O cérebro é ávido por novas informações. O professor que não instiga seus estudantes à dúvida e à curiosidade, inibe o potencial de inteligência e afetividade no processo de aprender.
O cérebro humano, no início de uma aula, solicita, por meio de suas conexões neurais, fatos novos, pois a concentração inicial é fundamental para receber novas informações, devido à produção de aceticolina, que mantém os movimentos das sinapses da célula neural E muitas vezes, o que o professor acaba fazendo? Usa esses momentos iniciais e preciosos para o cérebro fazendo ‘chamada’ ou “dando” informações que este cérebro já conhece, por exemplo, revisão do que foi dito na aula passada. Esta metodologia deveria ser reservada para o final da aula. O professor precisa provocar inicialmente no educando aquilo que ele ainda não sabe ou não conhece, e propor desafios. Afinal, o cérebro age diante de fatos novos.
Aprendizagem significativa
Ao final de uma aula, solicite ao estudante que relate oralmente, ou por escrito, ou por outra abordagem metodológica, o que ele aprendeu. Na verdade, ele não diz o que aprendeu, e sim o que fez na aula. Por isso, é momento de se pensar uma nova maneira de ensinar, pois o aprender é se transformar intrinsecamente por reflexões de atitudes e de comportamentos. O estudante tem de encontrar significado no que estuda, do contrário, o cérebro, como fiel escudeiro da aprendizagem significativa, deve encontrar coerência na informação que recebe, senão a apaga.
Quando se entende o funcionamento da aprendizagem, compreende-se que esta é individual e personalizada, por isso não combina com currículo escolar, porque o da escola institucional não é o ritmo da sinapse neural. O estudante tem de aprender ou pseudo aprender os conteúdos das necessidades estatísticas, e muitas vezes apresenta determinada dificuldade e esta não é resolvida. Muitos métodos engessados não param para solucionar o problema e o estudante passar sua vida escolar com hiatos em diferentes aspectos. Acumula um processo de insucesso escolar ao longo de sua vida acadêmica. Infelizmente essa configuração leva a consequências ainda mais graves, como a desistência dos estudos por jovens desestimulados e que não enxergam no aprendizado que vivem uma oportunidade de mudança de vida.
Ritmo estimulado e valorizado
Quando fala que aprendizagem é o ritmo de cada um, isto tem a ver com as sinapses neurais que perpassam pelo interesse do cérebro de recompensa e o desejo do sistema límbico e cognitivo.
Os objetivos educacionais e as práticas pedagógicas precisam ser repensados, a fim de valorizar a aprendizagem biológica ou sináptica, mas também a subjetiva, a afetiva, a emocional, a social e a cultural. Os agentes destas mudanças são os representantes e integrantes envolvidos na escola, alicerçados pela família. É necessário construir vínculo afetivo para que se possam compreender as necessidades e o comportamento dos estudantes, bem como suas limitações, ideias divergentes e soluções criativas para diversos problemas
Métodos reinventados
Hoje, o diálogo entre Educação e Neurociência é possível, porém implica na demanda de pesquisas e conhecimentos inerentes dos processos neurofisiológicos na relação da aprendizagem e do comportamento humano. As atividades pedagógicas apresentadas em sala de aula e na escola devem promover especificamente o aprofundamento dos conceitos e o desenvolvimento de pensamentos mais abrangentes e complexos do cérebro, a fim de saber aplicar e provocar diferentes estímulos, no momento certo, no processo do acompanhamento nos métodos pedagógicos.
É necessário provocar desafios, como utilizar o espaço fora da sala de aula, criar projetos de leitura e escrita, ajudar os estudantes a preparar discursos, despertar para os debates, elaborar palavras cruzadas. Reescrever letras de músicas para trabalhar conceitos, jogos de estratégias, usar informações em gráficos, estabelecer linhas do tempo, proporcionar atividades de movimentos. Desenhar mapas e labirintos, conduzir atividades de visualização, jogo de memória. Permitir a criação, valorizando o ritmo de cada um, designar projetos individuais e direcionados, estabelecer metas, oferecer oportunidades de receberem informações uns dos outros e envolver em projetos de reflexão, utilizando-se de aprendizagem cooperativa.
A Neuropedagogia faz uma releitura das teorias da aprendizagem
A Neuropedagogia é uma Ciência que estuda a aprendizagem no contexto do processo químico, celular, anatômico, funcional, patológico, comportamental do sistema nervoso, evidenciando, assim, uma visão sistêmica e integradora do estudante. E que a abordagem neurocientífica da aprendizagem compreende o entendimento da formação da inteligência, da emoção e do comportamento na interface no contexto escolar, nas dimensões biológica, psicológica, afetiva, emocional e social.
Ela promove o reconhecimento de que ensinar a um sujeito cerebral uma habilidade nova implica maximizar o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar desafios e de atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, a fim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar.
2 respostas
Apesar de ser um texto que traz alguns estratégias de trabalho, as quais muitas já são usadas em sala de aula fora dela, muitas vezes fica muito difícil para o educador maximizar esse processo cerebral, uma vez que a maioria dos educandos o menos quer é está ali na sala de aula. Não mostra o mínimo de interesse em se sintonizar na aula. Até o professor conseguir conectá-los até a própria chamada não dá tempo fazer. Não está fácil despertar o interesse do atual educando.
Prezada Profa. Francisca. Muito obrigada pelo seu comentário, excelente reflexão. Marta Relvas, autora do texto, enviou seu apontamento também. “Penso que estamos longe de despertar o engajamento do nossos estudantes na sala de aula. Os contextos pedagógicos, muitas vezes não são significativos para o cotidiano dos nossos estudantes. Porém, sabemos que o compromisso do educadores é além de atuar diante das práxis pedagógicas, torna- se fundamental perceber que a afetividade é fundamental nas nossas ações didáticas, diante dos relacionamentos sócio emocionais com todos os envolvidos na Educação”.