Quando penso em cuidados paliativos penso na palavra proteção, conforto, respeito a dignidade e não só do paciente como a de todos os envolvidos no adoecimento do mesmo. Pensando assim e baseado também nesse tipo de assistência deve-se levar em conta a qualidade de vida do paciente, seus familiares e seus cuidadores, em geral.

A morte precisa ser trabalhada e elaborada e uma das formas disso acontecer é trazendo-a para o campo do Real, o campo das palavras, ao qual é um campo palpável, auxiliando assim a todos os envolvidos a trabalharem melhor essa questão dentro de si, ou seja, a lidarem assim, ressignificando melhor a finitude da vida.

Processo de adoecimento

É imprescindível o elo entre equipe e essa nova dinâmica familiar, o paciente quando estar em processo de adoecimento se percebe, ou melhor, se apresenta em uma nova posição em sua estrutura familiar, muitas vezes, na maioria delas até, de ordem dependente, como no caso em que necessita da assistência dos cuidados paliativos.

E isso gera muita angústia, ansiedade e em até alguns casos transtornos como depressão, não somente nos pacientes como em seus familiares que precisam reajustar toda essa dinâmica, portanto é preciso que a equipe esteja preparada para trabalhar de forma mais humanizada possível com esse sujeito que se apresenta, seja ele paciente – familiar – cuidador.

O psicólogo tem a função de estar também com o olhar voltado para essa equipe, percebendo suas necessidades emocionais, acolhendo-os para que dessa forma a confiança e vínculo entre esses profissionais da saúde e os envolvidos no adoecimento se estabeleçam da melhor forma.

É importante também o investimento em conscientização por toda a equipe médica, que tanto tem como propósito a luta pela vida, ter um olhar mais íntimo para com a morte e saber que estar diante dela e falar sobre ela não diz respeito a desistência ou fracasso, muito pelo contrário.

Acolhimento familiar

A família precisa também de cuidados, isso é um fato! Ela precisa ser escutada, acolhida, ser notada também no adoecimento desse paciente, ela faz parte desse cenário, ela está em cena também e com isso precisa de suporte, para que assim ela possa dar o apoio, recursos necessários para esse paciente que está ali em uma situação / condição crítica e totalmente fora do seu habitual.

É preciso entender essa dinâmica familiar, essa estrutura, para que assim se possa entender não só o funcionamento do paciente nessa família, mas o lugar de cada um e importância.

Pensar em cuidados paliativos é pensar em continuação do cuidado mesmo e além de estar diante da finitude da vida, da proximidade da morte e falar sobre ela, isso é de fundamental importância, é através da elucubração dos seus significantes que se pode então elaborar e entender o significado e a representação dela para cada indivíduo, para cada ser.

O que não podemos chamar de cuidados paliativos é o profissional intervir no sofrimento daquele paciente antes da sua morte.

Achar que não tem mais nada a se fazer diante do quadro que se apresenta; desistir do cuidado que se deve ter com aquele sujeito em seu adoecimento.

E MAIS…

Autocuidado é importante

O autocuidado é de extrema importância, não apenas para nós que cuidamos das outras pessoas, mas para qualquer sujeito.

Mas percebo em muitos casos, como é difícil para quem cuidar ter essa maior consciência, dessa necessidade, desse comprometimento consigo mesmo.

Cuidar do seu emocional, das suas condições físicas, do seu espiritual. São tantas nuances em nossas vidas, que deixamos de lado uma ou tantas.