O Brasil, até bem poucos anos, era um país considerado jovem. Mas está envelhecendo muito mais rapidamente quando comparado com países desenvolvidos que primeiro enriqueceram para depois envelhecerem. Tiveram mais tempo e recursos para se preparem. Se a um país como a França foram necessários 145 anos (a partir de 1845) para dobrar, de 10% para 20%, a proporção de pessoas com mais de 60 anos, o Brasil o fará em menos de 20 anos, entre 2011 e 2030. Já somos a sexta maior população de idosos do mundo, cerca de 30 milhões (14% do total) de pessoas com mais de 60 anos. Em apenas três décadas, os idosos representarão 30% da população brasileira. Como nos preparar para que tal imenso contingente, estimado em 67 milhões de idosos, possa chegar lá de forma ativa e saudável?

Essa é uma das questões em pauta no Simpósio Virtual Latino-Americano de Envelhecimento Ativo e Saudável, a ser realizado pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), com o apoio institucional da MSD, nos dias 19, 20 e 21 de outubro, às 17h. O evento abordará os impactos da chamada Revolução da Longevidade para a sociedade como um todo, assim como para o indivíduo, não apenas no Brasil, mas também no continente, contando com a participação de representantes da OMS/OPAS, do Ministério da Saúde, do Congresso Nacional, instituições acadêmicas brasileiras de ponta, assim como de especialistas do Chile, Uruguai e Peru. Os impactos da Covid-19 também serão abordados.

“Esse simpósio é uma das atividades preparatórias do ILC-BR para a “Década do Envelhecimento Ativo e Saudável”, um plano de ação que a Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de lançar no Dia Internacional das Pessoas Idosas, celebrado em 1º de outubro”, explica o médico-gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR, e ex-diretor do Departamento de Envelhecimento da OMS (1995 a 2008). “Será um laboratório de ideias, vamos aprofundar a discussão sobre as políticas necessárias em resposta a esta Revolução da Longevidade, propondo estratégias viáveis e sustentáveis para que nossas vidas possam ser não só mais longas, mas também mais ricas, ativas e saudáveis”, diz.

Revolução ou Involução da Longevidade ?

“Corremos o risco de fazer a Revolução da Longevidade virar uma Involução da Longevidade”, adverte o médico e gerontólogo Alexandre Kalache.

Nos últimos 15 anos, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 5 anos. Um salto extraordinário, representando o mesmo crescimento ocorrido mundialmente do Império Romano até o início do século XX. O envelhecimento da população é um fenômeno global, mas aqui o cenário é mais complexo. “Ao contrário dos países desenvolvidos, estamos envelhecendo mais rapidamente muito antes de termos nos tornado ricos”, observa Kalache.

“Estamos envelhecendo sem estarmos devidamente preparados, com níveis de desigualdade intoleráveis. Ainda não asseguramos à maioria da população ensino público de qualidade, condições sanitárias apropriadas, infraestrutura urbana, transporte eficiente, segurança pública, renda mínima e ainda precisaremos de recursos para fazer face a este outro desafio iminente: o envelhecimento populacional. Com a pandemia isso tudo ficou muito mais evidente. Se não tivermos políticas públicas adequadas, corremos o risco de fazer a Revolução da Longevidade virar uma Involução da Longevidade”, aponta.

Simpósio Virtual Latino-Americano de Envelhecimento Ativo e Saudável será aberto com uma contextualização do presidente do ILC-BR, às 17h, do dia 19 de outubro. Na sequência, estão programadas duas seções: a primeira sobre a Década do Envelhecimento Saudável e Ativo da OMS – A visão da OMS/OPA, do Ministério da Saúde e da Abrasco; e a segunda abordará a Prevenção – iniciativas pontuais em áreas prioritárias. Ao final haverá uma interação com o público, com perguntas e respostas.

No dia 20 de outubro, sempre às 17h, o evento inicia com uma seção sobre Políticas Públicas Brasileiras – a visão do Legislativo, seguida pela seção Experiências Latino-americanas, que contará com representantes do Brasil, Peru, Colômbia e Uruguai, terminando, como no primeiro dia, com interação com o público.

O terceiro e último dia, 21 de outubro, 17h, começará com uma atualização sobre a Covid-19 no Brasil, trazendo aspectos de saúde, os grupos de risco, as ações da Frente Nacional de Fortalecimento das ILPIs e uma reflexão profunda sobre idadismo “o último grande tabu que a sociedade procura esconder”. Em seguida, uma visão holística da prática geriátrica, terminando com um debate interativo e conclusões finais.

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