As terapias são caras e muitas vezes a família tem que se locomover para vários centros de saúde. Em termos de atividades domésticas, por exemplo, ir ao banheiro sozinho, tomar banho com autonomia, arrumar a própria cama e até escovar os dentes, apesar de corriqueiras, tomam muito tempo para que seja ensinado.

Na maioria dos estudos norte-americanos, identifica-se que a mãe fica a cargo de toda essa tarefa, além disso, as pesquisas também mostram que o estresse materno é comparado ao de combatentes de guerra.

Neuro divergência

Na família, em termos positivos, as pessoas vão se configurar em torno das necessidades da criança com a neuro divergência. Se em determinada escola não há uma inclusão adequada, a família também procura e às vezes encontra centros distantes da casa, o que resulta em uma mudança radical para a família. E tudo isso pode impactar na saúde mental, tanto dos irmãos.

Como os pais vão dedicar maior esforço para a educação da criança com autismo, o irmão acaba sendo cobrado a desenvolver uma maior responsabilidade que não lhe compete, pelo fato da necessidade de maturidade e autocuidado.

Eles veem que a mãe doa muito tempo para o irmão com autismo, então rapidamente percebem que precisam se alimentar ou fazer as lições de casa sozinho, por exemplo, pois encontram pouca dedicação da genitora.

Influência positiva da família

Por outro lado, dependendo de como a família vai tratar essas questões, o irmão daquele que tem Autismo pode se sentir abandonado e rejeitado por sempre ter que suprir suas necessidades sozinho. Além disso, ela pode desenvolver senso de grandiosidade, na esperança de salvar a própria família.

A interação com o irmão com TEA é difícil, porque geralmente as crianças com essa neuro divergência não têm comunicação verbal, intencional e funcional eficaz. Muitas vezes, toda essa dinâmica pode causar angústias, incertezas do amanhã e até vergonha por conta das crises que podem vir a ocorrer com as crianças com Transtorno do Espectro Autista.

E MAIS…

Trajetória voltada para o tratamento de transtornos do neurodesenvolvimento

Aos 19 anos, ingressei na Universidade Presbiteriana Mackenzie para estudar Psicologia. Aos 35, quando minha filha nasceu, foi diagnosticada com autismo em uma época em que as informações sobre a doença não existiam como hoje. Desde os primeiros meses, eu já havia percebido alguns sinais, e logo começou a difícil jornada atrás do diagnóstico. Somente após 5 anos consegui a certeza de saber o que era.

Hoje, atuo com esse público em meu consultório voltado para atender crianças com transtornos do neurodesenvolvimento.

Essas crianças são as melhores pessoas que eu já conheci aos meus 51 anos”. Patrícia comentou que se sente muito privilegiada em trabalhar com os autistas, justamente por serem pessoas “sem maldade. O que me empolga e faz seguir meu trabalho com muita felicidade é ver uma criança evoluindo, e junto a isso, os seus pais orgulhosos em acompanharem cada passo.