, ou seja, o corpo faz autonomamente. No orgasmo ou no momento platô também denominado, são os hormônios sexuais que atuam e bloqueiam as estruturas cognitivas do cérebro, impedindo que o indivíduo pense em processos cognitivos elaborados no momento da relação sexual, pode ser considerado como puro mecanismo de defesa da espécie.

O hormônio adrenalina e o neurotransmissor acetilcolina e o GABA, promovem a “onda” dos espasmos involuntários nos músculos. No instante que esse efeito ocorre no corpo, o cérebro tem a tendência de buscar a homestase, ou seja, o hipotálamo ajusta as condições neuroendócrina do corpo diminuindo a produção da dopamina nas conexões neurais. No momento em que ocorre a liberação dessas reações neuroquímicas o sistema nervoso autonômo do cérebro tem a tendência à buscar o equilíbrio das condições orgânica, controlando a intensa liberação de adrenalina, ajustando a troca para dopamina e serotonina que atuam como substâncias que acalmam e promovem a sensação de prazer e bem estar. Em outras palavras, enquanto a adrenalina acelera as ações das funções involuntárias do corpo, a dopamina e serotonina promovem a calma do momento, após o ato sexual.      

No desencadeamento do ato sexual, o potencial de ação é provocado pelos estímulos. Na mulher os hormônios produzidos são: a ocitocina, progesterona e estrogênio, enquanto que no homem, os hormônios produzidos são: a vasopressina e a testosterona. O hormônio adrenalina e os neurotransmissores dopamina e serotonina atuam como substância química comum entre os dois cérebros.

O vício e ou compulsividade sexual se dá pelo excesso de produção de adrenalina e dopamina que provocam a sensação de prazer e bem estar. Quando o indivíduo não percebe nos seus processos das suas funções cognitivas que está dependente de sexo por várias vezes ao dia, semana, precisa de ajuda terapêutica comportamental ou medicamentosa. 

E MAIS…

O cérebro adolescente e os estímulos sexuais a todo vapor

O desejo e a atração sexual acontecem desde a adolescência, pois é provocado exatamente nas mudanças que acontecem no sistema de recompensa do cérebro, considerado o conjunto de estruturas que premiam com uma sensação de prazer e provoca no cérebro do adolescente a vontade de querer mais e mais coisas que promovam a sensação de bem estar.

Em contra partida, a área do córtex pré frontal é uma estrutura do cérebro humano que atua como auto regulador do processo emocional e de recompensa, e regula todas as reações provocadas pelo sistema emocional.

O córtex pré frontal é considerado a área do cérebro social, sendo que no jovem esse sistema está em pleno desenvolvimento e fortalecimento das conexões neurais, que são através da aprendizagem cognitivas que promovem a plasticidade neuronal intencional, sendo essa elaborada e fortalecida pela orientação social ou pela educação cognitiva dos pais e educadores.

É natural que o jovem tenha impulsos sexuais, pois basta estimular o sistema sensorial para toda a “cascata” de hormônios desencadearem uma reação neuroquímica no sistema nervoso autônomo e central.

O adolescente apaixona-se com muita facilidade pela tendência de produzir substâncias denominadas fatores neurotróficos que tem a função de promover maior conexão neural, por conseguinte, aumenta a produção de dopamina. Por essa razão, o cérebro do jovem precisa ser orientado, e é necessário moldar essas reações neuroquímicas e fortalecer as conexões neurais do córtex pré frontal de maneira que o jovem crie valores éticos, morais e consiga promover a percepção acertada das disposições e intenções de outros indívíduos pela cognição social ou “filtro” dos impulsos irracionais.

Referências Bibliográficas:
BRANDÃO, Marcus Lira. As Bases biológicas do Comportamento– Introdução à neurociência. São Paulo: EPU, 2004.
Harari, Yuval Noah. SAPIENS – UMA BREVE HISTÓRIA DA HUMANIDADE – A BRIEF HISTORY OF HUMANKIND. L&PM EDITORES, 2014
RELVAS, Marta Pires. Cérebro: contextos, nuances e possibilidades. WAK Ed, Rio de Janeiro, 2019.