Falar sobre TDAH não é tarefa difícil. Difícil é conviver com suas características mais marcantes como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Temos notado que muitos alunos mais agitados ou dispersos convivem com o rótulo de TDAH, erroneamente ou não. Contudo, a ‘epidemia’ de tal transtorno tem confundido muitos pais, professores e especialistas.

O neurologista, Dr. José S. Schwartzman, nos chama atenção para o comportamento dissimulado que o indivíduo com TDAH pode apresentar dentro de um consultório, frente a um profissional desconhecido. O desafio do diagnóstico esbarra também na falta de exames físicos que detectam o TDAH, sendo o mesmo identificado por rica observação clínica – por isso, a necessidade de um profissional experiente (neuropediatra ou psiquiatra infantil).

Sintomas que merecem atenção

Para ser caracterizado como TDAH, é preciso que os sintomas estejam ocorrendo há mais de 6 meses e em diversos ambientes, como casa, escola, trabalho. Também devemos ressaltar que se algumas questões se apresentam depois de 12 anos de idade, não se trata de TDAH, visto que este começa a se manifestar na infância, sendo mais notável quando a criança inicia a escolarização. Além disso, indivíduos com TDAH apresentam inteligência mediana a superior.

O TDAH tem sido muito relatado dentro das instituições escolares, nos últimos anos. Vivemos em uma época cuja tecnologia encontra-se ao alcance de todos, por meio de tablets e celulares, provocando grande estimulação em crianças, em adolescentes e, até mesmo, em adultos. No entanto, parte das escolas brasileiras continua ensinando nos mesmos moldes de séculos passados, ignorando os recursos disponíveis e atrativos que rodeiam nossos alunos.

Reavaliação do processo

A cada ano que passa, parece tornar-se mais difícil para nossas crianças e nossos adolescentes o ato de permanecerem sentados por determinado tempo e concentrados em uma disciplina que não sabem o porquê de estudar, embalada em uma metodologia extremamente passiva, muito distante do que nos oferta nossa era digital.

Por isso, precisamos falar sobre TDAH, tentando compreender o transtorno em si e suas características – estas que têm sido encaradas como, exclusivamente, prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem.

Tipos predominates

Existem três subtipos do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade: predominantemente desatento; predominantemente hiperativo-impulsivo; tipo combinado (desatento e hiperativo-impulsivo).

Dessa forma, percebemos que não é regra todas as características se apresentarem juntas em um mesmo indivíduo. Normalmente, nas meninas, a desatenção prevalece. Enquanto que nos meninos, a hiperatividade (agitação motora, fala alta e em demasia) é acentuada.

A agitação motora dos alunos costuma atrapalhar as aulas, mas se dermos funções aos mesmos, podemos ter grandes aliados. Peça a seu aluno para realizar algumas tarefas como apagar o quadro, pegar algo em outra sala, sentar perto de um colega e ajudá-lo. Se é um aluno mais falante, peça que leia algum texto para a turma e dê recados. Essa energia excessiva, pode ser voltada para finalidades específicas, contribuindo com o professor.

Sair da monotonia

Sabemos que por mais que haja a desatenção, quando o assunto é de interesse do aluno, ele é capaz de concentrar e responder a questões variadas. Portanto, trabalhe com temas e recursos que envolvam os discentes. É fundamental sair da monotonia.

A impulsividade de um pode ser revertida para reflexão de todos os demais. E se o aluno for criativo, estimule essa habilidade, pois ele poderá surpreender a todos.

Aliado a isso, aconselhamos: elabore aulas práticas; não prolongue a mesma atividade por muito tempo; use recursos visuais coloridos; grife as palavras mais importantes dos enunciados e textos para chamar a atenção dos alunos; não insista em muitos exercícios sobre o mesmo assunto etc.

E MAIS…

Um educador especial faz toda a diferença no aprendizado

Além de algumas estratégias, devemos, aqui, ressaltar e manifestar a importância do educador especial. Este que oferta ensino a todos os “diferentes”, não importando quais dificuldades apresentam, mas, sim, focando nas habilidades e nas possibilidades. Profissionais que atuam com tanta dedicação e respeito. Indivíduos que acolhem crianças e adolescentes diversos e os preparam para vida e conhecimento. Colegas que podem nos orientar a trabalhar de forma mais responsável com nossos pupilos!