A prática de meditação de atenção plena (mindfulness) tem sido associada a terapia cognitivo comportamental nos últimos anos e funciona como uma forma de buscar ampliar o conhecimento empírico baseado  na observação da realidade diária sem julgamento, destacando como o pensamento pode mudar o comportamento conforme o mesmo vai sendo estimulado pela meditação. Considera-se que  “a  meditação, caracterizada como o treino da atenção plena à consciência do momento presente, tem sido associada a um maior bem-estar físico, mental e emocional”  (MENEZES,  DELL’AGLIO, 2009 p.14)

Consciência receptiva

Entende-se ainda que mindfulness envolve algumas características chaves como  consciência receptiva e o registro de experiências internas incluindo emoções, pensamentos, intenções e comportamentos classificados como  eventos externos. (MARKUS, LISBOA, 2015).

Os termos terapia cognitiva (TC) e o termo genérico terapia cognitivo-comportamental (TCC) são usados com freqüência como sinônimos para descrever psicoterapias baseadas no modelo  cognitivo em que técnicas viabilizam a abordagem cognitiva  de um conjunto de procedimentos comportamentais (SILVA, 2014).

A prática mindfulness exige  um ambiente singular que prioriza o silencio, a harmonia e uma ambiência estendida aos recursos físicos, humanos, adequado a aplicabilidade da meditação. A aplicação da meditação de atenção plena nas práticas terapêuticas cognitivo-comportamentais baseada em evidências, que podem ser expressas e detectadas  em vários aspectos, como por meio das emoções,  comportamentos fisiológicos e físicos 

A influência na TCC  

A prática de meditação tem influenciado positivamente terapia cognitivo comportamental, pois tal aplicabilidade tem sido melhor colocada na assistência  do paciente passivo de sofrimento mental caracterizado como eficiente e eficaz, tendo bom retorno principalmente nas funções executiva ou habilidades executivas. (PEREIRA, PENIDO, 2014).

Nessa atrativa, o papel da prática de meditação de atenção plena torna–se fundamental para evolução do tratamento de inúmeras patologias e a avaliação adequada deve priorizar a necessidade cada de paciente. Para isso, é preciso ter uma conceitualização cognitiva baseada na sintomatologia, histórico e funcionamento neurocognitivo do paciente, o que influenciará na maneira como o tratamento será desenvolvido. Pacientes  com bom histórico pré-mórbido e nível mais elevado de funcionamento podem receber tratamento através de algumas das técnicas cognitivas comuns, por exemplo. (MENEZES,  DELL’AGLIO, 2009).

Destaca-se que aqueles pacientes que apresentam comprometimento neurocognitivo significativo, o terapeuta deve ser muito mais diretivo e passar um tempo maior envolvendo em sessões individuais, oferecendo práticas que estimulem um melhor resultado e desempenho da terapia (REIS, et al  2014).

Também nota-se que o conhecimento voltado para habilidade e boa prática da meditação poderá aprimorar a satisfação da aplicabilidade da meditação, especificamente contribuindo para a recuperação e para a qualidade de vida do paciente, incluído a segurança quando as intervenções pertinentes a uma patologia específica.

Efeitos duradouros

Quanto a durabilidade do efeito da prática da meditação, observou-se, conforme os estudos dos autores Markus e Lisboa (2015), que os efeitos podem ser a longo prazo, o que possibilitrá melhor bem estar ao paciente. Esse é um dos  benefícios observados após a experiência, sem falar do melhor desempenho do mecanismo neural subjacente plausível,  um dos mais importantes efeitos que apresentam aumentos nas mudanças duradouras contidas na estrutura do cérebro que apoia a melhoria do funcionamento mental.

Entretanto, é importante destacar que cada indivíduo reage de maneira diferente à prática de meditação de atenção plena aplicada a TCC. Cada indivíduo e cada transtorno psicológico exige uma conceitualização cognitiva específica e individual, pois se relacionam a um conjunto determinado de reações. Evidencio que, apesar de, em algumas situações, a meditação expressar ideias embasadas em crenças centrais “positivas”, estas podem não ser, necessariamente, condizentes com o contexto.

A partir de todas estas informações, pode-se concluir que a prática de meditação de atenção plena aplicada a TCC se insere como um dos tratamentos importantes e eficazes em casos que envolvam as lembranças passadas ou as preocupações futuras.

Assim como a meditação se seguiu eficaz e eficiente como tratamento complementar em casos de doenças crônicas cardiovasculares, dor aguda e demais patologias físicas, incluindo até mesmo distúrbios psiquiátrico e psicológico. O paciente submetido a esse tipo de terapia é ajudado também na função executiva, o que contribui para organização, manejo do tempo, memória de trabalho, meta-cognição, controle inibitório, iniciação de tarefas, atenção sustentada, velocidade de processamento, flexibilidade, autorregulação do afeto e demais questões alinhadas ao tratamento pela TCC.

A influência da prática de meditação de atenção plena direcionada à terapia cognitivo comportamental tem se apresentado eficaz na recuperação do bem estar e atua em inúmeras patologias relacionadas à ansiedade generalizada, estresse, distúrbios de humor, depressão, transtorno do pânico, transtornos alimentares, fobias, bem como sintomas físicos, incluindo doenças crônicas e  diminuição das complicações e agravos de inúmeras doenças.

E MAIS…

Estratégias e práticas aplicadas

A estratégia e boa pratica a serem aplicadas na meditação requer do  profissional conhecimento técnico e científico sobre o modelo cognitivo e também a conceitualização cognitiva para transtornos específicos, buscando explicar o funcionamento do cliente de acordo com os sintomas e dificuldades que se repetem dentre as pessoas com características de uma mesma psicopatologia. (VIEIRA,  MARQUES, 2017).

O treinamento de habilidades e solução de problemas é uma forma frequente de tratar preocupações específicas. Assim, as  estratégias comportamentais são utilizadas como: planejamento de atividades, tarefas de exposição, integradas para aumentar e intensificar a aceitação. (CARVALHO, 2014).

Ainda como estratégia,  deve-se ter como preocupação a  escolha cuidadosa das palavras quando se descreve a prática em psicoterapia para o paciente. É essencial esclarecer que o mindfulness que é  incorporado a terapia, é  considerado diferente do contexto das tradições espirituais orientais.

Quando ensinada a técnica aos pacientes, é importante salientar que ela é um complemento que atua de forma sinérgica como um treinamento do controle da atenção. A vivência é chamada de experimento e tem como um dos principais objetivos iniciais a redução do estresse (NEUFELDI, CAVENAGE,2010).

REFERÊNCIAS
CARVALHO, Sílvia. Psicoterapia e Medicina Geral e Familiar – o potencial da terapia cognitivo comportamental. Rev Port Med Geral Fam, Lisboa vol.30 no.6,p.4, 2014
GIRARD, Tanize Viviane Gonçalves; FEIX, Leandro da Fonte. Mindfulness: concepções teóricas e aplicações clínicas. Revista das Ciências da Saúde do Oeste Baiano – Higia ; vol 1, n.2, p. 94-124,2016.
MENEZES, Carolina Baptista; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 3, p. 565-573, jul./set. 2009
MULULO, Sara Costa Cabral, et al. Terapias cognitivo-comportamentais, terapias cognitivas e técnicas comportamentais para o transtorno de ansiedade social. Rev Psiq Clín. RJ, v. 36, n.6, p:221-8, 2009.
MARKUS,  Patricia Maria Ness;  LISBOA , Carolina Saraiva de Macedo. Mindfulness e seus beneficios nas atividades de trabalho e no ambiente organizacional. Revista da  revistaseletronicas.pucrs.br, Rio Grande do Sul, v. 8, n. 1. p.15, 2015.
NEUFELDI,  Carmem Beatri; CAVENAGE, Carla Cristina. Conceitualização cognitiva de caso: uma proposta de sistematização a partir da prática clínica e da formação de terapeutas cognitivo-comportamentais. Rev. bras.ter. cogn. Rio de Janeiro, vol.6 no.2, p.33, . 2010
PEREIRA, Fernanda Martins; PENIDO, Maria Amélia. Aplicabilidade Teórico-Prática da Terapia Cognitivo Comportamental na Psicologia Hospitalar. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 6, n°2, p. 189-2019, 2014
REIS,  Webster Glayser Pimenta dos. “Evidências do papel de mindfulness no aprimoramento das funções executivas”.2014. 64 f.Monografia (Programa de Pós-graduação em Neurociências) da Universidade Federal de Minas Gerais,2014
SILVA, Marlene Alves da. Terapia Cognitiva-Comportamental: da teoria a prática. Psico-USF Itatiba, vol.19 no.1, p. 167-168, 2014
VIEIRA,  Thailany Campos; MARQUES, Eunaihara Ligia Lira. Possíveis estratégias e técnicas de manejo para o transtorno bipolar na perspectiva cognitivo-comportamental. Psicologia.pt, 2017. Disponivel em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0418.pdf.