Os pesquisadores, liderados por Kay Bradford e Brian Higginbotham, da Universidade Estadual de Utah, e Jacqueline Miller, da Universidade do Novo México, acreditam que a educação de relacionamento, assim como a educação sexual, pode ser a chave para ajudar os adolescentes a construir relacionamentos românticos atuais e futuros mais saudáveis.

“Os relacionamentos entre adolescentes – e o que eles aprendem nos relacionamentos ajudam a moldar seus relacionamentos na idade adulta”, explica Bradford.

Tomar boas decisões

De acordo com os autores, a educação de relacionamento se concentra em transmitir informações baseadas em pesquisas aos adolescentes para ajudá-los a tomar decisões. Isso inclui:

  • Melhorar as habilidades de comunicação.
  • Estabelecer expectativas de relacionamento realistas.
  • Incentivar o ‘ritmo’ de relacionamento saudável.
  • Discutir maneiras de reduzir o risco de violência no namoro.

“Os resultados da educação de relacionamento adolescente incluem a prevenção de padrões de relacionamento prejudiciais, aumento da autoestima e coesão familiar mais forte”, diz Bradford.

Quatro pilares da cognição

Seu estudo se inspirou nos “quatro pilares da cognição de relacionamento”, conforme identificado em pesquisas anteriores. Estes são:

  1. Romantismo – a ideia de que o amor pode conquistar tudo. Os românticos podem ignorar a necessidade de desenvolver habilidades positivas de relacionamento.
  2. Tomada de decisão/ritmo – o desejo de conhecer um parceiro em potencial antes de confiar e se comprometer com ele.
  3. Recusa de comportamento fisicamente íntimo indesejado – uma habilidade essencial para os adolescentes aprenderem, para que permaneçam fiéis aos seus valores e esperem até que estejam fisicamente e mentalmente prontos para a intimidade. A baixa autoestima e o desejo de preservar o relacionamento podem tornar difícil para os adolescentes dizerem não a um contato indesejado.
  4. Tolerância de controle – tolerar o controle e a manipulação pode levar ao abuso psicológico e à violência no namoro.

Mapear o comportamento

No estudo, os pesquisadores coletaram dados de mais de 2 mil alunos para entender como essas quatro cognições de relacionamento mapeavam o comportamento de namoro adolescente na vida real. O estudo identificou cinco tipos de encontros adolescentes:

  1. Baixo risco: Este grupo inclui alunos que têm modelos românticos saudáveis. Esses alunos apresentavam menor risco em todas as quatro cognições medidas acima.
  2. Blindlove: Os adolescentes deste grupo eram de baixo risco em todas as dimensões, exceto no romantismo. Eles tinham crenças extraordinárias sobre o amor e seu poder de conquistar tudo.
  3. Sliders: Este grupo descreve os adolescentes que foram menos ponderados sobre suas decisões e, portanto, acabaram “escorregando” em relacionamentos com pouca reflexão.
  4. Blindlove Sliders: Este grupo representa uma combinação do segundo e terceiro grupos. Os adolescentes nesta categoria endossavam fortes crenças românticas e eram propensos a tomar decisões imprudentes no namoro.
  5. Tolerante ao controle: os adolescentes deste grupo mostraram menor probabilidade de rejeitar um parceiro que exibia comportamentos controladores.

O estudo produziu duas descobertas cruciais:

  1. Apenas 1 em cada 3 adolescentes caiu na classe de baixo risco de cognições de relacionamento. Em outras palavras, a maioria dos adolescentes caiu nas classes mais arriscadas de habilidades de relacionamento e comportamento.
  2. Os meninos adolescentes tendem a se envolver em cognições de relacionamento mais problemáticas, pois mostraram um maior endosso ao romantismo e tendências ‘deslizantes’ em comparação com as meninas adolescentes. As meninas pareciam pensar em termos de ‘baixo risco’, enquanto os meninos pareciam mais propensos a serem manipulados e controlados.

Direção mais saudável

De acordo com os pesquisadores, um pai ou responsável pode levar o relacionamento romântico de seu adolescente a uma direção mais saudável seguindo duas etapas simples:

  1. Discuta relacionamentos e sexo com meninos adolescentes. Pesquisas anteriores apontaram que tendemos a discutir sexo e intimidade com nossas filhas mais do que com nossos filhos. Para proteger meninos e meninas adolescentes de dinâmicas de relacionamento prejudiciais, não espere pela ‘conversa’ – em vez disso, converse frequentemente com ambos.
  2. Não tema relacionamentos adolescentes. Pensar e falar sobre o que deve ser valorizado nos relacionamentos ajuda os adolescentes a construir relacionamentos melhores e estabelece uma base geral mais forte para seus relacionamentos como adultos.