As crianças que passam mais tempo brincando de forma aventureira têm menos sintomas de ansiedade e depressão, de acordo com uma nova pesquisa.
O estudo, publicado na revista Child Psychiatry and Human Development, chega em um momento em que as crianças de hoje têm menos oportunidades para brincadeiras aventureiras fora da vista dos adultos, como subir em árvores, andar de bicicleta, pular de superfícies altas ou brincar em algum lugar fora do alcance de seus olhos.
Brincadeira de aventura
O estudo buscou testar teorias de que a brincadeira de aventura oferece oportunidades de aprendizagem que ajudam a construir resiliência em crianças, ajudando assim a prevenir problemas de saúde mental.
A equipe de pesquisa entrevistou cerca de 2.500 pais de crianças de 5 a 11 anos. Os pais responderam a perguntas sobre as brincadeiras de seus filhos, sua saúde mental geral (pré-Covid) e seu humor durante o primeiro bloqueio da Covid-19.
A pesquisa foi realizada com dois grupos de pais: um grupo de 427 pais residentes na Irlanda do Norte e um grupo nacionalmente representativo de 1919 pais residentes na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia).
Efeitos pequenos
Os pesquisadores descobriram que as crianças que passam mais tempo brincando ao ar livre tiveram menos “problemas de internalização” – caracterizados como ansiedade e depressão. Essas crianças também foram mais positivas durante o primeiro bloqueio.
Os efeitos foram relativamente pequenos, como seria de esperar, dada a gama de fatores que afetam a saúde mental das crianças.
No entanto, os resultados foram consistentes mesmo depois que os pesquisadores consideraram uma ampla gama de variáveis demográficas, incluindo sexo da criança, idade, situação de emprego dos pais etc. e saúde mental dos pais. O estudo no grupo da Grã-Bretanha também descobriu que o efeito foi mais pronunciado em crianças de famílias de baixa renda do que aquelas que cresceram em famílias de renda mais alta.
Não requer habilidades
Segundo Helen Dodd, professora de psicologia infantil da Universidade de Exeter, que liderou o estudo, as nossas descobertas destacam que para proteger a saúde mental das crianças é preciso garantir que elas tenham muitas oportunidades para brincadeiras de aventura. “Isso é muito positivo porque a brincadeira é gratuita, instintiva e gratificante para as crianças, disponível para todos e não requer habilidades especiais. Agora precisamos investir e proteger os espaços naturais com urgência, como parques projetados e playgrounds de aventura, para apoiar a saúde mental das crianças.”
Exemplos de atividades de aventura que não custam nada são:
- Caminhar no escuro com uma tocha.
- Explorando a floresta sozinho ou com um amigo.
- Acampar durante a noite.
- Nadar ou remar em um rio ou lago.
- Saltar de um balanço.
- Experimentando novas habilidades em skate, patins ou ciclismo.
- Criando pistas de obstáculos dentro ou fora de casa.