Bem verdade que, não se pode negar que ele é um tipo de sentimento comum e que está muito ligado ao medo de perder.
Medo de perder o (a) parceiro (a) ou mesmo, um medo de perder o controle que se acredita deter sobre o outro. Motivo pelo qual, consideramos que o ciúme está muito mais relacionado a este “controle” do que ao amor propriamente dito.
O ciúme natural ou que não causa prejuízo, surge por alguma situação específica em que a pessoa se sente ameaçada, com medo de perder a pessoa amada, em caso de iminência de risco.
Esse ciúme é direcionado no sentido de proteger a relação. Ele surge e não permanece de forma a perturbar a vida psíquica do indivíduo.
Por outro lado, no ciúme patológico, o indivíduo constrói um padrão de comportamento controlador e inseguro que se retroalimenta num dilema interior!
“Síndrome de detetive”
O ciumento desenvolve uma “síndrome de detetive”, quando a pessoa sente a necessidade de ficar monitorando e controlando totalmente os passos e sentimentos do outro em busca da comprovação de uma infidelidade.
Nesse caso, existe o sofrimento, tanto para quem sente ciúmes, quanto para quem é o alvo do sentimento. É um ciúme causado por situações ou ideias irreais, fantasiosas ou até mesmo delirantes.
As explicações psicológicas para o ciúme, demonstram características em que se detecta que o ciumento, com o passar do tempo, torna-se opressor e possessivo e isso pode ser originário de um possível desamparo na infância. Ou por rejeição ou por vivências agressivas ao longo da vida que geram muito medo.
Temer o abandono
Por temer o abandono mais uma vez, o ciumento distorce a realidade e se comporta ou se sente como se fosse o verdadeiro “dono” da pessoa e da relação.
O ciumento também pode desenvolver comportamentos paranoicos, com ideias de perseguição permanentes, obsessivas e que podem comprometer todo o seu equilíbrio emocional. Levando-o a sentir ciúmes até mesmo do passado e das relações antigas vividas pelo outro.
Um tipo de comportamento intimamente ligado à baixa autoestima, ao medo da perda, ao complexo de inferioridade, a insegurança, que pode evidenciar até mesmo outros sintomas de transtornos psíquicos.
Esse ciúme que causa dor e desespero reflete a perda do equilíbrio emocional e a limitação da vida e das relações interpessoais do ciumento
Controlar esse sentimento
O ciúmes além de trazer um baita sofrimento também é responsável por doenças físicas causadas pelo mental adoecido. Portanto, faz-se necessário a orientação e cuidado tanto do ciumento, quanto de sua vítima, para que não perpetuem os ciclos. O que é muito comum.
Se não houver tratamento e cura, o ciumento vai estar sempre em busca de pessoas para se relacionar, onde possa descarregar sua insegurança e seus medos. Enquanto o oprimido (aquele que é a vítima do sentimento) também irá repetir relações em que se sente preso.
Nossas fraquezas
Quando se deixa de viver os objetivos para viver em função do outro, ou do que ele está fazendo, com quem conversou, entre tantos movimentos exacerbados que o ciúme impõe você deixa de ter e de proporcionar ao outro, qualidade de vida.
Portanto, psicanaliticamente falando, temos que: todo excesso reflete uma falta. Partindo deste princípio, tudo que fere, dói e gera insegurança deve ser eliminado. Além disso, é muito importante cuidar de si. Identificar a origem deste sentimento. Propor um diálogo e reflexão consigo e trabalhar o aumento do amor próprio e da autoestima.
E caso não seja possível lidar com esse sentimento sozinho é importante procurar a ajuda de um profissional de saúde mental.
Ao se livrar do ciúme patológico, experimentamos a liberdade de não sentir preso a inseguranças. Isto é imprescindível para que se possa viver relacionamentos saudáveis e equilibrados, em que amor e controle não sejam sinônimos.
Mudança de comportamento
Para mudar tudo isso, enumero algumas mudanças de comportamento que podem ajudar:
1 – Racionalize os pensamentos criando comportamentos saudáveis, direcionando a atenção para o autocontrole na relação para não adoecer devido ao ciúme.
2 – Seguindo essa linha de raciocínio, é muito importante identificar o que está causando o ciúme e a consequente sabotagem no relacionamento afetivo e, a partir daí, parar de atuar dessa maneira.
3 – Preste atenção em quais momentos o ciúme surge. Observe a si mesmo, suas próprias reações e aprenda a lidar com elas. Antevendo seu sentimento, você pode procurar direcionar sua atenção para outras atividades e pensamentos.
4 -Outro ponto importante na superação do ciúme é a honestidade. Se algo ou um comportamento está te incomodando, converse sobre isso com quem está sendo o seu objeto de ciúme. A comunicação é um excelente aliado no processo de ajuste da relação. Uma conversa aberta e verdadeira pode gerar mudanças de hábitos e, consequentemente, o fim de desconfortos e crises de ciúmes.
5 – É preciso ter consciência de que, sufocar o (a) parceiro (a) pode ser o primeiro passo para uma relação fracassada. Tente utilizar essa oportunidade para entender como sua natureza controladora te impede de saber quem você realmente é. Encontre um ponto de equilíbrio, comunicando a sua verdade e reconhecendo as limitações do outro. Não podemos dominar tudo.