O estresse ocupacional é caracterizado por fatores situacionais no trabalho que excedem os recursos individuais, de tal forma que nossa integridade psicobiológica está em perigo (Lazarus & Folkman, 1984): uma maneira sofisticada de explicar a sobrecarga e a opressão por questões relacionadas às atividades do trabalho. É bem documentado e amplamente conhecido que o estresse ocupacional pode levar a problemas de saúde mental, mas como isso ocorre é menos conhecido.
O bom estresse
O bom estresse (no vernáculo) é processado de forma adaptativa e há benefícios nas respostas inflamatórias transitórias. No entanto, a exposição aguda ou prolongada ao estresse no trabalho pode prejudicar os efeitos anti inflamatórios na imunidade, ao mesmo tempo que inibe a interação entre as células imunológicas e as redes de sinalização (Bae et al., 2019). Isso leva a alterações da função imunológica em níveis teciduais e celulares (Kiecolt-Glaser et al., 2002).
Como parte da ação protetora da resposta ao estresse, uma variedade de neurotransmissores, hormônios e reagentes de fase aguda medeiam a alostase (a resposta corporal dinâmica constante para manter a estabilidade fisiológica). Esta cascata inflamatória é projetada para eliminar patógenos microbianos, induzir a reparação de tecidos e restaurar a homeostase (Rohleder, 2019). No entanto, quando o corpo é desafiado repetidamente, como no caso de estressores ocupacionais diários, os sistemas alostáticos são superestimulados, o que desenvolve uma carga biológica cumulativa (desgaste) no corpo e no cérebro, chamada de carga alostática (Sun et al., 2007). A carga alostática se apresenta em uma variedade de formas negativas, incluindo atrofia do hipocampo, sendo esta estrutura do cérebro um local de patologia estrutural e funcional que está envolvida na maioria das condições de saúde mental (McEwen, 2007). Portanto, estar em um estado crônico de estresse no trabalho pode perturbar o equilíbrio fisiológico dinâmico do corpo, resultando em condições de saúde mental precária (Priyadarshini & Aich, 2012).
Estratégias de recuperação
Nas principais economias globais, o estresse ocupacional aumentou para seis em cada dez funcionários (GOS, 2021). A China relata a maior incidência global de estresse no local de trabalho com 86% (GOS, 2021), com os EUA e o Reino Unido ficando ligeiramente atrás, com 75% (APA, 2021; MHF, 2018). Espera-se que as reduções de estresse melhorem a saúde mental, previnam doenças, reduzam o desperdício organizacional e reduzam os gastos públicos (Wright et al., 2020).
Sawhney et al. (2018) propuseram sete estratégias de recuperação do estresse, são elas: conversas relacionadas ao trabalho, conversas relacionadas ao estresse, tempo pessoal, exercícios, atividades recreativas, relaxamento e experiências para aperfeiçoamento.