O aprendizado de um indivíduo não é um fenômeno fixo e imutável, muito pelo contrário! É um processo que se inicia desde o seu nascimento, e por que não dizer deste a sua formação intrauterina. O fato é que estamos cercados por elementos relacionados com a educação a todo momento. Educação esta que tem sido diferenciada como formal (quando ocorre em instituições de ensino), e com uma educação intencional e informal (quando esta ocorre ao “acaso”, resultante, por exemplo, de relações interpessoais ou atos de observações).
O ensino se apoia em diversas abordagens que possuem embasamento de cada teoria da aprendizagem, como por exemplo: humanismo, comportamentalismo e cognitivismo. Mas, independentemente da abordagem teórica por que se fala tanto atualmente em aprendizagem significativa?
Circuitos cerebrais
Bom, é importante ressaltar que durante o processo de ensino e aprendizagem que ocorre no ambiente escolar, existem os elementos centrais para que esse desenvolvimento ocorra com sucesso: o aluno, o professor e o contexto escolar. Baseado nisso e nos avanços científicos que trazem vários estudos das Neurociências fazendo uma importante interseção com a área Educacional, começou-se a perceber que a aprendizagem envolve circuitos cerebrais importantes e que, assim como os diferentes comportamentos, a aprendizagem também tem relação direta com nosso cérebro. Tanto o processo de aprendizagem como também nossos comportamentos são mediados por processos neuroquímicos. Isso se explica porque os circuitos neurais incorporam experiências aprendidas, que se transformam em informações que ficam registradas em nossa memória, formando novos repertórios comportamentais. Através desse olhar neurocientífico dialogando com a Educação e a Psicologia, a aprendizagem passa a ser vista como um processo que envolve aspectos cognitivos, emocionais, adaptativos, sociais, motores e linguísticos. Por isso, o educando é visto como um sujeito cerebral único, com diferentes habilidades e possibilidades, um ser biopsicossocial.
Oportunidades ímpares
Esses conhecimentos neurocientíficos atrelados ao processo educacional permitem criar estratégias diferenciadas que venham ao encontro de cada situação, promovendo assim oportunidades ímpares para cada educando. Isso é possível a partir do momento em que o educador também descobre seu potencial transformador numa sala de aula que apesar de sua pluralidade, recebe singularidades de cada ser.
Por isso, quando a informação recebida faz sentido e tem mais significado nosso cérebro é estimulado de maneira especial. Os órgãos dos sentidos enviam as informações recebidas até o cérebro e se um estímulo importante é captado, principalmente se tiver “valor emocional positivo”, vai mobilizar a atenção, que atingirá áreas cerebrais específicas, envolvendo assim a emoção, cognição e a motivação. Portanto, podemos dizer que a emoção dá sentido à cognição e à aprendizagem. Aprende-se quando há o envolvimento ativo no processo de aprendizagem por meio da mobilização de atividades e na interação com o outro. Aprender é um processo também neurofisiológico. Quando se compreende isso, percebe-se o quanto é importante esse processo de ensino e aprendizagem e a importância dos educadores nesse processo, por serem profissionais que podem ajudar a potencializar o que há de melhor no outro e em si mesmo.
Logo, estar presente no contexto escolar e principalmente em uma sala de aula é transformador, por isso essa posição precisa ser valorizada, apoiada e ressignificada para que resultados surpreendentes aconteçam. Pensando dessa forma, aumentam as probabilidades de o educador compreender melhor como o cérebro aprende e perceber que existem várias formas de ensinar, já que são várias as formas de aprender. Por isso, falar de aprendizagem significativa é fundamental. Os alunos mudam, os professores mudam, os anos vão passando e as estratégias educacionais não podem permanecer as mesmas de décadas passadas. Entender que nosso cérebro tem o poder de se transformar continuamente possibilita romper os muros que separavam educadores de educandos e principalmente, permite uma releitura sobre os processos educacionais, agora mais pautado no afeto e na interação.
Experiências socioemocionais
A aprendizagem escolar abrange não só os conteúdos formais, mas também as informações experienciadas socioemocionais, e isso é um fato importante principalmente, nos dias atuais.
Nosso cérebro precisa amar e se sentir amado e isso não é diferente em relação ao processo de ensino e aprendizagem. As neurociências trazem sempre importantes contribuições sobre isso, tanto para os educadores, como também para os familiares e demais pessoas interessadas em saber como o cérebro funciona. Conhecer as particularidades do cérebro humano é primordial para compreender o quanto somos capazes de aprender, reaprender e nos desenvolver. Alinhar esses conhecimentos ao processo de aprendizagem, por exemplo, mostra a importância do papel do educador e o quanto essa relação com o educando pode contar uma história que muitas vezes fica registrada na memória afetiva. Certamente, aprende-se melhor em uma esfera de amor e envolvimento. Na Educação, esse amor traduz-se em afeto e, por consequência, em reações bioquímicas muito satisfatórias para nosso cérebro.