O cenário corporativo mudou com a pandemia, o home office e o avanço da tecnologia.

Agora, a inteligência emocional assume o ranking das competências desejadas em um líder de equipe.

O termo, inclusive, foi popularizado pelo psicólogo Daniel Goleman, e expressa a capacidade de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, e de gerir bem essas emoções.

Para Marcel Scalcko, especialista há 25 anos em treinamentos comportamentais e de gestão para alta performance, saber conduzir as suas emoções e a do seu time é uma manobra eficaz para aumentar o engajamento e a produtividade.

 “Ao contrário do que muitos pensam, ter inteligência emocional não é evitar os sentimentos, mas saber usá-los de maneira funcional, a nosso favor. Não estou falando aqui de ser completamente racional. Ter inteligência emocional significa ter presença para identificar, por exemplo, sentimentos como medo, e canalizar isso de maneira positiva. No ambiente corporativo, os seres humanos estão expostos as mais diversas nuances de emoções, então precisamos usar esses sentimentos como combustível para nos movimentarmos na vida e no trabalho, de forma a melhorar nossa performance”, explica o gaúcho, que já orientou mais de 110 mil pessoas com suas metodologias próprias, como o Programa de Gestão para Alta Performance (G.A.P) e as Leis da Vida – uma abordagem de desenvolvimento humano.

Síndrome de Burnout em alta

Não à toa, uma pesquisa recente divulgada na 9ª edição do Índice de Confiança Robert Half, revelou que 49% dos recrutadores acreditam que os profissionais estão mais propensos a sofrer de Síndrome de Burnout – distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. O levantamento divulgado este ano ainda revela que entre as maiores preocupações dos recrutadores estão as altas cargas de trabalho e a pressão para manter resultados.

Segundo o especialista, a inteligência emocional e a principal solução para esse cenário atual: oferecendo equilíbrio e bem-estar aos gestores e colaboradores e engajamento e produtividade às empresas. “Se olharmos pela perspectiva da liderança, usar a inteligência emocional vai proporcionar líderes menos suscetíveis a picos emocionais. Por isso, eles tomarão decisões mais precisas e equilibradas. Do ponto de vista dos colaboradores, teremos pessoas mais aptas a suportar pressões que são naturais no ambiente corporativo, mas sem ter estresses desnecessários. Além disso, ambos poderão desenvolver um melhor recebimento e emissão de feedbacks”, recomenda Scalcko.

 A pandemia, o home office e o avanço da tecnologia também alteraram, de forma significativa, as relações no ambiente corporativo, trazendo à tona mais ansiedade e sentimentos de medo e controle nas equipes. “Na cabeça dos gestores, ficou muito mais difícil controlar os funcionários, no que diz respeito a produtividade. É preciso ter inteligência emocional para desenvolver, por exemplo, a confiança no seu time. Além isso, o home office é muito diferente do trabalho presencial. Nesse sentido, um líder que usa inteligência emocional demanda metas plausíveis, além de identificar e auxiliar o colaborador a entender o porquê dele não estar alcançando o resultado esperado”, explica o especialista em treinamentos comportamentais e de gestão para alta performance.

E MAIS…

Como desenvolver inteligência emocional

Com intuito de ajudar colaboradores, líderes e gestores a desenvolver inteligência emocional no ambiente corporativo, Marcel Scalcko aponta três dicas práticas para aumentar a inteligência emocional dos gestores:

Meditação:

“Essa prática é pouco usada nos ambientes corporativos ocidentais, mas é muito difundida no oriente. Há centenas de artigos que comprovam os benefícios da prática da meditação, para lidar com estresse, por exemplo. A meditação ajuda a manter a presença e lidar com tudo que se manifesta no ser humano tanto a nível de corpo físico, como psíquico”, explica o especialista.

 Terapia:

“Muitos têm a ideia errônea de que a terapia não é bem-vista e pode ser um impeditivo na hora de uma contratação. Eu não só discordo como acho que a cria alicerces sólidos para as pessoas saberem como lidar com as emoções no ambiente de trabalho”, revela Marcel.

 Imersões comportamentais:

“Nessas imersões, as pessoas são treinadas para usarem os sentimentos a seu favor e em prol do bem-estar e da performance da sua equipe. Você tem a visão de um conselheiro dentro de um contexto. É o que também acontece, por exemplo, na terapia, onde um terapeuta auxilia você a enxergar quais os melhores caminhos para decisões mais acertadas”, conta Scalcko.