Você já ouviu falar no termo “dedo podre”? Ele é utilizado para indicar más escolhas amorosas. Mas e se eu lhe disser que existe uma explicação por trás dessas escolhas? A psicologia explica! Na série ‘Sex and the City’ (disponível na Netflix) e em outras obras, acompanhamos as aventuras amorosas de um grupo de amigas.
Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha vivem altos e baixos em Nova York, explorando não apenas suas vidas profissionais, mas também a complexidade das relações humanas. Ao longo da história, vemos personagens lidando com diversos relacionamentos, desde romances inconstantes até parcerias duradouras.
Cada protagonista traz suas próprias dinâmicas emocionais e padrões de comportamento explicados pela psicologia. Muitos relacionamentos são buscados para suprir necessidades não atendidas, transformando a seleção amorosa em uma busca pela satisfação de requisitos pessoais que confirmam crenças. No entanto, essa ilusão de satisfação muitas vezes é apenas isso – uma ilusão.
Essa concepção sugere que relações são procuradas para suprir necessidades, buscando no outro o que lhe falta para se sentir feliz e realizado; essa ilusão de satisfação não passa de uma idealização. Mas por qual motivo vivemos essa busca incessante?
Química esquemática
Para a terapia do esquema, escolhas amorosas são interpretadas através dos vínculos estabelecidos na infância e adolescência, já que é nessa fase e com essa base que estabelecemos o “funcionamento” do amor. Porém, nem sempre a experiência e os padrões aprendidos são adaptativos.
Esses padrões formam a “química esquemática”, em que, nos relacionamentos, nos deparamos com a frustração das idealizações, levando a perpetuação dos esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) – que são os padrões emocionais e cognitivos desadaptativos desenvolvidos ao longo da vida do sujeito – formados na infância e que mantêm padrões repetitivos e familiares, além de influenciar a forma como enxergamos o mundo.
Esses relacionamentos ativam sensações, crenças e dores emocionais profundas, nos aproximando de situações que um dia foram comuns (facilitando a adaptação). Porém, não é por serem coerentes com o que já vivemos, que nos trazem desenvolvimento emocional. Afinal, algumas relações conjugais que deveriam trazer satisfação emocional, felicidade e qualidade de vida podem, na verdade, causar grande sofrimento, pois também existe a escolha de alguém que não vai suprir a necessidade que precisa, porque, na infância, não teve essa satisfação, sendo o padrão que conhece.
Problemas interpessoais – incluindo os da vida conjugal – são resultados dos EIDs desenvolvidos na infância. Por isso, pessoas com esquema de autossacrifícios tendem a tolerar demandas disfuncionais de seus parceiros, ou alguém com esquema de abandono, inconscientemente, se envolve com pessoas instáveis e indisponíveis que perpetuam sua crença e dor.
Padrões emocionais
A protagonista Carrie, frequentemente, utiliza como desculpa a falta de química em alguns relacionamentos mesmo quando o parceiro aparentemente atende aos seus requisitos. Essa relutância em comprometer-se com esses relacionamentos pode ser atribuída a seus próprios padrões emocionais e esquemas, como a necessidade de aprovação ou a busca constante por paixão intensa.
Ela tende a idealizar o amor, mas encontra desculpas ou inventa problemas para evitar compromissos reais, pois, na verdade, está acostumada a viver situações de sofrimento em suas relações, sendo estranho quando encontra alguém que de fato pode oferecer aquilo de que precisa.
Um dos relacionamentos mais comentados e marcantes de Carrie é com Mr. Big, que apresenta um padrão de evitação de compromisso em que tende a se afastar quando as coisas ficam muito sérias. Carrie, por sua vez, parece ter um esquema de “em busca de aprovação”, buscando frequentemente a validação de Mr. Big e tentando se adaptar às suas expectativas. Esses esquemas disfuncionais favorecem o ciclo repetitivo de separação e reconciliação que caracteriza seu relacionamento.
Dinâmica
Mas fique tranquilo(a); esses padrões de escolhas amorosas ruins podem ser mudados. Compreender essa dinâmica é apenas o primeiro passo para a mudança. A terapia do esquema oferece estratégias para identificar e desafiar esses padrões disfuncionais, permitindo que os indivíduos reconstruam relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios. Ao explorar as origens de seus esquemas emocionais e aprender novas habilidades de enfrentamento, é possível romper com padrões repetitivos e construir conexões mais autênticas e gratificantes.
Quer saber mais sobre relacionamentos, terapia de casal e padrões de comportamentos nas relações conjugais? Acesse o livro ‘Terapias cognitivo-comportamentais para casais e famílias: bases teóricas, pesquisas e intervenções’, organizado pelos psicólogos Bruno Luiz Avelino Cardoso e Kelly Paim e publicado pela Sinopsys Editora.