A busca cega pela felicidade que vemos hoje encontra muitas coisas, mas encontra a real felicidade?
Segundo Freud, “o programa de tornar-se feliz que o princípio de prazer nos impõe não pode ser realizado; contudo não devemos – na verdade, não podemos – abandonar nossos esforços de aproximá-los da consecução, de uma maneira ou de outra”.
Para a busca pela felicidade, somos fisgados devido a nossa carência de ter uma garantia, de sermos acolhidos, determos o poder das certezas, o falo do controle, o império do saber, o gozo de dominar etc. Fisgamo-nos, tal como o peixe no anzol, ele se pega, o pescador apenas completa e oferta meios, mas é o peixe que se pega.
É delirante crer que a vida é um trem que não sai dos trilhos. Ainda que não possamos ser felizes totalmente e o tempo todo, ainda que cada um fabrique seus sintomas como modos de dizer de sua história descarrilhada, ainda que produzir sonhos não seja suficiente, ainda que, tal como nos vende o capitalismo urbano, a felicidade não possa ser adquirida e ainda que a busca do princípio de prazer não possa ser toda satisfeita, não trata de desistir ou recuar, pelo contrário: inventar-se. Algo neste impossível é possível. Vivemos frente a um não todo possível.