O Tik Tok anunciou, por meio de um comunicado oficial, algumas medidas para limitar o uso do aplicativo por adolescentes. Uma das principais impede que menores de 18 anos usem a rede social por mais de 60 minutos, após atingir o limite, uma senha será requerida para continuar.

Além disso, será adicionada uma espécie de medidor que irá marcar a quantidade de horas que cada usuário passa no aplicativo e listar a quantidade de vezes em que ele foi aberto. Outra medida anunciada foi a suspensão de notificações para usuários entre 13 e 15 anos a partir das 21 horas; já para os jovens entre 16 e 17 anos, o limite será até as 22 horas.

As medidas e o tempo tido como o mais próximo do limite ideal para a faixa etária foram decididos após consulta com especialistas do Laboratório Digital Wellness do Hospital Infantil de Boston e da análise de pesquisas acadêmicas recentes.

Mudanças benéficas

Segundo o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, as mudanças são benéficas para os adolescentes, mas as medidas ainda são bastante limitadas e pouco eficazes. “Aparelhos eletrônicos como um todo, mas em especial as redes sociais, se usadas por um longo período de tempo, podem ser bastante perigosas para o desenvolvimento adequado do cérebro dos adolescentes, pois os deixa em um estado de passividade no qual pouco aprendizado é adquirido e o cérebro não faz os esforços necessários para seu desenvolvimento por meio da neuroplasticidade, o que é fundamental nas idades anteriores aos 18 anos”, explica.

Conforme Agrela, as medidas apresentadas pelo Tik Tok são um início importante, mas ainda não causam impactos relevantes nesse processo, pois a idade é autodeclaratória, o que faz com que seja muito fácil o sistema ser burlado. Já a exibição do tempo de tela pode dar um choque de realidade, pois muitas vezes os usuários perdem a percepção do tempo ao usar esses aplicativos. “No fim, o principal são o esforço individual e o autocontrole para evitar excessos e utilizar a tecnologia de forma inteligente. Para os adolescentes, é fundamental que os pais os conscientizem disso desde cedo”, alerta.

Nocividade ao cérebro

As mudanças vêm após uma série de críticas feitas por pesquisadores aos efeitos nocivos ao cérebro de crianças e adolescentes pela rede social em 2022. Por exemplo, um estudo publicado pela revista científica NeuroImagem identificou que assistir os vídeos recomendados pelo aplicativo gera um excesso de dopamina no cérebro, gerando um efeito de vício.

De acordo com a nota oficial, o Tik Tok afirmou que “adolescentes precisam de apoio extra quando começam a explorar a internet de forma independente”.