Sou psicólogo e estou fazendo especialização em Psicologia Jurídica. Pretendo atuar como psicólogo perito e gostaria de saber dos colegas experientes que já possuem larga prática nessa área qual a principal dificuldade em periciar casos de alienação parental?
Nenhum caso simples chega para a perícia psicológica, todos têm suas dificuldades. Observa-se nas perícias um cenário de invasão do lugar alheio, onde falta entendimento acerca do lugar e do papel que cada um representa na família. A perícia traz à baila muitos sentimentos, por vezes, nunca visitados pelas partes do processo em questão. Embora o judiciário não seja o melhor lugar para se resolver conflito emocional, acaba virando um palco de emoções onde se observa em muitas delas um poderoso vínculo de ódio entre as pessoas que eles próprios não percebem.
A alienação parental pode ser observada pelos peritos treinados, mas não por quem pratica a alienação parental; por se tratar de um fenômeno inconsciente e extremamente adoecedor. Quem pratica alienação parental tem a certeza de estar agindo em nome do amor e proteção à criança e adolescente, mas não está. Pelo contrário! Está fragilizando a vítima. Atravessar essa teia emaranhada de emoção muitas vezes com pessoas que percebem seus atos e não conseguem escutar o outro é um grande desafio. O (a) genitor (a) que pratica a alienação parental acredita em sua verdade e coloca de forma distorcida a criança como foco central. Observar o sofrimento das crianças e adolescentes em meio às disputas entre seus pais, verificar os lugares trocados de cada um, revelar ao juízo de modo palatável ao entendimento, exige do perito muita habilidade emocional e técnica.