Criado a partir de uma mescla de yoga ancestral com conceitos de outras práticas terapêuticas, o Método Kaiut, de autoria do professor de yoga, quiroprata e terapeuta natural Francisco Kaiut, adapta a prática milenar às necessidades da vida humana moderna. As posições funcionam como sistemas complexos de alavancas, operando biomecanicamente. Cada posição corresponde a uma necessidade do corpo, tendo efeito em uma ou várias articulações ao mesmo tempo.

A metodologia aplicada em suas aulas é integrativa e altamente terapêutica, servindo para todos os tipos de corpos. Cada uma dessas aulas é criada com a intenção de aumentar a liberdade de movimento e a integração mente e corpo, promovendo estímulos articulares que reconectam o cérebro e o corpo e gerando resultados tão positivos que acabam transformando a prática de yoga em algo tão habitual quanto escovar os dentes.

Diferentemente dos métodos mais tradicionais, que buscam posições únicas e perfeitas, o Método Kaiut procura entender a necessidade de cada aluno e adaptar as posições para que tragam alívio e resultado a todos. Com prática constante em escolas físicas e on-line, o método já comprovou seu vasto potencial terapêutico, aliviando dores crônicas que outrora pareciam não ter solução, diminuindo crises de ansiedade, estresse e esgotamento, recuperando mobilidade após cirurgias evasivas ou doenças e uma série de outros sintomas.

Acidente

Natural de Curitiba/PR, ainda na infância, quando tinha 6 anos, Francisco levou um tiro no quadril, um acidente que lhe causou dores crônicas durante a maior parte de sua vida. Esse acontecimento o levou a uma busca constante para o alívio dessas dores. Sempre muito ávido por leitura e genuinamente interessado em terapias alternativas, buscou formações diversas no Brasil e exterior. É formado em diferentes abordagens de yoga, massagem terapêutica de tecidos profundos, quiropraxia, reiki e massagem sueca.

Em 1994, ele abriu sua primeira clínica de massagem terapêutica e quiropraxia em Curitiba. Na prática diária com seus pacientes, percebeu que as técnicas, sozinhas, não eram capazes de atingir o resultado esperado, especialmente quando o problema eram dores crônicas. Assim, começou a investigar mais a fundo e criar suas próprias técnicas, mesclando saberes de diferentes áreas às quais tinha estudado.

Durante os seis meses em que morou na Inglaterra, Francisco ficou o máximo de tempo que pode em Whitechapel, bairro londrino com muita presença de cultura indiana. Lá, observou e aprendeu muito sobre yoga de uma perspectiva diferente da que conhecia no Brasil. Depois da experiência na Inglaterra, buscou formação na Itália, França e nos Estados Unidos.

Evolução social

Quando voltou ao Brasil, deu continuidade ao trabalho na clínica. Com novas especializações e uma visão global da prática de yoga como um método de cura, começou a criar as bases do Método Kaiut. Ele compreendeu, afinal, o que faltava para entregar um resultado curativo de forma natural e rápida.

Em sua visão, a principal razão pela qual o yoga ainda não entregava tanto resultado quanto deveria era porque a prática estava sendo usada desconsiderando a evolução social. Foi justamente esse olhar para a vida moderna, os corpos e mentes da vida contemporânea, que fez toda a diferença na criação do seu método.

Por que se tornou professor de yoga, quiroprata e terapeuta natural?

Essas escolhas de vida profissional e essa trajetória tiveram início ainda no final da minha adolescência. Por conta de um acidente de infância, eu sempre tive muita dor crônica, no quadril, nas pernas e muitas dores nas costas. Periodicamente eu tinha crises muito proibitivas, que me impediam de fazer qualquer esporte, qualquer coisa. E então fui apresentado para o yoga numa escola que tinha curso também de massagem terapêutica. De uma forma geral, eram cursos bons, que abriram meu horizonte para essa possibilidade profissional. Acabei cursando tanto a massagem terapêutica quanto a formação em yoga ainda jovem, com 16 para 17 anos, e me encantei. Com o tempo, fui me aprofundando cada vez mais e acabei estudando saúde natural na Inglaterra. Quando voltei, já bem influenciado por um método de quiropraxia inglês, estudei quiropraxia no Brasil, para estar um pouco mais próximo daquilo que tinha descoberto na Europa. Então continuei estudando e pesquisando muito nesse universo da saúde natural e do yoga. Até começar a desenvolver um trabalho autoral de saúde natural e um trabalho autoral com yoga, porque tudo o que eu tinha encontrado até então não vestia totalmente a necessidade do meu corpo, que tinha uma história de trauma muito complexa. De lá para cá, me vi cada vez mais apaixonado pelo universo da saúde a partir de recursos naturais. E hoje, para mim, o yoga preenche muito dessa minha paixão. Por isso, continuo desenvolvendo técnicas e abordagens diferentes para lidar com alunos terapêuticos, que é algo que faço muito tanto no Brasil quanto na Europa e nos Estados Unidos.

Como foi desenvolvido o Método Kaiut?

O Método Kaiut foi batizado com este nome pelos meus alunos dos Estados Unidos, onde comecei a formar professores de yoga muito antes de no Brasil. Eles sentiam uma necessidade de identificação para se apresentarem enquanto professores. Eu precisava de um yoga que fosse acessível e, ao mesmo tempo, que desse uma perspectiva de desenvolvimento e de longo prazo. Então desenvolvi o método pensando nisso e em não errar onde outros professores de métodos erraram: trabalhei bastante com lesões de yoga nos EUA de vários métodos, de professores que já tinham 20, 30 anos de carreira. Fundamentei muito de minhas escolhas no desenho do método no que vi que eram erros comuns ou recorrentes naqueles trabalhos. E eu queria fazer com que meu trabalho fosse sustentável e acolhesse o aluno dentro do seu processo de envelhecimento. Queria que o aluno envelhecesse dentro da sala de aula, fazendo aulas durante 10, 20, 30 anos com a sensação de estar sempre melhorando. E é o que tenho hoje. As pessoas começam em qualquer idade e, dentro do seu envelhecimento, percebem articulações, músculos, tecidos e mesmo o universo cognitivo melhorando com a prática.

Fale um pouco sobre o que é yoga e sua história.

Hoje, uma das visões mais fortes no universo da história do yoga é a de que começou logo depois do fim da última era do gelo, do último momento glacial no planeta, porque existem imagens que deixam subentendido que o yoga já estava lá há mais ou menos dez mil anos. Alguns autores chegam a citar dez mil anos antes de Cristo. E nasceu como um movimento praticamente natural, como um evento da natureza, quase como um brotar espontâneo antes ainda dos vedas (escrituras sagradas do hinduísmo). Tanto que já é descrito nos vedas como uma presença, uma entidade, uma técnica, uma prática existente. É descrito como um recurso que devolve ao ser humano à sua natureza. Então ainda lá atrás – os vedas acontecem durante a revolução agrícola – a impressão que se tem na análise histórica é de que havia percepção de que as mudanças de uso do corpo e alimentação gerariam perdas físicas e o yoga já era apresentado como um recurso para mitigar essas perdas. Por isso que, para mim, no meu trabalho, o yoga é um ativo de resgate da nossa natureza ancestral, da nossa alta capacidade de resiliência diante do estresse e diante de um envelhecimento que hoje parece ser frágil, mas que, milhares de anos atrás, era forte, era potente. E esse potencial pode ser resgatado por meio da prática do yoga.

Quais os benefícios físicos que o yoga traz?

Fisicamente, o yoga nos traz esse envelhecer sem perdas de equilíbrio, sem perdas de mobilidade, sem perdas articulares e com um grau muito menor de processos inflamatórios. Ele nos permite envelhecer da forma como fomos desenhados pela natureza para envelhecer, com uma saúde realmente ímpar. Movimento, potência muscular, absolutamente tudo que a gente pode pensar em termos de saúde física.

Quais os benefícios mentais?

Hoje as principais pesquisas ou matérias médicas sobre yoga como recurso terapêutico apontam para a preservação e ampliação do córtex pré-frontal com tudo que isso traz de benefícios tanto nas doenças degenerativas cerebrais, ou do sistema nervoso, quanto no potencial cognitivo. Então percebe-se, pelo uso adequado do corpo, o impacto no cérebro e, dessa forma, na mente. Assim, todos aqueles efeitos que a gente já sabe, mas não entende direito por que, fazem mais sentido. A redução do estresse, a redução da ansiedade, a habilidade de estar presente, a geração de estados meditativos espontâneos, tudo isso acontece como uma consequência natural do uso adequado do corpo. E, a partir do uso do corpo, do impacto positivo que esse uso gera no cérebro e, naturalmente, a consequência disso na mente humana e nas emoções também.

Fale um pouco sobre estas suas afirmações: “A sua mente é a sua melhor ferramenta. Use a seu favor. O sistema nervoso é a porta de entrada para uma mudança de grandes proporções”.

Nós confundimos um pouco mente, cérebro… A mente é uma ferramenta. Quando não muito educada, ou não muito bem nutrida, ela acaba aprendendo a se comportar de maneira ansiosa, sempre escapando do presente e se movendo para o momento futuro. Quando é mais educada, ela aprende a estar presente, nem no apego do passado, nem na ansiedade do futuro. E quando aprende a estar presente, ela aprende a pensar menos e de forma mais produtiva, o que engloba a escolha do pensar, do por que é pensado, quando pensar, que qualidade usar no processo de pensamento. E o sistema nervoso é a porta de entrada para essas mudanças de grandes proporções. Por meio do yoga, aprendemos a regular o que chamamos de sistema nervoso autônomo, fazendo o sistema como um todo sair de um modo estressado e reativo e entrar num modo de reorganização de equilíbrio e de nutrição celular. A partir da regulação nervosa que vem da prática, nós ganhamos essa oportunidade de pensar com muito mais eficiência e qualidade de maneira a sermos mais construtivos com a própria saúde. E aprendemos a inicializar o que a gente chama de um fenômeno de saúde metabólica natural, ou seja, equilibrar o sistema nervoso por meio do yoga tem uma consequência sistêmica em todos os níveis do ser.

Por que é tão difícil as pessoas dedicarem um tempo no seu dia a dia a esse cuidado com o corpo e a mente?

Eu não vejo que as pessoas têm dificuldade. As pessoas só não sabem que yoga pode fazer tão bem tão rapidamente. Dou aula em São Paulo diariamente e vejo que os alunos que me procuram não têm dificuldade em colocar a prática na rotina da vida. Eles percebem rapidamente o resultado colhido e percebem esse link direto entre tempo investido e resultado colhido. Penso que, alguns anos atrás, era mais difícil, sim. As pessoas estavam num estado crônico de estresse e muito treinadas pela vida para terem dificuldade em se cuidar. Hoje isso está mudando. Tenho tanto alunos de terceira idade quanto jovens, todos eles entendendo o valor de estarem presentes, o valor de cultivarem um estado de presença, o valor de manterem um exercício diário ou cotidiano que leva a um estado de paz de espírito ou de paz interior. Então eu acredito que isso está mudando. Não é mais como foi um dia. As pessoas estão muito mais abertas à possibilidade de viverem fazendo escolhas diárias de autocuidado.