A memória é um dos fatores mais importantes para o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Fundamental tanto na vida pessoal quanto profissional, seu bom funcionamento é essencial para uma maior capacidade de resolução de problemas e raciocínio. No entanto, existem alguns hábitos comuns que podem afetar essa importante habilidade.

Nesta entrevista, o tema é abordado pelo PhD em neurociências Fábio Rodrigues, médico com especialização em cirurgia geral e bariátrica e pós-graduação em cirurgia minimamente invasiva. Atualmente, além das cirurgias da obesidade, vem concentrando seu foco na performance dos pacientes no período pós-cirúrgico. Ele é um dos autores do artigo ‘Desenvolvendo um cérebro ágil: como os hábitos influenciam na aprendizagem, memorização e como obter melhor desempenho’, publicado na revista Scopus.

Os hábitos se sobressaem aos fatores genéticos quando se trata de memória?

Os hábitos têm um papel fundamental na nossa memória e na nossa saúde cognitiva em geral, embora a genética possa influenciar certas características, como a capacidade de memorização de curto prazo. Estudos mostram que nossos hábitos diários têm uma influência muito maior na nossa memória em longo prazo.

Qual a relação do sono com a memória?

O sono é fundamental para evitar doenças e consolidar memórias. É nesse momento que acontece o REM, no qual memórias adquiridas durante o dia passam da memória de trabalho para a de longo prazo. A privação prolongada do sono causa uma espécie de fator epigenético, em que genes são alterados na região do hipocampo, prejudicando a capacidade de memorização.

E qual a importância da alimentação para a memória?

Alimentos possuem nutrientes e proteínas importantes para a manutenção e o bom funcionamento cognitivo. Alimentos que contêm ômega 3, frutas e verduras, nozes, ovos, abacates, chocolate, chá verde e cúrcuma trazem benefícios anti-inflamatórios, antioxidantes, fortalecimento de funções cognitivas, renovação de neurônios, proteção contra doenças neurodegenerativas, entre outros.

E das emoções?

Emoções antecipam necessidades básicas, ativando as regiões da área tegmental ventral, substância cinzenta periaquedutal e gânglios da base do cérebro. Emoções estão relacionadas com a cognição, considerando-as como suas ramificações em processos complexos de interação. O sistema de busca, podendo se considerar como sistema de recompensa, é responsável por observar estímulos ambientais e engajar e motivar o indivíduo para estudar e obter conhecimento.