O Design Thinking (DT) é, para uns, uma das metodologias que pretende auxiliar na solução de problemas[i] [ii]. Para outros, é apenas uma abordagem[iii] [iv] [v] [vi]. Embora criada para o ambiente corporativo (e utilizada largamente no âmbito corporativo para ideias inovadoras), já tem várias aplicações na área educacional, auxiliando no processo de geração de ideias criativas para solução de problemas.

Como funciona?

Metodologia ou abordagem, o DT funciona com base no trabalho colaborativo, visando desenvolver a empatia como base do processo educativo. É baseada no fator humano, portanto serve para contemplar as necessidades individuais dos alunos. Os autores identificam quatro ou cinco fases do processo de DT. Algumas delas propõe pequenas diferenças em suas fases. São elas:

Descoberta, Descobrimento, Imersão ou Definição – cria-se ou sugere-se um desafio a ser enfrentado, na forma de uma oportunidade. Nesta etapa, levantam-se questões que identificam o problema a ser resolvido. A questão chave é como abordar o problema, e para isso utiliza-se a pesquisa como fonte de informações, podendo estar ser feita pela internet, por entrevistas, recursos bibliográficos etc. Nesta fase inicial, já se inicia a busca por possíveis soluções, em especial com base na observação. São indicados os seguintes passos básicos[vii]:

  • “Revise o desafio junto com a turma
  • Cada aluno compartilha o que sabe
  • Construção de equipes
  • Definição do público envolvido na resolução do problema
  • Estabelecer um plano de coleta de informações
  • Coleta de informações”

Interpretação, Empatia ou Análise e Síntese – com base no conhecimento prévio dos alunos e em suas percepções, inicia-se a etapa da geração de insights. Os alunos devem interpretar as descobertas a partir de sua documentação, de seus significados e devem transformar seus insights em ações, agrupando-os por temas comuns. Todas as interpretações são válidas, sem nenhuma forma de preconceito. Para facilitar o processo pode-se utilizar perguntas facilitadoras, questionamentos que podem auxiliar na elaboração de argumentos[viii].

Ideação ou Visualização– como o nome sugere, é a fase de visualização e criação de ideias, com base na reflexão e na criatividade para as soluções para o problema. É a oportunidade que dá margem à criatividade para soluções. Pode-se utilizar técnicas como o Brainstorming (tempestade de ideias) para a geração das ideias. Segundo João Mattar, nesta fase deve-se explorar amplamente as ideias, tanto em termos de quantidade, quanto de diversidade[ix].

Experimentação ou Prototipação – nesta etapa procura-se vivenciar o problema e suas soluções, para concretização, dando forma à ideia, por meio de, por exemplo, produção de vídeos, maquetes ou modelos, historyboards, histórias ou anúncios, e teatralização, entre outras ideias possíveis. É importante experimentar ou prototipar, pois pode-se resolver desentendimentos de opiniões, testar rapidamente e de forma barata, estabelecer comunicação com os usuários. Nesta fase também se dão os feedbacks e opiniões de público externo, se possível.

Evolução ou Testes e Melhorias– a última etapa diz respeito à avaliação dos resultados e do processo, buscando entender como funcionou e buscar melhorias para uma próxima vez. Busca o aprimoramento

Alguns autores colocam a empatia antes da definição como uma etapa, e englobam a interpretação e a definição como sendo a segunda etapa. São algumas variações, mas o processo é basicamente o mesmo nas fontes pesquisadas.

Uso de softwares, e-books e toolkits

Alguns autores sugerem materiais na forma de e-books, toolkits e softwares para incrementar ainda mais o Design Thinking.

  • Debora Garofalo[x]  lista e dá os links do Mind Note (visualizador de ideias), Free Mind (criação de mapa mental), Ree Plane (organizador de ideias) e Coggle (mapa mental colaborativo).
  • O site EducaDigital[xi] apresenta um Toolkit muito interessante, com e-book, caderno de atividades e um plano digital.

Pelo exposto, fica bem claro que a metodologia ou abordagem do Design Thinking é uma forma bastante atraente de dinamizar a sala de aula, tornando o aluno um protagonista da própria aprendizagem e um aprendiz ativo e colaborativo, empático e extremamente motivado. Claramente, como em outras metodologias ativas, o professor tem um papel primordial na organização e planejamento, bem como no manejo e incentivo à aprendizagem na forma de um tutor ou orientador.

Claramente também, há que se criar a cultura da aprendizagem colaborativa, o que não é automático. O aluno não está acostumado a pensar desta forma, e muito menos a agir e criar dentro dessa perspectiva. A escola e os professores necessitam de formação e de incentivo da gestão para arriscar e propiciar aos alunos uma forma diferente de ensinar e aprender.

É um caminho trabalhoso, em princípio, mas que traz muitos benefícios mútuos para todos os envolvidos.

E MAIS…

Tópicos de benefícios

  1. Desenvolve uma forma de pensamento centrada na pessoa.
  2. Promove empatia.
  3. Faz com que o aluno se concentre na sua própria aprendizagem, promove autoconhecimento.
  4. Incentiva a participação ativa do aluno.
  5. Incentiva o senso crítico, e as ideias inovadoras e criativas.
  6. Estimula o protagonismo dos alunos.
  7. Incentiva a aprendizagem das habilidades necessárias para lidar com desafios e transformações constantes do mundo, como as habilidades de comunicação.
  8. Estimula a motivação e o interesse pelas atividades de aula.

Referências


[i] GAROFALO, Debora. Design Thinking: o que é e como usar na sala de aula. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/12457/design-thinking-o-que-e-e-como-usar-em-sala-de-aula>. Acesso em: 07/08/2022. Publicado em: 28/08/2018.

[ii] EXPLICA MAIS. Design Thinking na Educação. Disponível em: <https://www.explicamais.com.br/design-thinking-na-educacao/>. Acesso em: 07/08/2020.

[iii] TUTORMUNDI. Como aplicar o design thinking em cinco passos. Disponível em: <https://tutormundi.com/blog/design-thinking-na-educacao/>. Acesso em: 07/08/2022.

[iv] ESCOLA DIGITAL PROFESSOR. Design Thinking. Disponível em: <https://professor.escoladigital.pr.gov.br/design_thinking>. Acesso em: 07/08/2022

[v] EDUCADIGITAL. Design Thinking para educadores. Disponível em: <https://educadigital.org.br/dteducadores/>.

[vi] DESAFIOS DA EDUCAÇÃO. Design thinking: o que é e como aplicá-lo na educação. Disponível em: <https://desafiosdaeducacao.com.br/design-thinking-educacao/>. Acesso em: 07/08/2022. Publicado em: 13/07/2020.

[vii] TUTORMUNDI, Op. Cit.

[viii] COLIN, Alex. Design thinking na educação: criando aulas mais criativas e inovadoras. Disponível em: <https://www.geekie.com.br/blog/design-thinking-na-educacao-para-tornar-o-pensamento-visivel>. Acesso em: 07/08/2022. Publicado em: 13/02/2022.

[ix] MATTAR, João. Metodologias ativas: para a educação presencial, blended e à distância.

[x] GAROFALO, Débora. Op. Cit.;

[xi] EDUCADIGITAL, Op. Cit.