Pesquisas sugerem que temos diferentes tipos psicológicos desde crianças. Não somos, portanto, resultado apenas do aprendizado. Pelo contrário, desde a mais tenra idade temos um traço particular quanto à reatividade e autorregulação. Em outras palavras, podemos seguir diferentes trajetórias de desenvolvimento.
Depois de mais de 20 anos de observação, o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, fundador da Psicologia Analítica, concluiu sua obra “Tipos Psicológicos”, deixando um importante legado. Ele desenvolve toda uma hierarquia de tipos, que consiste em um sistema de combinações, dividido em atitudes e funções.
Hoje esses tipos são pesquisados por dezenas de jovens curiosos para saber em que perfil de personalidade se encaixa o chefe, os pais, a namorada, os amigos. O legado de Jung é revisitada e passeia no dia a dia da nova geração, criando padrões de comportamento e relacionamento atuais.
“Tipo é uma disposição geral que se observa nos indivíduos, caracterizando-os quanto a interesses, referências e habilidades. Por disposição deve-se entender o estado da psique preparada para agir ou reagir numa determinada situação”, escreveu o psiquiatra Jung.
Extroversão e introversão
Ele fez a distinção dos dois famosos tipos: extroversão e introversão. Na extroversão, há um direcionamento para o exterior, o sujeito se concentra em fatos e pessoas. Na introversão, há o direcionamento para o interior, o sujeito está focado em representações e impressões psíquicas.
O psiquiatra chama de função auxiliar aquela disposição inferior. Por exemplo, se a função principal é extrovertida, a auxiliar será introvertida e, se a função principal é introvertida, a auxiliar será extrovertida. A função inferior pode subjugar o Eu ao associar-se à persona e à sombra.
O mecanismo pelo qual a função inferior passa temporariamente a dominar a psique é denominado por Jung de enantiodromia. O conceito foi criado pelo médico é filósofo Heráclito. O termo significa “cair para o lado contrário”. Trata-se de um processo inconsciente de mudança de perspectiva, em que o oposto emerge e se impõe à consciência.
Dimensões psicológicas
Jung também fez distinção entre quatro funções, que são: pensamento, sensação, sentimento e intuição. Jung caracteriza essas dimensões psicológicas do seguinte modo:
Função pensamento: o sujeito estabelece uma conexão lógica com os fatos percebidos. Ele julga, classifica e discrimina uma coisa, sem valoração afetiva, procurando ser imparcial. Há uma orientação para racionalidade.
Função Sentimento: o sujeito assume uma posição avaliadora, define a ideia como agradável ou desagradável. O traço principal é a afetividade, a subjetividade e seus relacionamentos emocionais com as pessoas.
Função Sensação: o sujeito prioriza a percepção sensorial, que consiste em todas as experiências conscientes produzidas pelos órgãos dos sentidos. A coisas são percebidas como percepção de algo concreto.
Função Intuição: o sujeito possui percepção extra-sensorial, o individuo não sabe qual a origem da ideia. A característica é o sexto sentido, imaginação, visão do futuro e criatividade.
As pessoas têm as quatro funções psicológicas, porém, existe a função principal (que é predominante), a auxiliar, a terciária e a inferior (que consiste na atuação da sombra). As funções se dividem em dois grupos: irracionais (percepção), que são a sensação e a intuição, e as racionais (julgamento), que são pensamento e sentimento.
Os 16 tipos de Myers-Briggs
As psicólogas norte-americanas Isabel Briggs Myers e Katharine Cooks Briggs se inspiraram nos tipos psicológicos de Jung para criar, em 1943, o seu instrumento de inventário da personalidade com base junguiana. O trabalho foi chamado MBTI – Myers-Briggs Type Indicator.
A teoria de Myers e Briggs aponta 16 tipos, pois acrescentam nas suas definições as funções de percepção e de julgamento, o que permite a identificação da função auxiliar de cada tipo.
O MBTI destaca o tipo psicológico de cada pessoa de acordo com quatro eixos (as letras iniciais entre parênteses são originárias do inglês):
- Introversão (I) e Extroversão (E)
- Sensação (S) e Intuição (N)
- Racionalidade (T) e Emoção (F)
- Juízo (J) e Percepção (P)
Aplicação e objetivo
O inventário de tipos psicológicos é útil para o autoconhecimento e também contribui para qualidade dos relacionamentos, ajudando a lidar melhor com as diferenças de forma construtiva. Além disso, é possível identificar o estilo e motivação no processo de aprendizado.
O instrumento frequentemente é usado para aconselhamento de carreira, orientação profissional e treino de liderança, servindo a interesses e comerciais – consultorias organizacionais que são vendidas a preço de ouro.
As características, presentes desde o nascimento, vão configurar as origens da personalidade. Para demonstrar isso, os pesquisadores Stella Chess e Alexander Thomas se dedicam a um estudo cujo objetivo era observar as caracterísitcas de 141 ciranças de 85 famílias. A partir desse estudo, eles identificam nove traços ou caracterísicas do temperamento.
Conheça a descrição dos tipos de personalidade:
- ISTJ: o “logístico”, caracterizado pela responsabilidade e comprometimento.
- ISFJ: o “defensor”, protetor dedicado e acolhedor, com senso de empatia.
- INFJ: o “advogado”, idealista e reservado, porém, inspirador.
- INTJ: o “arquiteto”, conhecido pelo pensamento criativo e estratégico.
- ISTP: o “virtuoso”, mestre em diversas ferramentas e experimentador.
- ISFP: o “aventureiro”, visto como um artista flexível e ousado.
- INFP: o “mediador”, uma pessoa poética, bondosa e altruísta.
- INTP: o “lógico”, com sede insaciável por conhecimento e inovação.
- ESTP: o “empresário”, inteligente, enérgico e disposto a arriscar.
- ESFP: o “animador”, sempre entusiasmado, enérgico e espontâneo.
- ENFP: o “ativista”, com espírito livre e criativo, além de muito sociável.
- ENTP: o “inovador”, marcado pela curiosidade e perspicácia.
- ESTJ: o “executivo”, administrador nato com talento para gerência.
- ESFJ: o “cônsul”, sempre atencioso, sociável e solícito.
- ENFJ: o “protagonista”, um líder carismático que hipnotiza as massas.
- ENTJ: o “comandante”, especialista em resolver desafios com ousadia.