Vivemos em um mundo plural, ágil e desafiador! Isso torna cada dia mais intenso e dinâmico o processo de socialização.

Nunca se discutiu tanto sobre a necessidade de se autoconhecer para que possa estar no mundo e conviver em grupo sendo capaz de lidar com as diferenças e com as diferentes percepções de mundo!

Nesse sentido, muitos teóricos nos apontam que a socialização pode ser definida como uma condição do indivíduo desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, pessoa ou homem social que cresce e se desenvolve por meio das relações que estabelece como membro de um grupo ou de vários grupos.     

Partindo desse princípio fica claro que o processo de socialização deve começar cedo.

Destaca-se aqui, o papel da educação infantil na vivência dos valores, nas práticas sociais capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática e feliz.

Padrões sociais de convivência

Entende-se que a criança pequena participa ativamente deste processo quando usa seu corpo para explorar, conhecer o ambiente que a cerca e, também, aqueles que estão ao seu redor.

No início, mesmo que inconscientemente, usa do processo de imitação e observação para promover esse reconhecimento e mais tarde o da ressignificação, pelo viés da ludicidade para ver e se projetar no ambiente. Devido a este fato destacamos o papel família e dos profissionais da educação infantil, pois possuem uma convivência estreita e que deve ser significativa para a criança.

De forma prática destaca-se que a escola é capaz de estabelecer e vivenciar diferentes padrões sociais de convivência. Sendo o professor da educação infantil um ator formal desse processo, precisa entender seu papel de mediador de culturas e, ainda de facilitador do uso de preceitos básicos de convivência.

Nessa direção, a concepção que vincula a educação infantil às ações de educação e cuidado, se fortalecem e estabelecem condições para um trabalho sistemático, científico e dinâmico que desse ser realizado no cotidiano escolar.

Eixos estruturantes

Ainda de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.

Dentro desse contexto ganham forma os verbos trazidos pela Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se. O que fortalece no cotidiano a intencionalidade educativa das práticas pedagógicas da educação infantil.

Isso exige do professor estudo, reflexão, seleção de estratégias que possibilitem a construção e um planejamento onde se oportunize experiências diferentes que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de rotina repletas de cuidados pessoais como aprender a alimentar-se, vestir-se, higienizar-se com autonomia, participação nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas.

Respeito à pluralidade

Cabe ao professor ser capaz de mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo em sua rotina escolar com as crianças o respeito à pluralidade de situações que promovam a voz, a vez e a tolerância.

Deve-se então, elaborar dinâmicas interativas e projetos educacionais que sejam capazes de promover o desenvolvimento de interações e relacionamentos caracterizados pelo respeito e pela cooperação entre as pessoas. Há, ainda, de se considerar a iminente necessidade de projetos políticos mais amplos que sejam capazes de promover a justiça social e a democracia, atuar junto à escola e à família consiste em alternativa mister para a promoção da paz e de valores sociais construtivo em nossa sociedade.

E MAIS…

Objetivos e Atividades para a faixa etária

Algumas práticas e interação oportunizam a socialização na educação infantil. Conheça algumas delas.  

De 06 meses até 02 anos:

– Desenvolvimento da sensibilidade visual, tátil, sonora.

– Interação entre os pares e respeito s diferenças culturais.

– Acolhimento dos membros dos grupos.

 – Atender a comandos de voz, imitando-os ou obedecendo a pequena regra.

–  Oportunizar a interação com personagens do mundo imaginário infantil.

– Explorar o corpo em diferentes posições do espaço.

 – Exploração da motricidade.

  1. Bandinha com instrumentos musicais. Com músicas apropriadas para a idade organizar cantorias com marcação de ritmo guiada pelo instrumento musical. Se a atividade for desenvolvida com bebes, eles precisarão estar em locais confortais como colo de adultos, cadeirinhas de apoio oi bebes confortos. Atenção à segurança com o manuseio dos instrumentos é fundamental para que a atividade seja bem realizada.
  2. Meu dia a dia na creche e em casa. Essa é uma atividade que será organizada pelos professores com a ajuda da família. Serão organizados painéis expositivos com atividades de rotina realizadas com as crianças pequenas em diferentes espaços possibilitando a interação entre os pares e reconhecimento das diferentes maneiras de criação dos pequenos. Os painéis precisarão ficar em exposição na altura das crianças para a viabilização da atividade.
  3. O barquinho de papel no azul do mar. Atividade colaborativa com um barco de papel ou EVA confeccionado pelo docente e um grande pedaço de malha( pano) azul. Ao som da música, as crianças farão movimentos mais fortes e mais lentos enquanto seguram o pano com as mãos. Professores deverão mediar conflitos entre os pares.
  4. Durante a entrada ou saída das crianças oportunizar o contato dos pequenininhos com pessoas vestidas de personagens infantis como  Princesas, Super- Heróis, Bichinhos, … E buscar a interação livre!
  5. Disponibilizar em cantinhos da sala cestos com objetos que provoquem  o olhar de espanto, de descoberta e interação. Podem ser disponibilizados panos,  conchas de feijão, esponjas naturais,  rolos de lá,  pedaços de renda  dobrados, potes… Todos os objetos deverão passar pela escolha e vistoria do professor a atividade deve ser supervisionada por ele.
  • No escurinho da sala. Essa é uma experiência com a escuridão e deve ser bem preparada para não traumatizar as crianças. Serão necessárias lanternas, papéis celofanes, objetos que façam sombra, espelhos, papelão com muitos furos… As crianças e os adultos ficarão com lanternas e farão experimentações com o espaço e as possibilidades de cores, efeitos, luzes… ( recomendável a partir de um ano e meio de idade.)
  • Interação com tanques de areia, potes, panelinhas, colheres, regadores, água… Atividade ao ar livre ou em ambiente previamente organizado para tal.  Buscar a interação da criança com a areia, exploração dos objetos. ( atividade prevista para maiores de um ano de idade.)
  • Contação de Histórias. Além dos livros, o educador pode ainda utilizar objetos e criar canções para deixar a história ainda mais interessante. Uma boa ideia é a contação de histórias com o uso de fantoches, que ajudam a prender a atenção das crianças e aumentar a diversão.

De 03 e 05 anos:

– Desenvolvimento da Autonomia

– Respeito às regras de convivência de grupo.

– Participação em atividades diferenciadas na rotina, aprendendo a interagir em situações diferentes e desconhecidas, obedecendo a regras de convivência grupal.

– Ouvir, reproduzir e transmitir textos, oralmente como histórias, recados, poemas, sendo capaz de interagir com a fala do outro.

– Reconhecer a diversidade social, sendo capaz de pensar sobre  as benesses e mazelas sociais.

– Explorar o corpo em diferentes posições do espaço.

– Assegurar a sua identidade no ambiente físico e social da instituição escolar.

– Participar da organização social da turma.

– Criar e respeitar regras de convivência em interação com o grupo.

– Interagir no grupo, com base no respeito mútuo e na cooperação.

  1. As casas podem ser bem diferentes e nós também! Partindo da Música: “A Casa” de Vinícius de Moraes. Explorar a oralidade, a participação na cantoria. Mostrar diferentes tipos de moradia, formas das casas, apartamentos, palafitas, ocas, casebres… Trabalhar as diferenças, as possibilidades de construção. Conversar sobre os problemas de moradia e da falta de que afetam muitas crianças brasileiras. Formalizar o conhecimento com a possibilidade de Desenhar casas, montar com blocos de madeira moradia para bonecos, confeccionar com argila casas, prédios, elaborar colagens com diferentes tipos de casas, pensar em como seria se a pessoa que vive num apartamento fosse morar na fazenda e ao contrário também. Trabalhar a empatia e a descoberta de possibilidades.
  2. Trilha dos Detetives: Organização de pequenos passeios guiados no pátio da escola em pares, estabelecidos por sorteios de cartões com imagens de frutas ou bichinhos. Feitos os pares, as crianças serão convidadas a encontrarem objetos “sumidos” destacados e marcados um mapa  simples, que também deve sinalizar o local onde eles estão. O professor deverá criar regras para a trilha e para o trabalho de Detetive das duplas.  As duplas tentaram apanhar os objetos e coloca-los em uma caixa.. Quem será que conseguirá resgatar mais objetos? Lembrando que todo o local da trilha deverá ser seguro e contar com a presença de professores e auxiliares. Os impasses serão mediados pelas regras criadas.
  3. Hora do bichinho na Escola. Possibilitar o contato das crianças com bichinhos, conhecendo suas características, modo de viver, alimentação… Uma atividade que possibilita a interação, descoberta e a organização de regras sociais. O professor deverá tomar cuidado em escolher um bichinho vacinado, limpo, manso e verificar se existe criança com alergia a pelos, dentre outras questões.
  4. Pintura em grupo com diferentes materiais e possibilidades de interação. Caberá o professor mediar os conflitos para que todos pintem com diferentes cores, com diferentes pincéis, cordões, esponjas. As pinturas poderão ser feitas em paredes, rolo de papeis, plásticos, tecidos… Favor verificar antes se alguma criança tem alergia a tinta que será utilizada.
  5. Comida nas estações: Organizar a hora da alimentação (quando a escola oferece) em travessas para que as crianças possam montar seu prato. Evitando o desperdício de alimentos e desenvolvimento da autonomia. A atividade deve ser monitorada por adultos que aos poucos, introduzirão alimentos novos a rotina de alimentação com diferentes experimentações.
  6. Passeio na Centopeia de Jornais. O professor fará uma colagem em fila de várias camadas de jornais. As crianças sejam convidadas a andarem sobre esta Centopeia cooperando entre si.
  7. Passeios a Museus, praças, cinema onde as regras sociais do lugar deverão ser respeitadas e ainda assim, propiciar a interação com o espaço e o grupo.