Não é incomum ouvirmos relatos de pessoas que tiveram ideias que podem se tornar projetos de sucesso enquanto estavam no banho, no chuveiro. E isso pode ir mais além do cantar, ou seja, de pensar em uma letra de música. A criatividade que circunda esse momento pode ser mola propulsora de cases de sucesso diversos. É o que explica o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela. Segundo ele, esses lapsos de boas ideias podem acontecer sobretudo e com mais frequência nos banhos com água quente.

“Níveis mais altos de dopamina impulsionam nossa motivação para explorar e aumentar a criatividade. O nível de impulso criativo é de acordo com a atividade das vias dopaminérgicas no sistema límbico. O banho é um gatilho para o aumento do fluxo de dopamina. Assim como dirigir de volta para casa e fazer exercícios”, observa.

Ainda conforme Agrela, não é apenas a dopamina a responsável, até porque ela também está associada a um risco aumentado de doença mental a depender do ciclo, rotina e de como é liberada. Segundo ele, essas ocasiões como o banho, por exemplo, distraem e essa distração é a pausa necessária para que se destoe dos focos, objetivando assim o foco nos pensamentos.

Período de incubação

Dessa forma, segundo o neurocientista, o chuveiro torna-se o “período de incubação” para as ideias. “A mente subconsciente tem trabalhado arduamente para resolver os problemas que você enfrenta e, agora que você deixa sua mente vagar, ela pode vir à tona e plantar essas ideias em sua mente consciente”, complementa.

“Quando as ondas alfa, que surgem no crepúsculo intermediário onde existe a calma, mas não o sono, ou seja, no relaxamento, estão propagando no cérebro, os holofotes dos pensamentos são interiorizados. Um fluxo de associações remotas que emana do hemisfério direito do cérebro. Normalmente, nossa atenção tende a ser direcionada para fora, o que é natural e relacionado ao instinto. E focamos nas pendências do cotidiano”, esclarece. Acrescenta que esse padrão de atenção impede a detecção das conexões que levam aos insights.