Verifica-se que, cada vez mais, o ambiente de trabalho dá algumas prioridades como: valores econômicos em detrimento dos valores humanos.
Hoje, verifica-se um grande aumento na frequência destes comportamentos em profissionais que levam atividades de trabalho adicional para casa, com sobrecarga de horas de trabalho, remuneração incompatível com seu trabalho, divisão não equitativa das tarefas e dedicação excessiva a atividades que pouco acrescentam à carreira e a falta de reconhecimento do profissional.
Assim, uma das primeiras reações ligadas ao estresse e ao trabalho é uma grande sensação de exaustão, esgotamento, sobrecarga física e mental, e dificuldades de relacionamento.
Ineficiência e insatisfação
As pessoas se tornam mais distantes e frias com relação ao trabalho e aos colegas, uma vez que sentem que é mais seguro ficar indiferente. E, como consequência do distanciamento, pode surgir a ineficiência profissional e a insatisfação pessoal do profissional.
Quando os profissionais se sentem ou mesmo se tornam ineficientes, perdem a confiança na própria capacidade de fazer diferença, e, à medida que perdem a autoconfiança, os outros também perdem a confiança neles, assim afetando ainda mais sua auto confiança e despertando a maior probabilidade do desgaste físico e emocional.
Na tentativa de lidar com este degaste emocional, podem surgir dificuldades no relacionamento com os colegas de trabalho, a família e com os amigos.
Abandono da profissão
O ápice do desgaste é atingido quando, não suportando mais, as pessoas optam pelo abandono da profissão. Mesmo que às vezes seja necessária, essa decisão pode ser dolorosa, pois significa o abandono de uma carreira que um dia já foi fonte de orgulho, prestígio e identidade pessoal.
Burnout é uma palavra inglesa que pode ser traduzida como “queima após desgaste”. Refere-se a algo que deixou de funcionar por exaustão. O dicionário define to burn out como “se tornar exausto após excessiva demanda de energia ou força”. O
termo começou a ser usado como metáfora a fim de explicar o sofrimento da pessoa no ambiente de trabalho, criando perda de motivação e alto grau de insatisfação decorrentes dessa exaustão.
Definição mais utilizada
A definição mais utilizada de Burnout é a de Maslach e Jackson (1985), “Burnout é uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional que pode ocorrer entre indivíduos que trabalham com pessoas”.
O fato de reduzir os recursos emocionais internos causadas pelas demandas interpessoais gera a exaustão emocional.
A despersonalização reflete o desenvolvimento de atitudes frias, negativas e insensíveis direcionadas aos receptores de um serviço prestado, traduzindo a desumanização, a hostilidade, a intolerância e o tratamento impessoal das pessoas com Burnout para com seus clientes, colegas e superiores.
Por fim, a sensação de baixa realização profissional evidência que pessoas que sofrem de Burnout tendem a acreditar que seus objetivos profissionais não foram atingidos e vivenciam uma sensação de insuficiência e baixa autoestima profissional e até mesmo pessoal.
Estresse laboral crônico
Exaustão refere-se à fadiga, independentemente de sua causa; despersonalização reflete uma atitude indiferente e distante com relação ao trabalho e não em relação às pessoas envolvidas diretamente com esse trabalho; e a reduzida realização profissional envolve aspectos tanto sociais quanto não sociais da realização ocupacional (SCHAUFELI; BUUNK, 2003).
Não há uma definição única para designar Burnout, mas um consenso entre estudiosos do assunto, como Codo, Benevides-Pereira e Gil-Monte, que definem Burnout como uma resposta ao estresse laboral crônico, desencadeada pela falha ou insuficiência dos métodos de enfrentamento utilizados para lidar com os agentes estressores.
Para Maslach, “o Burnout é uma reação cumulativa a estressores ocupacionais contínuos e se caracteriza por cronicidade, ruptura da adaptação, desenvolvimento de atitudes negativas e comportamentos de redução da realização pessoal no trabalho”.
Baixa produtividade
Alguns estudos publicados demonstram que Burnout é uma síndrome que tem atingido trabalhadores em diversas profissões. É um problema que afeta principalmente os trabalhadores encarregados de cuidar de outros, como profissionais da área da saúde, educação, policiais e agentes penitenciários, entre outros, das quais são profissões que possuem intensos e frequente contato direto com as pessoas.
É uma experiência que gera sentimentos e atitudes negativas com seu trabalho, podendo gerar desprazer, desgaste, perda do empenho. Suas consequências podem ser o absenteísmo, abandono do emprego, baixa produtividade.
As características pessoais têm o papel de facilitadores ou inibidores da ação dos agentes estressores. Elas interagem de modo complexo com estes agentes, inibindo, eliminando ou intensificando o quadro.
Pessoas mais competitivas, esforçadas, impacientes, com excessiva necessidade de controle, dificuldade de tolerar frustração, baixa autoestima em geral apresentam maior propensão ao desenvolvimento da síndrome.
Exaustão emocional
As pessoas muito envolvidas com seu trabalho e que têm as características de personalidade citadas anteriormente, apresentam risco para desenvolvimento da síndrome. Somente indivíduos que atribuem grande significado a seu trabalho são suscetíveis ao Burnout, pois estão envolvidos de forma intensa com o que realizam, podendo sofrer uma ruptura da adaptação no confronto com os estressores; já os profissionais com menor grau de envolvimento com suas atividades laborais, sem grandes expectativas em relação a elas, sofreriam de estresse ocupacional.
[…] o estresse ocupacional ocorre quando há um confronto entre as demandas do trabalho e os recursos adaptativos da pessoa. O termo é genérico e se refere a um processo temporário de adaptação, acompanhado de sintomas físicos e mentais.
A exaustão emocional é a primeira reação ao estresse gerado pelas exigências do trabalho. Uma vez exaustas, as pessoas sentem cansaço físico e emocional, com dificuldade de relaxar. A exaustão é a característica central do Burnout, a manifestação mais óbvia, sendo a principal queixa dos indivíduos que sofrem dessa síndrome.
Diante dos sintomas psicológicos e físicos, o profissional desenvolve a despersonalização, que se caracteriza por atitudes frias e negativas, ocorrendo um tratamento depreciativo com relação às pessoas diretamente envolvidas com o trabalho, como clientes, colegas e superiores. O trabalhador começa a ser cínico e irônico com os receptores de seu trabalho.
Grandes consequências
Uma vez que o profissional se sente ineficiente, com diminuição da autoconfiança e sensação de fracasso, ocorre redução na realização pessoal no trabalho.
Com relação ao ambiente de trabalho dos psicólogos em particular, destacam-se alguns agentes estressores que elevariam a possibilidade da ocorrência do Burnout: demandas excessivas que diminuem a qualidade do atendimento, grandes jornadas de trabalho, numerosos plantões, baixa remuneração, necessidade de lidar com sofrimento e morte, e exposição constante ao risco, entre outros.