“O amor não é uma simples emoção, e sim, um sistema motivacional integrado, que tem por objetivos a construção e a manutenção de uma relação íntima com determinado parceiro”, diz o neurocientista Dr. Fernando Gomes Pinto, em seu livro Neurociência do Amor.

Para a Constelação Familiar Sistêmica, o amor é tão importante, que Bert Hellinger desenvolveu toda sua metodologia em torno do que chamou de As Ordens do Amor.

Em diversas teorias e estudos, o amor é interesse de estudos e pesquisas, mas o próprio Bert Hellinger diz: “Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. (…). Para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.”

Base em outros pilares

Só o amor não é suficiente para manter uma relação a dois. Um relacionamento é construído com base em outros pilares além do amor e, muitas vezes, eles são ainda mais indispensáveis. O motivo é simples: a vida, os quereres e as escolhas vão além do amor.

Pense nos seus sonhos por um momento. Pense em apenas um deles, um grande sonho. Por exemplo, ter um filho, viajar o mundo, morar em outro país, viver na estrada. Esse seu grande sonho é o mesmo que o do seu parceiro? Ou, você estaria disposto a abrir mão desse sonho para ficar com quem você ama?

E seus valores, quais são? Você tem princípios dos quais abriria mão?

Nunca tem garantia

O amor é complexo, necessário para uma relação amorosa profunda, mas não é, nem de longe, a garantia de que devemos ficar com aquela pessoa.

“Eu amo ele(a)!” Sim, eu sei. Mas, infelizmente, amar alguém verdadeiramente não é tudo.

“Então, Fabiana, se há amor recíproco no casal, aí sim é garantia de que devemos ficar com essa pessoa?” Infelizmente, não é simples assim.

Amor é muito importante, mas existe um conjunto de muitas outras coisas necessárias, como valores, propósitos, afinidades e escolhas do que se quer para suas vidas.

Fazemos tudo ao contrário

Geralmente, fazemos tudo ao contrário. Porém, o adequado é, primeiramente, o autoconhecimento de quem se é, para só então pensar e desenhar o que se tem para compartilhar com o outro e o que se quer de uma relação amorosa.

É frequente casais que se amam profundamente chegarem ao consultório com dúvidas referentes a continuarem ou a se separarem. A grande maioria não seguiu a ordem acima; outros, até seguiram na intuição, mas, no decorrer dos anos, os quereres mudaram, e o que se tem a oferecer também.

Eu sempre digo que o importante, no início ou a cada momento novo no relacionamento, é o que chamo de alinhar expectativas. As conversas devem ser sinceras, verdadeiras e profundas sobre o que se é, do se tem para dar, e o outro também a você. Frequentemente, não fazemos isso por ter medo de perder o outro, mas, a perda será inevitável e, muitas vezes, muito mais dolorida, caso deixem o tempo passar.

E garanto que ao ler esse texto, caro leitor, você se pegue pensando: “Nossa! Nunca pensei que o assunto amor era tão complexo. Achei que bastava só amar muito“.

Pois vale uma profunda reflexão sobre o que é realmente o amor. O amor pelo outro e o amor por só próprio.

E MAIS…

Autoconhecimento é fundamental no amor

Num processo de autoconhecimento e conhecimento do relacionamento, as perguntas a se fazer são:

  1. Quem é você que ama alguém?
  2. O que você quer do outro, numa relação amorosa?
  3. Ele (a) tem o que você quer?
  4. Ele (a) quer te dar isso que você quer, e ele tem para dar, nesse momento?

Entretanto, mesmo após aprofundar nessas questões, é importante salientar que o outro tem o direito, a qualquer momento, de mudar sua escolha.

– do que se é agora

– do que se quer agora

– do que pode oferecer agora

Mas é obrigação dizer ao outro que essa mudança ocorreu, e decidirem juntos o que é possível fazer no momento.