A sala de aula é o espaço privilegiado onde as relações educativas e interpessoais acontecem e nessa relação professore/aluno está a comunicação. O professor deve ter oportunidade de perceber a complexidade desse processo e que o ato educativo que envolve o ensino aprendizado é baseado na comunicação. Ele pode e deve ser um gerador e irradiador que usa desse importante recurso para transformar a educação em uma atividade agradável, interessante, enriquecedora e, principalmente, companheira constante no cotidiano do aluno.

Domínio da língua materna

Nossa forma de comunicação e expressão seja oralmente ou através da escrita é a Língua Portuguesa e isto significa que o domínio de nossa Língua Materna assume um papel central para o ensino aprendizado dos alunos e ela terá grande importância dentro e fora dos muros escolares, para um desenvolvimento social, educativo, cultural e cognitivo.

Por todas essas razões apresentadas, a Língua Portuguesa deve ser trabalhada em diferentes disciplinas do currículo, pois ela é um valioso recurso para nossa comunicação.

Há uma tradição que “o indivíduo que é bom em Matemática não o é em Língua Portuguesa”, porque as duas disciplinas não se dialogam, mas como isto ocorre se a Matemática e a Língua Portuguesa sempre foram disciplinas importantes em nosso currículo?

O raciocínio lógico sempre teve sua importância na sociedade e isso trouxe como consequência o cultivo de crenças e preconceitos. Acreditava-se que os alunos que cursavam a área de exatas eram os mais talentosos e estas disciplinas eram apenas para um grupo social restrito, porém sem a interpretação de texto e a gramatica torna-se difícil falar em matemática.

Na Matemática usamos constantemente nossa língua materna para decodificar e codificar a linguagem algébrica, para entender os enunciados e interpreta-los.

Interpretação e decodificação

Um dos grandes problemas modernos dos alunos é a dificuldade de interpretar texto e essa defasagem com toda certeza trará resultados negativos na resolução de problemas, afinal para transformar um problema escrito em Língua Portuguesa para sentenças matemáticas, é preciso uma interpretação, decodificação e compreensão do enunciado do problema para saber quais informações que ele traz.

Tanto a matemática como a Língua Portuguesa são sistemas construídos a partir de nossas necessidades e realidades. A base para uma educação de qualidade é o domínio da Língua Portuguesa que contribui para o ensino aprendizado de diversas disciplinas, entre elas a matemática.

Discalculia

Encontramos na Discalculia (transtorno de aprendizagem em matemática) uma relação muito grande com a Dislexia. Há alguns anos, quando uma criança era diagnosticada com transtorno de aprendizagem em matemática, logo concluía-se que ela era Disléxica, porém hoje sabemos que podemos encontrar algumas características que percebemos nos disléxicos, mas vale ressaltar que a criança pode ser apenas discalcúlica e não necessariamente disléxica. Algumas crianças que apresentam Dislexia também têm Discalculia, porém isso não é uma regra, já que podemos apresentar diversas patologias ao mesmo tempo.

Entender o porquê desse elo entre dificuldades numéricas e dificuldades em escrita e leitura é importante para poder auxiliar esses jovens em sua caminhada educacional. Tanto a matemática como a língua portuguesa são representadas por símbolos e ambas têm estruturas e requerem uma ordem e sequência para serem usadas e ainda, as duas disciplinas necessitam de estratégia para construção do sentido e memorização.

Dentro da Discalculia, encontramos crianças que compreendem os conceitos mas são incapazes de representa-los no papel, ou seja eles sabem que operação usar, mas não conseguem ser precisos nas informações escritas, elas possuem ainda dificuldade na soletração de não palavras (tarefa de escrita); dificuldade nas habilidades viso-espaciais, habilidades psicomotoras, perceptivo-táteis, na memória de trabalho e na memória em tarefas não verbais. Todas essas dificuldades podem ser encontradas em crianças com Dislexia. Portanto, para um diagnóstico correto precisamos de uma equipe multiprofissional com psicólogos, psicopedagogos, neuropediatras, fonoaudiólogos, pais e professores para poder auxiliar essas crianças em desenvolvimento educacional e a comunicação será uma ferramenta valiosíssima neste processo. Quanto mais cedo for feito um diagnostico e uma intervenção, melhor será a saúde educacional dessas crianças.

E MAIS…

Por um aprendizado significativo e de sucesso no ritmo de cada um

Devemos levar em conta que nem todos aprendem da mesma maneira e que existe varias formas de inteligência como a musical, logico-matemática, interpessoal, linguística e etc.

É necessário aceitar que cada um é diferente do outro, respeitar as limitações de cada um e procurar ajudar esses alunos a ter um aprendizado significativo e de sucesso. E isso é dever dos pais, professores e comunidade.

Não existe uma regra, uma formula para ensinar, educar e ser professor e pais de discalcúlicos e disléxicos, mas se houver amor, dedicação e vontade já estaremos rumo a um grande avanço cognitivo, comportamental e humano.