A Psicologia considera que o isolamento social deixou as pessoas ainda mais carentes? Venho sentindo uma certa depressão, um desanimo profundo se instalando entre meus amigos e familiares e acredito que tenha relação com a falta de contato social real. Por mais que tentemos amenizar essa sensação com chamadas de vídeo, mensagens virtuais e o tipo de contato possível hoje em dia, o afeto – que já era escasso, está ainda mais restrito e aumenta a sensação de vazio existencial causando esse desanimo devastador. Como a Psicologia avalia essa dinâmica e como podemos sair dela sem grandes consequências emocionais?
A carência ou compulsão afetiva está ligada ao desejo de vincular-se socialmente e pode se apresentar de diversas maneiras.
Com a privação do contato social em decorrência da pandemia, muitas consequências são percebidas. De maneira geral, todos estamos nos sentindo carentes de afeto. Até os que se intitulavam “solitários por opção“, estão reclamando de troca de contato interpessoal.
Os aumentos do consumo de bebida alcóolica, medicamentos ansiolíticos, antidepressivos, entre outros, bem como a aquisição de animais de estimação, são alguns dos reflexos das possíveis estratégias encontradas para minimizar os sintomas dessa carência em descompasso.
Mas é inegável que o tratamento adequado, com profissionais especializados e em equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, terapeuta, nutricionista etc.) é o mais indicado para amenizar esse tipo de sensação, afinal, não sabemos quando essa pandemia passará, e quais sequelas deixará em cada um de nós.
Algumas pessoas sairão da quarentena melhores do que quando entraram; poderão aproveitar o momento para escolher ver a situação pelo ângulo “da metade do copo cheio”; ter disposição interna, criando novas oportunidades (um novo estudo, atividade profissional), novas capacidades (empatia, flexibilidade); novos comportamentos (cozinhar, brincar com os filhos, atividade física), curtindo suas casas e outras atividades que antes não tinham tempo.
Estas são questões importantes para refletir nos momentos que o desanimo tomar conta. Aproveitar o momento para olharmos para nós mesmos, percebermos o que nos incomoda, o que gostamos e como nos comportamos. É um momento de muitas carências emocionais, sim, mas também de reflexões positivas que influenciam mudanças significativas de comportamentos, hábitos e de vida, no modo geral.