No início deste mês, um verdadeiro “rebuliço” movimentou as redes sociais.
Milhares de pessoas questionando a respeito do desaparecimento dos
famosos filtros embelezadores de imagem, que são a sensação de um
determinado aplicativo da internet.

Ocorre que esse episódio (não se sabe se será definitivo ainda) reacende
a polarização e maximização do belo e perfeito, propagado pelas mídias,
popularizada com a utilização exagerada de ferramentas como os filtros
que evidenciam uma necessidade em apresentar uma aparência, distante da realidade, marcada pelo efeito computadorizado de medidas simétricas
perfeitas para impressionar.

Exagero pela perfeição

O exagero no uso dos filtros virtuais destaca o desejo da perfeição,
estabelecendo um senso de estética e padronizando perfis. E onde foram
parar os nossos rostos reais? As olheiras marcadas? As manchas na pele
causadas pela acne acentuada?

E as imperfeições naturais provocadas pelos sinais da idade que os
filtros insistem em esconder? Não tenham dúvidas quanto a afetação do
bem-estar e do psicológico do indivíduo que vive a partir de uma
realidade virtual distorcida, alimentando através da insatisfação com
sua aparência, uma tendência de baixa autoestima e, possível depressão,
desconstruindo o real.

Cultua do belo

Atendendo aos apelos de uma sociedade que cultua o belo e promove uma
extrema exposição, através do vício danoso da manipulação da própria
imagem. Neste caso, o desejo e a vontade em pertencer ao grupo dos belos
e perfeitos, dos rostos simétricos classificados por rótulos, em
contraponto a busca de expressão de sua própria individualidade que, na
maior parte das vezes, justifica-se por um sentimento de insuficiência e
competição.

O exagero nesta utilização dos filtros embelezadores alimenta o
sentimento narcísico do ser humano e aumenta sua necessidade de
espelhamento, pois estimula o desejo de que o outro o perceba sempre
belo e perfeito, expondo, de forma excessiva, suas emoções e promovendo
distorções depressivas através de crises de ansiedade e de uma possível
sensação de opressão, uma vez que não se consegue ser feliz sendo ele
mesmo. Da forma como se é.

Efeitos psicológicos

Por isso, é importante estarmos atentos a estes efeitos psicológicos da
vida digital que, superestimam a nossa imagem e podem desencadear o que
chamamos de Síndrome da decepção continuada, quando não mais me
reconheço como sou. Minha imagem real não agrada e só consigo aceitar a
imagem que será perfeita para a sociedade.

Portanto, a busca e predileção por imagens e perfis mais positivos e,
esteticamente, mais atraentes, refletem uma falsa realidade e a mais
pura rejeição da imagem real e segura em prol de uma imagem desejável e
aceitável por todos.

Perceba que, quando isso acontece, também está sendo rejeitado o amor
próprio e evidenciado os mais variados complexos, camuflados por uma
necessidade de reconhecimento. Porque eliminar sua individualidade
através das redes sociais? Onde está sua aceitação? Ou seja, se faz
necessário refletir sobre seu comportamento e postura nas mídias.

E MAIS…

Controle da pulsão

É importante controlar o vício da manipulação da imagem e fugir da imposição neurótica de uma vida de aparências, pois o ser humano não morre quando o coração para de bater, ele morre quando deixa de se sentir e se perceber de verdade.