O termo Anuptofobia significa o medo irracional de não encontrar um parceiro. De acordo com a psicóloga Adriana Nunan, o transtorno acomete indivíduos entre 30 e 40 anos de idade, de ambos os sexos, mas parece ser mais prevalente em mulheres, devido a fatores sociais e culturais. Junto desse transtorno emocional, especialistas afirmam que é possível vivenciar depressão, ansiedade, transtornos de vínculo afetivo, baixa autoestima, insegurança, ciúmes e dependência afetiva.

Pressão feminina

Especialmente entre as mulheres, formar uma família e ter filhos foi sinônimo de sucesso durante séculos e ainda é uma crença em muitas culturas.

Muitas mulheres internalizaram o papel de recomendações sociais feitas por familiares e amigos de que estar solteira é um fracasso social. Para Thays Babo, psicóloga clínica e mestre pela PUC-Rio, existe uma pressão social para o casamento. “Já diminuiu em relação à época de nossas mães e avós, mas muitas se sentem ainda pressionadas”.  A psicóloga alerta que, segundo a Terapia do Esquema, pessoas com esquemas de privação emocional, de abandono, de fracasso e de defectividade podem ser mais propensas a sofrer de Anuptafobia. 

Como diagnosticar?

Há também a sensação de que o matrimônio represente um lugar estável, seguro e seja um projeto de vida em comum por um longo prazo. Estar solteiro pode ser entendido como um fator limitante para o convívio social e torna o indivíduo mais vulnerável a experiências negativas.

Afinal de contas, quais os sinais de que alguém está sofrendo desse transtorno? “Nem sempre as pessoas percebem. Pode ser uma queixa que ela só compartilhe com amigos ou em terapia”, comenta Thays. No entanto, alguns sinais demonstram que a pessoa deve procurar ajuda. “Quando a pessoa emenda um relacionamento no outro, comportamento conhecido como monogamia sequencial, ou quando começa a restringir a ida a eventos em que todas as pessoas são casadas, são sinais de alerta para avaliar”, destaca.

Abordagens terapêuticas

Um dos meios para evitar cair na armadilha de alimentar esse tipo de transtorno é buscar Psicoterapia. Uma das tarefas iniciais da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é o chamado RDPD (registro diário de pensamentos disfuncionais) que ensina a monitorar os seus pensamentos e registrá-los. “Através deste exercício, o psicoterapeuta pode identificar as crenças centrais do cliente sobre si mesmo e sobre o mundo e fazer uma reestruturação cognitiva”, explica.

Outras abordagens, como a Terapia do Esquema e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), também auxiliam a tratar a Anuptofobia, que costuma aparecer misturado com outras queixas. É preciso compreender que valores a pessoa busca alcançar por meio do casamento. “Será o desejo de conexão, segurança, pertencimento? Ou será diversão, sexualidade, intimidade? Conhecendo-se melhor, a pessoa fica consciente do que busca no casamento. Assim, pode diminuir sua fobia de ficar solteira e fazer escolhas melhores e não precipitadas”, aconselha Thays.

E MAIS…

Manifestações do transtorno

Alguns padrões de comportamento podem representar os Indivíduos com Anuptafobia, mas eles tem características diferentes para quem está solteiro e para quem está em um relacionamento. Conheça alguns deles:

Pessoas com Anuptafobia que estão solteiras no momento:

  • Vitimização excessiva por estar solteiro.
  • Profundo sentimento de solidão.
  • Deixar de lado trabalho, família, amigos ou projetos pessoais, pois o único objetivo que importa na vida é o de encontrar parceiro.
  • Insatisfação com qualquer experiência de lazer que não se destine a encontrar um parceiro.
  • Tentativas de encontrar parceiros em ambientes inadequados (ex: no trabalho).
  • Pedir constantemente a amigos e familiares para ser apresentado a potenciais parceiros.
  • Evitação de ambientes ou atividades com grande número de casais.
  • Promiscuidade e comportamentos limite (vale tudo para encontrar alguém).
  • Divisão de outras pessoas como “sem parceiro” x “com parceiro”.
  • Observar constantemente o comportamento de casais e ruminar pensamentos de “como será que conseguiram?”.
  • Críticas constantes aos parceiros dos amigos.
  • Crença de que estar sozinho é um castigo e de que pessoas solteiras são imaturas, vazias, fracassadas ou defeituosas de alguma forma.
  • Perguntar-se o tempo todo “o que há de errado comigo?”.
  • Acreditar que casar-se e ter filhos é garantia de felicidade e sentido existencial.
  • Esperar por e planejar em detalhes o relacionamento perfeito, casamento, filhos etc.

Pessoas com Anuptafobia que estão em relacionamentos amorosos no momento:

  • Emendar uma relação na outra, apenas para não ficar sozinho.
  • Casar-se rapidamente, sem avaliar a qualidade da relação e suas consequências.
  • Fundir-se com os gostos e opiniões do parceiro por medo de ser abandonado.
  • Manter relacionamentos nocivos ou violentos por medo de ficar solteiro novamente.
  • Incapacidade para desfrutar de atividades sem a companhia do parceiro.
  • Necessidade constante de exibir a felicidade do casal para outras pessoas, sobretudo através de postagens em redes sociais.
  • Depressão e profundo sentimento de fracasso pessoal no caso de término do relacionamento.

Fonte: psicóloga Adriana Nunan