Sim, muitas pessoas, (muitas mesmo) se reconhecerão nesse texto. Já vínhamos em tempos de empoderamento e independência de homens e mulheres, que escolheram se relacionar ou não; casar ou serem solteiros; relacionamento monogâmico ou aberto, mas que, na privacidade da confissão à terapeuta, ouço muito: “Fabi, vou confessar uma coisa, no fundo, no fundo, eu queria me relacionar amorosamente novamente, viver o amor novamente, mas escolhi estar solteiro(a) e, pior que isso, nem beijo na boca mais; fujo, cansei de me frustrar com relações furadas”.
O que responder nesse momento? Desafiante…
Quem escolheu estar indisponível? Por causa de quem? Um ciclo sem fim, e cada vez mais pessoas se “fecham para balanço”, e algumas vezes não mais se reabrem.
Relacionar-se é uma arte
Sim, uma arte! Falando do aspecto emocional, do trabalho terapêutico, o que trabalho com essas pessoas é “a arte de dizer sim, cada vez que o mundo diz não”. É preciso trabalhar a arte da expectativa e da frustração. Como se levantar a cada vez que somos frustrados.
Digo muito em consultório que não estamos no mundo a passeio. Não, não quero dizer que acredito que se relacionar seja um passeio, muito pelo contrário, relacionar-se é muito desafiante, talvez um dos mais desafiantes dos aprendizados. Quero dizer que desistir não é a única saída, e gostaria que não fosse a opção de ninguém. Amar é nobre, o sentimento mais libertador dos seres humanos.
Relacionar-se é tão desafiante, pois não depende só de você. Claro que pode fazer sua parte, muito bem feita, trabalhando seu autoconhecimento, sabendo quem é, o que deseja de um parceiro(a), e quais são seus processos emocionais que se repetem, que o leva a não encontrar ou se perder ao encontrar alguém.
Nada é para sempre
Outro vilão é o “até que a vida nos separe”. Pessoalmente, adoraria saber quem inventou essa crença limitante. Nada é para sempre, mesmo um amor lindo, de sessenta anos juntos, não foi para sempre. Houve altos e baixos, e muitos ciclos encerrados e reiniciados com o mesmo parceiro; ninguém é o mesmo uma vida toda, felizmente. Estamos em evolução o tempo todo, com o mesmo parceiro(a), ou outro(a) com que venhamos a nos relacionar. Relacionar-se é a arte de evoluir no amor, aprender a ficar triste, sim, quando chega ao fim; mas, aprender, agradecer o que se viveu, e recomeçar.
“Poxa, Fabiana, recomeçar é muito dolorido, não quero mais sentir isso!”. Isso também é uma escolha. Entretanto, ao fazer essa escolha, você estará optando por não mais viver momentos de amor, e também tudo bem, se isso for mesmo uma escolha clara, objetiva e que venha de uma decisão sua. Não pela “causa versus efeito” do outro.
Encontros e desencontros
O problema de viver no “Deus me livre, mas quem me dera…”, é que, quanticamente, você se fecha à possibilidade de um novo amor, mas não tem certeza se escolheu verdadeiramente não se relacionar mais. Porém, lançou essa mensagem para o Universo, e para os outros seres humanos, que não quer mais.
Emocionalmente e energeticamente, essa é a mensagem transmitida e é fato que atraímos o que vibramos. Portanto, reconhece-se um ciclo vicioso e um tanto torto em que tantas pessoas querem se encontrar, mas se perdem em sua própria autodefesa. Pense nisso…
Como dizia o poeta Vinicius de Moraes: “São os encontros e desencontros da vida”.
O problema é que ultimamente, os desencontros tem tomado proporções que nem a poesia tem dado conta.