Pesquisas demonstram que, após meditar por oito semanas, o cérebro tem aumento da densidade da massa cinzenta em três partes cruciais. A primeira delas é o hipocampo esquerdo, região responsável pelo aprendizado e pela memória, principalmente pela retenção de informações e pela transformação da memória de curto prazo em longo prazo. A segunda região afetada é o córtex cingular posterior, região que possui forte conexão com outras áreas cerebrais e está relacionada ao controle emocional e à recuperação da memória. A outra é a junção temporoparietal, região do cérebro associada à percepção e ao processamento de informações, responsável pela empatia e compaixão. O mesmo estudo ainda descobriu que a prática de meditação reduziu a amígdala cerebral, região associada ao medo, estresse e ansiedade.

E qual a importância desses achados? Atualmente, os três quadros psicológicos que mais afetam as pessoas atualmente são depressão, estresse e ansiedade. O mesmo estudo concluiu que pessoas que praticaram meditação tiveram uma redução considerável do estresse, medo e depressão, e que, mesmo após seis meses do experimento, os participantes ainda apresentavam efeitos positivos.

Outro estudo analisou pessoas que haviam sofrido depressão no passado e concluiu que a prática de meditação diminuiu, consideravelmente, os pensamentos negativos e as disfunções cerebrais. Demonstrou, com ênfase, que meditação pode ser tão poderosa quanto medicamentos usados para tratar a depressão, mas sem efeitos colaterais ou ônus para o paciente. Verificaram, ainda, que a prática não somente ajuda a lidar melhor com estresse, como também diminui drasticamente a quantidade de cortisona.

Ansiedade e problemas cardíacos 

Pesquisas analisaram pessoas diagnosticadas com distúrbio de ansiedade generalizada e concluíram que meditar por apenas oito semanas diminui significativamente os sintomas de ansiedade, observaram que a meditação foi mais efetiva que a maioria dos medicamentos normalmente usados para o sintoma de ansiedade.

Outro estudo, que durou cinco anos, analisou centenas de participantes com alto risco de problemas cardíacos e constatou que a prática diária de meditação reduziu em 48% os riscos de ataques cardíacos, AVC e até de morte. 

Um outro estudo realizado com pacientes hipertensos descobriu que, após três meses de meditação, os pacientes tiveram uma queda drástica na pressão sanguínea e, em muitos casos, havendo até a retirada dos medicamentos. Descobriram, ainda, que a meditação reduz os níveis de inflamação no corpo e melhora os processos de recuperação das células, aumenta disposição e a energia, elevando em quase 50% a imunidade. Com evidências tão significativas podemos compreender que a meditação ajuda no processo de autocura.

Neutralização das dores

Um estudo comparou os mestres de meditação com pessoas não praticantes em um teste de dor. Todos os participantes tiveram suas atividades cerebrais monitoradas enquanto recebiam ondas de calor dolorosas. Os que tinham expertise em meditação apresentaram menor atividade cerebral relacionada à dor e relataram não sentir ter dores no corpo.

Um outro estudo descobriu que a meditação pode reduzir cerca de 40% da intensidade da dor e 57% das dores. Uma curiosidade para nível de comparação é que a maioria dos medicamentos usados para aliviar a dor reduzem apenas aproximadamente 25% da dor. Um dos fatores resultantes da menor manifestação de dor em meditadores é o aumento da densidade de massa no córtex cingulado, que alivia a angústia da dor e, principalmente, o sofrimento emocional em indivíduos com dores crônicas. Além disso, a área somatossensorial produz mais ondas médias no cérebro do meditador, o que reduz disfunções sensoriais. Durante a meditação, os sujeitos, geralmente, produzem ondas delta nesta área que, como foi mencionado, tem uma capacidade de regeneração cerebral muito eficaz. 

Superação de hábitos ruins

O ato de meditar, ao estimular o crescimento do córtex pré-frontal dorsolateral, aumenta a capacidade de superar hábitos ruins e desenvolve a vontade de criar novos hábitos. Em 2014, foi analisado um grupo de alcoólatras, que foi separado em dois grupos. O grupo A, foi submetido a um programa de recuperação de oito semanas, o grupo B seguiu o programa de recuperação e praticou meditação diariamente.

Os achados mostram que,  um ano depois do término do tratamento, 20% dos participantes do grupo A tiveram recaídas. O grupo B, que praticou a meditação diariamente, apresentou apenas 8% recaídas. Logo, é possível perceber que a meditação reduz os desejos pelos hábitos ruins e aumenta a sensação de estar consciente, aumenta a concentração e a performance.

Vida feliz

Em 2010, pesquisadores levaram os participantes a realizarem tarefas extremamente entediantes e repetitivas e descobriram que o grupo que havia meditado antes da atividade apresentou uma performance superior, sugerindo que a meditação aumentou a concentração dos participantes.

Um experimento realizado com trabalhadores demonstrou que a prática diária de meditação, geradora de uma maior conectividade, proporcionou a eles um maior controle da tensão, melhora da resistência contra as distrações e melhora do tempo de atenção sustentada. A prática diária possibilitou ainda um considerável aumento das habilidades cognitivas.

No estudo feito com os monges utilizando o eletroencefalograma, foi possível demonstrar que monges que meditavam a muitos anos possuíam 30 vezes mais a quantidade de ondas gama no cérebro se comparados com pessoas não praticantes de meditação. As ondas gama são associadas a inteligência, compaixão, autocontrole e felicidade.

Em uma outra análise, foi relatada a capacidade de aumentar a quantidade de emoções positivas: quanto mais uma pessoa pratica meditação, maior a quantidade de emoções positivas.

Meditar está ao acesso de todos, é simples, transformador, curativo e gratuito, requer disciplina, paciência e rotina, sendo um grande aliado à saúde física e mental.

E MAIS…

A meditação e o envelhecimento

A ganhadora do prêmio Nobel de Genética, Elizabeth Blackburn, provou que a meditação provoca alterações genéticas no tamanho dos telômeros. Telômero, nome grego, significa “parte final”, faz referência às extremidades dos cromossomos. São partes do DNA muito repetitivas que, embora não codificantes, têm como principal papel proteger o material genético transportado pelo cromossomo. Com o passar do tempo, estas células se dividem, pois através da sua multiplicação podem regenerar os tecidos e órgãos do nosso corpo. Assim, a longitude dos telômeros reduz de tamanho e eles vão encurtando. Quando eles ficam muito reduzidos perdem a capacidade de proteger o DNA, fazendo com que as células parem de se reproduzir. Neste momento, o indivíduo chega à velhice. Por isso, a longitude dos telômeros é considerada um “biomarcador de envelhecimento chave” no nível molecular.

Elizabeth Blackburn provou que a enzima telomerase ajuda a impedir o encolhimento dos telômeros com a divisão celular, o que ajuda a manter a juventude biológica das células, e que tal enzima é produzida durante a meditação, sendo não apenas uma aliada contra o envelhecimento, mas também contra o câncer. Em seu estudo, ela concluiu que a prática de meditação diária desacelera o encurtamento dos telômeros e o processo de envelhecimento, ou seja, a meditação pode prolongar a vida.