O resultado do estudo mostrou que a substância tem bom potencial para o tratamento de exaustão mental e burnout de quem está na linha de frente da pandemia. “O resultado é importante, pois ainda não existe um tratamento farmacológico estabelecido para essas condições”, afirma o professor José Alexandre Crippa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, líder da pesquisa publicada no periódico Journal of the American Medical Association (JAMA).

Procedimentos de estudo

Os pesquisadores selecionaram e acompanharam 120 médicos, enfermeiros e fisioterapeutas do Hospital das Clínicas da FMRP que trabalhavam nas alas de atendimento a pacientes com Covid-19 entre junho e novembro de 2020. Para comparação, eles foram divididos em dois grupos: por 28 dias, 61 pessoas receberam a dose diária de 300 miligramas (mg) de canabidiol mais o tratamento padrão com orientações, vídeos motivacionais e sugestão de exercício físico; no mesmo período, 59 pessoas receberam apenas o tratamento padrão.

Os resultados apontaram uma redução de 60% nos sintomas de ansiedade, 50% nos de depressão e 25% de burnout entre os voluntários que fizeram o tratamento padrão mais o uso do canabidiol em comparação com aqueles que só fizeram o tratamento padrão. “Os dados analisados indicaram diminuição significativa após 14 e 28 dias de uso do fármaco”, explica o pesquisador.

Efeitos adversos

Apesar de outras pesquisas já terem assegurado que o fármaco é seguro, cinco dos 120 voluntários apresentaram efeitos adversos considerados graves, com aumento nas enzimas hepáticas e farmacodermia, que é uma reação cutânea adversa a medicamentos. Entretanto, todos tiveram plena recuperação após a interrupção do uso do fármaco.

O estudo Efficacy and Safety of Cannabidiol Plus Standard Care vs Standard Care Alone for the Treatment of Emotional Exhaustion and Burnout Among Frontline Health Care Workers During the COVID-19 Pandemic faz parte do doutorado de José Diogo Souza, aluno do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental da FMRP. Além do professor Crippa e Souza, o artigo contou com pesquisadores da FMRP, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina, Hebrew University of Jerusalem, McMaster University, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, University of Michigan Medical School, Universidade Federal de São Paulo e Chromatox Laboratory.