Embora não seja considerada uma desordem mental no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, a Querofobia foi batizada por muitos especialistas como “a ansiedade do século XXI”.

Esse nome é originado do grego, onde “chero” significa “alegre” e “phobia” significa medo. Mas porque alguém teria medo de ser feliz?

Percebida como uma ameaça

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que não se trata de um sentimento negativo comum, pelo contrário, é realmente uma fobia em si, com efeitos bastantes desproporcionais que, muitas vezes, chegam a ser incontroláveis a ponto de despertar no indivíduo um desejo imenso de fugir e se isolar.

E tudo isso porque, para querofóbico a felicidade passa a ser encarada com desconfiança, pessimismo e até desprezo, diante da certeza que ela traz consigo algo que vai dar muito errado a seguir. Dessa maneira, toda manifestação de alegria é percebida como uma ameaça, um primeiro passo para a infelicidade inevitável, logo adiante.

Vivência traumática

Estudos recentes afirmam que, a Querofobia, geralmente, se manifesta em quem já experimentou, no passado, alguma vivência traumática que continua tendo impacto no momento presente, ou mesmo uma dor depois de um momento alegre. Também pode ser despertada por conflitos da infância ou punições severas após momentos felizes, entre outras situações, que servem de gatilho para essa associação nociva e distorcida entre alegria e dor.

Algumas evidências genéticas também podem provocar o distúrbio. Porém, na maioria das vezes, a Querobofia passa desapercebida, a pessoa não dá conta que sofre com esse problema, pois acha que é normal esse sentimento e não procura ajuda. Ela acredita que exista uma relação de causa-consequência entre seus traumas e evita a qualquer custo aquelas atividades que sabe que provocarão felicidade.

A alegria que amedronta

Fato é que, quem sofre com a Querofobia evita se relacionar ou se expor a situações que possam gerar contentamento, uma vez que a alegria amedronta mais do que gera prazer. Evita, constantemente, reuniões sociais e encontros entre amigos, possuí a crença ilusória de que demonstrar felicidade o torna uma pessoa ruim; acredita que tentar ser feliz é uma perda de tempo; sente a necessidade de manter uma rotina rígida e livre de “distrações”; apresenta sintomas, como: ansiedade, dores de cabeça e estômago, suor frio, insônia constante, distúrbios alimentares e alterações de humor.

Enfim, existe tratamento para a Querofobia, mas o primeiro passo é descobrir a raíz da fobia, com técnicas especificas de manuseio realizados pela psicoterapia.

E MAIS…

Desconstrução e a ressignificação do comportamento

Rompendo a crença de que toda felicidade traz um sofrimento intrínseco, através da compreensão dos padrões mentais e emoções, para que, no devido tempo, a dor seja desassociada dos eventos felizes e das emoções agradáveis.

É possível trabalhar a aceitação de que emoções negativas também fazem parte da vida, sem que sejam sabotadoras do bem-estar e da própria felicidade. Ou seja, a cura do distúrbio exige a desconstrução e a ressignificação do comportamento e das crenças equivocadas, objetivando a extinção do medo de sentir algo positivo ou de tomar decisões que possam mudar o rumo de vida, trabalhando a culpabilidade e o autoconhecimento para atingir o equilíbrio emocional.