Ludoterapia é o nome científico da Terapia através do brincar, uma técnica psicoterápica de abordagem infantil que se baseia no fato de que brincar é um meio natural de autoexpressão da criança. É um método de diagnóstico e terapia infantil que nasceu dos princípios da Psicanálise freudiana. Apesar de Freud não ter articulado uma teoria sistemática acerca do brincar, considerava a natureza simbólica da atividade lúdica uma função do Eu infantil para se organizar. Segundo Freud, as crianças representam nos jogos os acontecimentos ou situações que as impressionam ou as influenciam, tentando projetar os seus próprios sentimentos, emoções e angústias.

Na teoria Psicanalista, cada criança tem a sua caixa com os seus brinquedos, pois seus autores acreditam que a caixa lúdica contém o inconsciente do cliente. Esta técnica foi desenvolvida por outros psicanalistas da Escola de Londres, como D. W. Winnicott, e adotada no todo ou em parte por psicoterapeutas de outras correntes.

Teoria da Gestalt

Para a teoria da Gestalt, ao trabalhar com materiais coletivos, a criança inclui no seu brincar o outro, abrindo-se, assim, a possibilidade de potencializar a socialização.

Relacionando-se com os brinquedos e com o seu brincar, o indivíduo expressa a forma como interage com o meio e, por conseguinte, equilibra os seus recursos e suas potencialidades.

A Ludoterapia com base teórica centrada na criança, tem como principal autora Axline, que era estudante de Carl Rogers e introduziu a corrente da Ludoterapia não diretiva, mais tarde renomeada, Ludoterapia Centrada na Criança. Axline aplicou a terapia rogeriana com adultos às crianças.

Distinguir as responsabilidades

Os princípios básicos da terapia centrada no cliente são: maior conhecimento e compreensão de si próprio; aumento da aceitação e do respeito por si próprio; capacidade de assumir responsabilidades; capacidade de utilizar todas as suas capacidades; maior capacidade de compreensão, respeito e aceitação do outro. Capacidade de distinguir as suas responsabilidades das responsabilidades de outros.

Na Ludoterapia centrada na criança assume-se que ela tem a capacidade de resolver seus próprios problemas e utilizar esta força no sentido da autorrealização de uma forma satisfatória. Esta terapia tem início no momento atual em que a criança está, com a sua atual configuração, verificando-se a sua evolução e mudança ao longo do contato terapêutico e a reorganização do problema atual.

Os brinquedos facilitam todo esse processo porque são, por excelência, o meio de comunicação das crianças, os mediadores. A possibilidade de brincar livremente facilita a expressão, a projeção de emoções e de sentimentos. Ao mesmo tempo, ao brincar, a criança experimenta a independência e a autonomia.

Escolherá os brinquedos que lhe forem mais convenientes e brincará da forma que lhe for possível no momento. Só fará e dirá aquilo para que está preparada – por isso, a Ludoterapia não diretiva é centrada na criança e não no terapeuta.

Assim, deve-se esperar que a criança aja, refletindo as emoções e atitudes que forem surgindo.

A quem se destina?

A Ludoterapia pode ser utilizada em crianças a partir de dois anos de idade, que já conquistaram a capacidade simbólica. Pois, a partir da capacidade simbólica, o pesquisador tem a condição de investigar sobre o desenvolvimento humano no seu sentido amplo.

Dessa forma, também pode ser aplicada em adolescentes e adultos. Todos nós precisamos brincar e sorrir sempre, para nos sentirmos felizes com a vida. Porém, para iniciar a Ludoterapia, antes é necessário que se faça um psicodiagnóstico (um trabalho especializado desenvolvido por psicólogos ou psicopedagogos, que visa o esclarecimento dos fatores que estão causando determinados problemas em um indivíduo) com a criança para sabermos em que momento do seu desenvolvimento ela “truncou” em suas ideias e sentimentos.

As sessões

Durante as sessões de Ludoterapia é dada a oportunidade da criança libertar os seus sentimentos e problemas através da brincadeira. É igual a terapia dos adultos, onde ele resolve os problemas através da fala. Só que na Ludoterapia a criança tem o brinquedo e a brincadeira para exprimir os seus sentimentos. A Ludoterapia pode ser feita individualmente ou em grupo.

Os jogos e brincadeira permitem que a criança libere a tensão, frustração, insegurança e até mesmo a agressividade, medo e a confusão, tudo isso sem que a criança se dê conta que tem todos esses sentimentos guardados. A Ludoterapia é uma poderosa terapia para que a criança aprenda a se expressar.

A análise infantil funda-se no princípio da catarse, uma vez que tenta explorar o mundo de sentimentos e impulsos inconscientes (os “fantasmas” infantis) como origem efetiva de todas as ações e reações observadas nos pequenos pacientes.

A escolha dos brinquedos está relacionada com o momento evolutivo afetivo e cognitivo em que se encontra a criança, logo os brinquedos ou brincadeiras devem ser analisados sob esse ponto de vista evolutivo, classificando as condutas lúdicas conforme as idades correspondentes aos diferentes referenciais da Psicologia do Desenvolvimento.

Na sessão a criança é livre para brincar do modo que desejar, estruturando sua forma de brincar de maneira organizada, com uma sequência lógica ou não, pode brincar de forma rígida ou pode brincar sem afetividade. É justamente na forma como o indivíduo brinca que o terapeuta deve se focar, analisar, mediar e intervir.

E MAIS…

Ludoterapia hospitalar

Cada vez mais a Ludoterapia vem ganhando força no Brasil. Deixou de ser utilizada somente nos consultórios e ampliou seu uso para hospitais.

O brincar e a leitura são umas das estratégias utilizadas pelo indivíduo para enfrentar o processo da hospitalização. Essas práticas vêm sendo utilizadas como iniciativa de humanização hospitalar, que utiliza o lúdico como recurso terapêutico, objetivando oferecer materiais de entretenimento e educativos às crianças internadas nas enfermarias dos hospitais.

A utilização da técnica de Ludoterapia dentro do contexto hospitalar tem a finalidade de resgatar a sociabilidade e a fantasia perdida durante este processo. Vários materiais e jogos podem ser utilizados com as crianças hospitalizadas como a pescaria, a dama, o desenho, livros de história, fantoches, músicas, blocos de encaixe, jogo de ludo, jogo de dados, trilha, entre outros.