Se você está na faixa dos 40 anos ou é mais novo que isso, certamente já ouviu pessoas falando sobre produtividade de uma maneira descabida.
Se não ouviu alguém te perguntar o que anda fazendo da meia noite até as seis da manhã, quando reclamou de não ter tempo para realizar algo, no mínimo deve conhecer alguém que já ouviu isso.
Frases e ideologias
Lemas como “você tem que estudar/trabalhar mais” e “você tem que se privar de sua vida social se quiser vencer” são máxima difundidas que discordo completamente porque não favorecem a saúde física e psicológica e principalmente porque mascaram uma desvalidação substancial dos indivíduos. Acha que não? E o que você me diria de frases do tipo “você precisa se sacrificar se quiser ser alguém na vida”? O que dizer dela?
A sociedade apenas reproduz frases e ideologias assim, sem questionar e pensar no que elas realmente significam.
Veja bem, eu não sou contra a alta produtividade, desde que esta signifique performance eficaz, melhores práticas, autorresponsabilidade no que é feito.
Mas, atrelar a ideia de ser bem sucedido com ser alguém sem tempo para dormir (sim, alguns pregam que dormir é “perder” tempo), aí não dá.
O pior é que, enquanto sociedade, vamos nos acostumando com as noções que vão perpassando por aqueles que têm total interesse em manter as coisas como são, afinal, incentivar que sejamos workaholic é ótimo para empresas, industrias, comércios e afins… Mas, é bom para os funcionários? Para aqueles que prestam serviços? É bom para os empresários que ficam dias sem ver e sem viver a vida em família? E no final, tudo isso para quê? Para ficar milionário e não poder tirar férias (já que o tempo é exclusivo para a produtividade)? Ou para adoecer psicologicamente e não ter condições de usufruir de tudo o que se produziu?
Nosso precioso tempo
Num mundo cada vez mais competitivo, disruptivo e, por vezes, perverso, cada um de nós precisa refletir sobre o que temos feito com nosso tempo. O que temos feito com nossos dias? Temos vivido cada um deles ou apenas temos vê-los passando por nós?
Não se engane!! Muito dizem que para você poder ter a vida dos sonhos e trabalhar apenas 4 horas por dia para o resto da vida, você precisa ser muito produtivo por um período, no qual vai abrir mão de você, de sua família, de seu tempo de vida para então, finalmente, poder usufruir a vida com liberdade.
Mas, você conhece alguém assim? Eu não conheço ninguém com tal discurso que tenha chegado nesse “ponto ótimo” e ganho a tão sonhada aposentadoria prematura, vivendo nas Bahamas sob o sol do caribe tomando limonadas e margaritas para sempre.
Pertencimento e valor
Ser alguém na vida é ser uma pessoa que vive uma vida equilibrada, que entende a importância do trabalho e do estudo, mas também entende que esses por si só não garantem paz de espírito, felicidade e nem mesmo senso de pertencimento e valor.
Conheço varias pessoas que abriram mão delas mesmas para viver o sonho dos resultados da falsa alta produtividade, mas que só encontraram dor, decepção e vazio em suas vidas.
lembre-se: você tem um valor por que é
Tudo o mais são acréscimos que podem ser importantes, mas não necessariamente essenciais.
Por isso, não deixe que ninguém meça o seu valor enquanto pessoa e individuo a partir daquilo que faz e não a partir de quem você é.
Crescer é uma opção sempre bem vinda que tanto o trabalho quanto o estudo podem nos proporcionar.
Mas, nossa produtividade não nos resume!! Nossa vida, nossos amores, nossas escolhas são parte de nós e precisamos dar valor para tudo que somos e validando tudo isso, validarmos a nossa existência.