O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, desempenha um papel vital no corpo humano, mas níveis cronicamente elevados estão levantando sérias preocupações entre especialistas de saúde. De acordo com o médico endocrinologista e nutrólogo Rodrigo Neves, a ansiedade, um transtorno mental cada vez mais comum, tem sido apontada como uma das principais causas do aumento dos níveis de cortisol. “O estresse crônico, associado à vida moderna, que inclui preocupações financeiras, pressões profissionais e as demandas constantes das redes sociais, contribui para a elevação do cortisol”, complementa.
Segundo o especialista, os efeitos do cortisol elevado são vastos e prejudiciais. “Pode levar a uma série de problemas de saúde, como distúrbios do sono, ganho de peso, pressão alta e enfraquecimento do sistema imunológico. Além disso, tem sido associado a distúrbios emocionais, incluindo depressão e ansiedade”, relata.
Rodrigo tem pós-graduação em endocrinologia e 12 certificados em nutrologia na Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Além disso, é practitioner e master practitioner em programação neurolinguística (PNL) e membro da A4M (o grupo pioneiro em antienvelhecimento nos Estados Unidos), demonstrando seu compromisso com abordagens inovadoras para o envelhecimento saudável.
Para que serve o cortisol e até que ponto ele é considerado benéfico ao organismo humano? E quando ele se torna prejudicial?
O cortisol, conhecido como hormônio do estresse, desempenha papéis essenciais no organismo humano. Produzido pelas glândulas adrenais em resposta ao hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) liberado pela glândula pituitária, o cortisol regula o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Em situações normais é benéfico, contribuindo para a homeostase do corpo. Ele desempenha funções como a regulação do metabolismo glicídico, a resposta ao estresse agudo e a modulação de processos inflamatórios, graças às suas propriedades anti-inflamatórias.
No entanto, o equilíbrio é fundamental, e altos níveis crônicos de cortisol podem resultar em efeitos prejudiciais. A supressão do sistema imunológico é um desses efeitos, tornando o organismo mais suscetível a infecções. Além disso, o cortisol em excesso está associado a distúrbios metabólicos, como ganho de peso e resistência à insulina, contribuindo para problemas de saúde a longo prazo.
Distúrbios do sono também podem surgir devido aos níveis elevados de cortisol, interferindo nos padrões de sono e impactando a saúde geral. Esses efeitos adversos destacam a importância de manter um equilíbrio na regulação do cortisol. Referências como os estudos de Chrousos (2009), Sapolsky (2000) e Cohen (2012) enfatizam a complexidade do papel do cortisol e a necessidade de compreender seus efeitos para preservar a saúde. A regulação cuidadosa dos níveis de cortisol é crucial para aproveitar seus benefícios sem comprometer o bem-estar a longo prazo.
De que forma as redes sociais podem contribuir para o aumento do cortisol a níveis prejudiciais?
As redes sociais, embora fundamentais para a comunicação global, podem impactar negativamente os níveis de cortisol, levando a efeitos prejudiciais à saúde. A constante exposição a estímulos estressantes, como a pressão por validação social e a comparação constante, pode desencadear respostas fisiológicas, elevando cronicamente os níveis de cortisol.
O estresse social virtual, proveniente das expectativas sociais e da busca por validação nas interações on-line, pode ativar o sistema de resposta ao estresse, contribuindo para o aumento do cortisol. Além disso, experiências negativas, como cyberbullying e comentários depreciativos, têm o potencial de desencadear respostas de estresse, contribuindo para o aumento crônico do cortisol.
O uso excessivo das redes sociais, especialmente antes de dormir, também pode interferir nos padrões de sono, levando a distúrbios do sono que estão associados a alterações nos níveis de cortisol. Estudos, como os de Primack et al. (2017) e Shakya e Christakis (2017), destacam a correlação entre o uso de redes sociais e o impacto na saúde mental, incluindo potenciais efeitos nos níveis de cortisol. Assim, é crucial considerar o equilíbrio no uso das redes sociais para preservar não apenas o bem-estar psicológico, mas também a saúde fisiológica, evitando os efeitos adversos associados ao aumento crônico do cortisol.
De que forma o cortisol elevado contribui para o envelhecimento precoce e não saudável?
Níveis elevados de cortisol estão ligados a processos que contribuem para um envelhecimento precoce e não saudável. O cortisol em excesso pode causar danos às células e ao DNA, acelerando o envelhecimento e favorecendo sinais como rugas e perda de elasticidade na pele. Além disso, a inflamação crônica associada a níveis cronicamente elevados de cortisol contribui para doenças relacionadas ao envelhecimento, como cardiovasculares e diabetes. A supressão do sistema imunológico também é um efeito adverso, tornando o corpo mais suscetível a infecções e comprometendo a capacidade de defesa.
O cortisol em excesso influencia o metabolismo, aumentando o risco de ganho de peso, especialmente na região abdominal, associado a condições como diabetes tipo 2. Estudos, como os de Epel et al. (2006) e Miller et al. (2007), fornecem insights sobre esses impactos, ressaltando a importância de gerenciar o estresse para promover um envelhecimento mais saudável.
Como mitigar os efeitos prejudiciais do cortisol elevado?
É de suma importância identificar e tratar a ansiedade a fim de mitigar os efeitos prejudiciais do cortisol elevado. Estratégias de gerenciamento de estresse, como meditação, exercícios físicos regulares e terapia, são recomendadas para ajudar a controlar a ansiedade e, consequentemente, reduzir os níveis de cortisol. Há necessidade de um enfoque na saúde mental e no bem-estar. À medida que a sociedade avança, a conscientização sobre o impacto do estresse crônico e da ansiedade se torna crucial para evitar uma epidemia de problemas de saúde relacionados ao cortisol. A busca por um equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e autocuidado é fundamental para enfrentar esse desafio crescente.
Crianças também podem ter cortisol elevado? E como prevenir?
Sim, crianças podem ter cortisol elevado em resposta a situações estressantes, como mudanças familiares ou eventos traumáticos. Os ambientes familiar e escolar desempenham um papel crucial nesse contexto, podendo impactar os níveis de cortisol.
Para prevenir ou lidar com isso, crie ambientes de apoio em casa e na escola, promovendo relações positivas; incentive a comunicação aberta para que as crianças expressem seus sentimentos; mantenha rotinas estáveis e previsíveis para proporcionar um senso de segurança; introduza atividades relaxantes, como brincadeiras ao ar livre, leitura ou música.
Estudos como os de Gunnar e Quevedo (2007) e Lupien et al. (2009) destacam a importância de abordagens proativas para lidar com o estresse em crianças e criar ambientes que favoreçam o desenvolvimento saudável.