Além do recrutamento de voluntárias, o estudo promoverá encontros online, entre os dias 2 e 23 de maio, para que as participantes possam compartilhar experiências e receber suporte em suas vivências.
O estudo é realizado pela graduanda em Terapia Ocupacional da UFSCar Esther Lopes, sob a orientação das professoras Jamile Bussadori, do Departamento de Enfermagem, e Sabrina Ferigato, do Departamento de Terapia Ocupacional da Instituição.
Risco de estresse pós-traumático
De acordo com a Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres a uma Vida Livre de Violência, a violência obstétrica refere-se à apropriação do corpo e de processos reprodutivos das mulheres por profissionais de saúde, expressa através de um tratamento desumanizador, em um abuso de medicalização e de patologização dos processos naturais, ocasionando em perda de autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando negativamente a qualidade de vida das mulheres. Segundo Esther Lopes, estudos já realizados sobre a temática evidenciam a violência obstétrica como fator de risco para estresse pós-traumático após o parto, bem como as correlações dessa violência com impactos psicológicos e na criação de vínculo com os filhos, uma vez que deixa marcas no inconsciente, nas memórias, lembranças, nas emoções, nos momentos revividos individualmente.
Nesse contexto, a pesquisadora destaca a importância do estudo para a compreensão acerca das diversas repercussões da violência obstétrica no cotidiano das mulheres que a vivenciam, bem como a escassez de estudos sobre a violência obstétrica na área de Terapia Ocupacional. “Espera-se que sejam possíveis encontrar correlações entre a violência obstétrica e a ocorrência de impactos na saúde mental e, consequentemente, na vida cotidiana das mulheres que são vítimas dela”, relata Lopes sobre a expectativa da pesquisa.
vivências das mulheres vítimas
Além do desenvolvimento da pesquisa, também será realizado um grupo focal, com encontros online semanais, entre 2 e 23 de maio, com duas horas de duração. A partir desses momentos, a expectativa é identificar a pluralidade de perspectivas e modos de lidar com a violência através do compartilhamento de experiências, a promoção de trocas entre as participantes e o oferecimento de suporte acerca das vivências das mulheres vítimas da violência obstétrica. “Espero que nesses encontros sejam criados espaços de expressão e trocas que possibilitem dar voz e empoderamento a estas mulheres, de forma a ressignificar os processos de enfrentamento desta violência”, expõe.
Para a pesquisadora, o combate à violência obstétrica se dá pela conscientização de profissionais e futuros profissionais de saúde sobre a importância da humanização do cuidado e do oferecimento de uma assistência baseada em evidências, possibilitando o protagonismo da gestante durante o cuidado pré-natal, durante o parto e puerpério. “Ademais, também considero a luta de mulheres e profissionais da assistência por um parto humanizado de extrema importância, uma vez que a busca por direitos, os relatos de mulheres vítimas de violência obstétrica e a sensibilização sobre o tema contribuem para a construção de uma assistência cada vez mais qualificada e humanizada”, conclui a graduanda da UFSCar.